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Atlas anatômico fotográfico

Profa. Dra. Karina do Valle Marques
Docente do Curso de Medicina
Departamento de Cirurgia
Anatomia Humana

Elias Pereira Caixeta
João Victor Araujo Marques Nascimento
Ricardo Tannuri Chuffi Salvadeu
Acadêmicos do Curso de Medicina

Uberlândia MG
SUMÁRIO

1.TÓRAX
1.1.Parede do tórax
1.2.Serosas
1.3.Sistema nervoso autônomo

2.CARDIOVASCULAR
2.1.Anatomia do Coração
2.2.Vascularização do Coração
2.3.Inervação do Coração
2.4.Vasos Sistêmicos
2.5.Circulação Fetal

3.RESPIRATÓRIO
3.1.Vias aéreas superiores
3.2.Pulmão
3.3.Vias aéreas inferiores

4.ABDOME
4.1.Parede anterolateral do Abdome
4.2.Organização da Cavidade Abdominal
4.3.Vasos sistêmicos Intra-abdominais

5.SISTEMA DIGESTÓRIO
5.1.Tubo digestório
5.2.Órgãos associados ao tubo digestório

6.SISTEMA URINÁRIO
6.1.Rim
6.2.Ureteres
6.3.Bexiga Urinária

7.PELVE E PERÍNEO
7.1.Conteúdo da Pelve

8.SISTEMA GENITAL MASCULINO
8.1.Bolsa escrotal
8.2.Testículo
8.3.Epidídimo
8.4.Ducto deferente
8.5.Funículo Espermático
8.6.Glândulas seminais
8.7.Próstata
8.8.Glândula Bulbouretral
8.9.Uretra Masculina
8.10.Pênis
8.11.Caminho do espermatozoide e formação do sêmen

9.SISTEMA GENITAL FEMININO
9.1.Glândulas mamárias
9.2.Pelve óssea e períneo feminino
9.3.Trígono urogenital feminino
9.4.Ovários
9.5.Tubas Uterinas
9.6.Útero
9.7.Vagina

10.ATLAS FOTOGRÁFICO
10.1.Cardiorrespiratório
10.2.Abdome e sistema digestório
10.3.Pelve e períneo

TÓRAX
O tórax é formado pela cavidade torácica, pelas estruturas em seu interior e por sua parede, sendo localizado entre o pescoço e o abdome. A caixa torácica possui as seguintes funções: proteger os órgãos internos contra forças externas, permitir a ventilação pulmonar pela formação e resistência a pressões negativas em seu interior e pela sua movimentação promovida pelos músculos respiratórios e funcionar como ponto de inserção e sustentação dos membros superiores, bem como de estruturas (como músculos) pertencentes ao abdome e ao pescoço.
A cavidade torácica abriga o coração, os grandes vasos (como a artéria aorta e a veia cava), os pulmões, as vias aéreas inferiores e o esôfago. Essa cavidade é delimitada lateralmente, anteriormente e posteriormente pela parede do tórax, enquanto possui as aberturas superior (comunica essa cavidade com o pescoço) e inferior (comunica a cavidade torácica com a cavidade abdominal, sendo elas separadas pelo músculo diafragma, que forma o assoalho da cavidade torácica).
A cavidade torácica é dividida em 3 principais espaços: cavidades pulmonares direita e esquerda (onde estão os pulmões) e mediastino (região entre os dois pulmões).
O mediastino é dividido em mediastino superior e inferior, sendo, por sua vez, o mediastino inferior dividido em mediastino anterior, mediastino médio e mediastino posterior. O mediastino superior contém o timo, grandes vasos (como veia cava superior, veias braquiocefálicas e arco da aorta), parte do esôfago torácico e parte da traqueia, além de nervos (como o nervo laríngeo recorrente) e vasos linfáticos. O mediastino anterior (situado entre a parede interna anterior do tórax e o pericárdio) é composto apenas por tecido adiposo, vasos sanguíneos pequenos, nervos e vasos linfáticos, bem como linfonodos. Já o mediastino médio é composto pelo coração e pelo pericárdio, enquanto o mediastino posterior envolve parte do esôfago torácico, a parte torácica da aorta, o ducto torácico e troncos linfáticos, além do sistema ázigo e de linfonodos.

PAREDE DO TÓRAX
INTRODUÇÃO:
A parede do tórax é composta pelo esqueleto dessa estrutura, pelos músculos intercostais, pela pleura e pelos nervos, artérias, veias e vasos linfáticos que fazem interface com essa região.

ESQUELETO:
O esqueleto da parede do tórax é formado por 12 pares de costelas e suas cartilagens costais associadas, 12 vértebras torácicas e seus discos intervertebrais e o esterno.
As costelas são ossos curvos, leves, resistentes e são as principais estruturas que formam o esqueleto dessa parede, sendo responsáveis principalmente pela proteção do conteúdo interno do tórax e como pontos de apoio para músculos, vasos e nervos. Existem 12 pares desses ossos compondo a parede torácica, de maneira que há 12 ossos em cada dimídio do corpo, sendo dispostos simetricamente e numerados, da região superior para inferior de cada lado, de 1 a 12.
Cada costela está ligada com duas vértebras, formando a articulação costovertebral, de maneira que a cabeça da costela se articula com sua vértebra torácica correspondente (de mesmo número), a vértebra torácica superior e o disco intervertebral localizado entre essas vértebras, o que permite a movimentação dessa estrutura, essencial para a movimentação respiratória.
Também, as costelas podem se ligar ou não no esterno, sendo essa conexão, quando presente, sempre feita por meio das cartilagens costais. A partir disso existem 3 tipos de costelas de acordo com sua ligação ao esterno: as costelas verdadeiras (ligam-se diretamente ao esterno por meio de suas próprias cartilagens costais, sendo as costelas de I a VII), as costelas falsas (ligam-se indiretamente ao esterno, já que suas cartilagens costais ligam-se às cartilagens costais das costelas verdadeiras, sendo as costelas de VIII a X) e as costelas flutuantes (não se ligam ao esterno, sendo as costelas XI e XII). Essa ligação das costelas ao esterno por meio das cartilagens confere mobilidade articular entre esses ossos, sendo isso essencial para a respiração.
Entre as costelas, são formados os espaços intercostais, de maneira que existem 11 deles em cada lado, sendo numerados de acordo com a numeração da costela superior a ele. Ademais, logo abaixo da 12ª costela, há o espaço subcostal.
O esterno é um osso plano, alongado e resistente localizado na região mediana da parte anterior do tórax, sendo importante principalmente para a proteção de vísceras no interior da cavidade torácica. Esse osso é dividido em 3 partes: o manúbrio, o corpo e o processo xifoide. O manúbrio esternal é a parte mais superior do esterno e possui formato trapezoide, sendo a parte mais larga e espessa do esterno, possuindo em sua parte superior a incisura jugular (ou fúrcula esternal) e realizando articulação apenas com a primeira costela. O corpo do esterno é a parte intermediária do esterno, sendo mais longo, estreito e fino que o manúbrio, articulando-se com as costelas de 2 a 7. Entre o manúbrio esternal e o corpo do esterno há a sínfise manubrioesternal, uma articulação que forma uma pequena saliência em decorrência da diferença de angulação entre o manúbrio e o corpo do esterno, sendo essa saliência denominada ângulo do esterno ou ângulo de Louis. Logo abaixo do corpo do esterno há o processo (ou apêndice) xifoide, o qual é pequeno, fino e alongado, articulando-se com o corpo esternal por meio da articulação xifoesternal, sendo um importante referencial para o ângulo infraesternal (também conhecido como ângulo subcostal, formado pelo encontro dos rebordos costais direito e esquerdo no esterno).

MÚSCULOS INTERCOSTAIS:
Os músculos intercostais são músculos que ocupam o espaço entre as costelas. Diante disso, existem 3 grupos musculares intercostais: os músculos intercostais externos, os músculos intercostais internos e os músculos intercostais íntimos.
Os músculos intercostais externos estão localizados mais externamente no espaço intercostal, de maneira que suas fibras estão dispostas anteroinferiormente, partindo da borda inferior da costela superior para a borda superior da costela inferior. Em decorrência dessa disposição das fibras, esses músculos geram elevação do gradil costal, o que causa expansão da caixa torácica, atuando promovendo, portanto, a inspiração. Esses músculos são continuados por todo o espaço intercostal anterior e posterior, de maneira que eles se estendem até a parte mais posterior do espaço intercostal, contudo, na parte anterior (próxima ao esterno), esses músculos não se ligam diretamente ao esterno, estando ligados à membrana intercostal externa (presente nesse espaço nessa região), que, por sua vez, se liga ao esterno. Também, esses músculos estabelecem continuidade com o músculo oblíquo externo do abdome.
Os músculos intercostais internos estão localizados também no espaço intercostal, porém profundamente em relação aos músculos intercostais externos. Suas fibras seguem em direção posteroinferior, partindo da borda inferior da costela superior para a borda superior da costela inferior, o que gera retração do gradil costal sob contração muscular, de modo a retrair a caixa torácica, e, portanto, gerar a expiração. Esses músculos se continuam por todo espaço intercostal anterior e posterior, de maneira que eles se ligam ao esterno anteriormente, contudo, na região mais posterior, se ligam à membrana intercostal interna, presente no espaço intercostal nessa região. Ademais, esses músculos estabelecem continuidade com o músculo oblíquo interno do abdome.
Os músculos intercostais íntimos são semelhantes aos músculos intercostais internos, com mesma disposição de fibras (portanto, também atuam predominantemente na expiração), porém localizam-se mais internamente e predominantemente na região lateral do espaço intercostal, sendo separados dos músculos intercostais internos pelos vasos e nervos intercostais.

DIAFRAGMA:
O diafragma é um músculo em formato de cúpula (com a face convexa voltada para a cavidade torácica) que, associado a feixes musculotendíneos, é responsável por auxiliar na respiração, de maneira que, ao esse músculo contrair, ele se torna mais plano e se rebaixa, o que cria uma pressão negativa no interior da cavidade pleural, gerando a inspiração, ao mesmo tempo que, ao ele se relaxar, ele permite que o pulmão se retraia e realize a expiração. Ademais, esse músculo é importante para a separação entre as cavidades torácica e abdominal.
A parte muscular do diafragma se localiza na periferia, com fibras dispostas de forma radial, as quais fixam-se à parede torácica no esterno e nas costelas inferiores, bem como fixa-se, posteriormente, na região lombar, aos ligamentos arqueados lateral e medial e às 3 vértebras lombares superiores.
A região posterior (ou lombar) da parte muscular do diafragma contém os pilares direito e esquerdo do diafragma, os quais são feixes musculotendíneos importantes para a fixação do diafragma, além de formarem orifícios para a comunicação entre as cavidades abdominal e torácica. O pilar direito do diafragma é maior e mais longo e se origina das 3 ou 4 primeiras vértebras lombares, formando, de forma conjunta com o ligamento arqueado mediano (mais inferior e anterior, realizando o fechamento de um orifício), o hiato aórtico, por meio do qual atravessa, da cavidade torácica para a abdominal, a artéria aorta. O pilar esquerdo do diafragma origina-se das 2 ou 3 primeiras vértebras lombares, formando um orifício denominado hiato esofágico, o qual permite a passagem do esôfago da cavidade torácica para a cavidade abdominal.
No centro do diafragma, está localizada uma aponeurose denominada centro tendíneo do diafragma, a qual possui apenas um orifício, o forame da veia cava, por meio do qual a veia cava inferior atravessa da cavidade abdominal para a cavidade torácica.
Quanto à vascularização do diafragma, sua face superior (voltada para a cavidade torácica) é irrigada pelas artérias pericardicofrênica e musculofrênica (originadas das artérias torácicas internas) e pelas artérias frênicas superiores (principais responsáveis pela irrigação, sendo originadas da aorta torácica), sendo sua drenagem feita pelas veias pericardicofrênica e musculofrênica (drenam para as veias torácicas internas). Já a face inferior (voltada para a cavidade abdominal) é irrigada pelas artérias frênicas inferiores (originadas da aorta abdominal) e drenada pelas veias frênicas inferiores, que são tributárias da veia cava inferior.
A inervação do diafragma é realizada pelos nervos frênicos direito e esquerdo (originados em C3 a C5).

VASCULARIZAÇÃO E INERVAÇÃO:
Os nervos, artérias e veias intercostais passam no sulco da costela superior, entre os músculos intercostais internos e íntimos. Essas estruturas são responsáveis por dar suporte vascular e nervoso à parede torácica, sendo elas dispostas, de superior para inferior, na seguinte ordem: veia, artéria e nervo.
Os 11 pares de nervos intercostais (enumerados de 1 a 11 de acordo com o espaço intercostal), estão presentes nos espaços intercostais, estando localizados entre o músculo intercostal interno e o músculo intercostal íntimo, no sulco da costela superior do espaço intercostal (com exceção do 1º e do 2º nervos intercostais, que estão presentes na face posterior das costelas). Também, há os nervos subcostais esquerdo e direito, que estão presentes nos sulcos da 12ª costela.
Esses nervos têm origem na medula espinal, sendo os ramos anteriores dos nervos de T1 a T12, de maneira que os nervos intercostais partem de T1 a T11 (sendo o 1º nervo intercostal originado de T1, o segundo originado de T2, o terceiro originado de T3 e os demais seguindo essa mesma correspondência) e o nervo subcostal é originado em T12.
A vascularização arterial interna da parede torácica é composta principalmente pelas artérias torácicas internas (direita e esquerda) e pelos pares de artérias intercostais anteriores (enumeradas de 1 a 9 de acordo com o seu respectivo espaço intercostal) e posteriores (enumeradas de 1 a 11 de acordo com seu respectivo espaço intercostal), além da artéria subcostal (12ª posterior).
A artéria torácica interna está presente de forma simétrica no tórax (ou seja, uma em cada dimídio), em sua parede anterior, e origina-se da artéria subclávia, possuindo trajeto descendente próximo à linha paraesternal. A partir dessa artéria, ao longo de seu trajeto, são formados seus ramos, os quais incluem as artérias intercostais anteriores (1ª a 6ª), a artéria musculofrênica e a artéria epigástrica superior (formada após a formação da artéria musculofrênica, sendo responsável por irrigar a parede superior do abdome, principalmente a região epigástrica). A artéria musculofrênica, por sua vez, origina a 7ª, a 8ª e a 9ª artérias intercostais anteriores. Essas artérias intercostais anteriores são responsáveis por irrigar os músculos intercostais, a pleura parietal e a parte externa anterior do tórax (como músculo peitoral, pele e mamas).
As artérias intercostais posteriores possuem diferentes origens entre si, de maneira que a 1ª e a 2ª artérias intercostais originam-se da artéria intercostal suprema, a qual é originada do tronco costocervical, ramo da artéria subclávia. Já as artérias intercostais de 3 a 11 originam-se a partir da parte torácica da aorta, sendo também originada dessa artéria a artéria subcostal. Essas artérias possuem como função irrigar os músculos e a pele do dorso, bem como os músculos intercostais, a medula espinal e a coluna vertebral, além da pleura parietal.
Na terminação das artérias intercostais anteriores e posteriores, essas artérias se anastomosam.
A drenagem venosa da parede torácica é feita principalmente pelas veias intercostais, pelas veias subcostais, pelas veias torácicas internas e pelo sistema ázigo.
As veias torácicas internas, assim como as artérias torácicas internas, são simétricas e ascendem próximas à linha paraesternal, mais laterais que as artérias torácicas internas. Elas realizam a drenagem direta (de 1ª a 6ª veias intercostais anteriores) e indireta (veias intercostais anteriores de 7 a 9 drenam para a veia musculofrênica, a qual drena para a veia torácica interna correspondente) das 9 veias intercostais anteriores, as quais, por sua vez, drenam o território irrigado pelas artérias intercostais anteriores. As veias torácicas internas direita e esquerda drenam para a veia braquiocefálica ipsilateral.
As veias intercostais posteriores drenam as mesmas estruturas que as artérias intercostais posteriores irrigam, porém, dependendo do dimídio de da numeração, cada veia intercostal posterior drena para determinadas veias do sistema ázigo, com exceção das 1ªs veias intercostais, que drenam diretamente para as respectivas veias braquiocefálicas ipsilaterais, e das veias intercostais posteriores 2 e 3, que drenam para a veia intercostal superior esquerda, a qual, por sua vez, drena para a veia braquiocefálica esquerda.
O sistema ázigo é composto pela veia ázigo (localizada na parede torácica posterior direita) e pelas veias hemiázigo e hemiázigo acessória (localizadas na parede torácica posterior esquerda), as quais caminham, em seus respectivos lados, próximas à coluna vertebral. Diante disso, a veia ázigo possui como tributárias a veia lombar ascendente direita (mais inferior, proveniente da região lombar), a veia subcostal direita, as veias intercostais posteriores direitas de 4 a 11 e a veia intercostal superior direita (realiza a drenagem da 2ª e da 3ª veias intercostais posteriores direitas) e drena, por meio do arco da veia ázigo, para a veia cava superior. Já a veia hemiázigo (mais inferior) possui como tributárias as veias intercostais posteriores esquerdas de 9 a 11, a veia subcostal esquerda e a veia lombar ascendente, enquanto a veia hemiázigo acessória (mais superior) possui como o tributárias as veias intercostais posteriores esquerdas de 4 a 8, sendo que tanto a veia hemiázigo quanto a veia hemiázigo acessória drenam para a veia ázigo, separadamente.
Esse sistema pode apresentar variações anatômicas comuns, como a drenagem da 4ª veia intercostal posterior para sua veia subcostal ipsilateral, bem como anastomose entre as veias hemiázigo e hemiázigo acessória antes de sua drenagem para a veia ázigo, ou até mesmo realizando essa anastomose e sequer drenando para a veia ázigo, além de, possivelmente, a 8ª veia intercostal posterior direita drenar para a veia hemiázigo.
As veias intercostais anteriores e posteriores se anastomosam em sua origem.

SEROSAS
PLEURA:

Cada pulmão é revestido e envolvido por um saco pleural, compostos por duas membranas serosas contínuas: a pleura visceral (aderida ao pulmão) e a pleura parietal (aderida internamente à caixa torácica). Entre essas duas pleuras, é formado um espaço virtual denominado cavidade pleural, no qual está presente uma ínfima quantidade de líquido pleural seroso, o qual possui a função de evitar o atrito entre as pleuras e promover uma adesão entre essas membranas pela tensão superficial do líquido, de modo a gerar a expansão pulmonar em função da expansão da caixa torácica. A continuidade entre as pleuras é dada no hilo pulmonar (presente na raiz do pulmão, local de entrada e saída de vasos e vias aéreas do pulmão) numa estrutura denominada bainha pleural, de maneira que a pleura visceral, a qual recobre toda a superfície do pulmão, continua-se, nessa região, com a pleura parietal.
A pleura parietal é mais espessa que a visceral e reveste toda a cavidade pulmonar, de maneira que ela apresenta uma grande subdivisão em 3 partes: a parte costal, a parte mediastinal e a parte diafragmática. A parte costal reveste toda a face interna da parede torácica, tanto na parte anterior quanto na parte posterior, estando separada das estruturas da parede do tórax pela fáscia endotorácica (tecido conjuntivo frouxo, a qual permite o acesso de estruturas da parede do tórax sem que haja danos à pleura em acessos cirúrgicos). Já a parte mediastinal recobre todas as estruturas (como traqueia e artérias pulmonares) presentes no mediastino lateralmente ao pulmão, sendo essa parte a presente na raiz pulmonar e estando em continuidade com a pleura visceral. Enquanto isso, a parte diafragmática reveste todo o diafragma (com exceção dos locais de inserção desse músculo e do local de contato entre o diafragma e o pericárdio). Na parte superior do tórax, a pleura parietal forma a cúpula da pleura, a qual é uma estrutura que forma uma cúpula 2 a 3 cm acima do terço medial da clavícula, na altura do colo da primeira costela, de maneira que ela é reforçada pela membrana suprapleural, uma extensão da fáscia endotorácica, a qual fixa a pleura à margem interna da primeira costela e ao processo transverso da vértebra C7.
Além disso, entre a pleura visceral e a pleura parietal do mediastino, logo abaixo do hilo pulmonar, há o ligamento pulmonar, o qual é uma estrutura composta por duas pleuras interpostas e aderidas por uma camada de tecido conjuntivo, o que prende o pulmão ao mediastino e confere sustentação a ele.

PERICÁRDIO:
O pericárdio é uma estrutura fibrosserosa que recobre o coração e a raiz dos grandes vasos desse órgão, sendo dividido em 2 partes: o pericárdio fibroso e o pericárdio seroso.
O pericárdio fibroso é uma estrutura de tecido conjuntivo fibroso que é contínua com a túnica adventícia dos grandes vasos e é responsável por fixar o coração em sua posição, bem como conferir proteção a ele e impedir o superenchimento súbito das câmaras cardíacas (já que é pouco flexível). Essa fixação é dada anteriormente por meio dos ligamentos esternopericárdicos (liga o pericárdio ao esterno), posteriormente por meio de tecido conjuntivo (liga o pericárdio às estruturas do mediastino posterior) e inferiormente pelo ligamento pericardicofrênico (uma estrutura fibrosa que estabelece continuidade entre o pericárdio fibroso e o centro tendíneo do diafragma).
O pericárdio seroso consiste em um tecido mesotelial semelhante à pleura, sendo composto por duas lâminas: a lâmina visceral (aderida ao coração, também denominada epicárdio) e a lâmina parietal (aderida ao pericárdio fibroso). Entre essas lâminas, é formado um espaço virtual com quantidade mínima de líquido seroso, sendo a função dessas estruturas, portanto, minimizar o atrito entre o coração e o pericárdio fibroso, permitindo, assim, que o coração se contraia com menor resistência. Ambas essas lâminas do pericárdio seroso estabelecem continuidade nos locais onde os grandes vasos estabelecem conexão com o coração. Nesse processo de continuidade entre as lâminas do pericárdio seroso, entre as entradas das veias pulmonares direita e esquerda superiores, é formada uma linha de continuidade das lâminas parietal e visceral, o que ocasiona a formação de dois seios pericárdicos na região posterior do saco pericárdico: o seio oblíquo (entre a entrada das veias pulmonares) e o seio transverso (entre a linha de continuidade e as raízes da aorta e do tronco pulmonar).
Quanto à vascularização e inervação do pericárdio, o pericárdio fibroso e a lâmina parietal do pericárdio seroso são irrigados pela artéria pericardicofrênica (originada da artéria torácica interna), drenados pelas veias pericardicofrênicas (tributárias das veias braquiocefálicas e torácicas internas) e inervado pelo nervo frênico. Já a lâmina visceral do pericárdio seroso é irrigada pelas artérias coronárias, drenada pelas veias coronárias e inervada pelo plexo cardíaco.

SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO

Dentre os nervos do sistema nervoso autônomo da cavidade torácica, os principais são o nervo vago e o nervo frênico.
Os nervos vagos direito e esquerdo, originados na região anterior do bulbo, saem do crânio e descendem pelo pescoço posterolateralmente às artérias carótidas comuns e entram na cavidade torácica posteriormente à articulação esternoclavicular. O nervo vago direito, ao entrar no tórax, passa anteriormente à artéria subclávia direita, onde origina o nervo laríngeo recorrente direito, o qual realiza uma curva pela margem inferior da artéria subclávia direita e ascende entre a traqueia e o esôfago para inervar a laringe, enquanto o nervo vago direito continua seu trajeto descendente, pela região posterior do mediastino superior, posterior ao hilo pulmonar direito, e no mediastino posterior. Já o nervo vago esquerdo descende, ao entrar no tórax, entre as artérias carótida comum esquerda e subclávia esquerda, passando anteriormente ao arco da aorta, onde ele emite o nervo laríngeo recorrente esquerdo, o qual se encurva ao redor da margem inferior da aorta, e ascende por trás desse arco, passando entre o esôfago e a traqueia, para inervar a laringe, enquanto o nervo vago esquerdo continua descendente posteriormente ao hilo pulmonar esquerdo, passando pelo mediastino posterior. Os nervos vagos são responsáveis por inervar o plexo pulmonar do pulmão ipsilateral ao nervo, o plexo esofágico e parte do plexo cardíaco.
Os nervos frênicos direito e esquerdo são originados à altura do segmento medular C4 (e uma pequena parte pelos segmentos C3 e C5), sendo esses nervos responsáveis por inervar o diafragma, o pericárdio fibroso e a parte mediastinal da pleura parietal. O nervo frênico direito segue lateralmente em relação às veias braquiocefálica direita e cava superior, estando em contato com a margem direita do pericárdio fibroso, sendo anterior em relação ao hilo pulmonar direito, até chegar ao diafragma. Já o nervo frênico esquerdo descende entre as artérias subclávia esquerda e carótida comum esquerda, sendo mais anterior e lateral em relação ao nervo vago esquerdo, de maneira que o nervo frênico esquerdo continua seu trajeto anteriormente ao hilo pulmonar esquerdo, pela margem esquerda do coração, até atingir o diafragma. Os nervos frênicos direito e esquerdo, portanto, são mais anteriores e laterais que os nervos vagos dos respectivos dimídios.

CARDIOVASCULAR
ANATOMIA DO CORAÇÃO

INTRODUÇÃO:
O coração é um órgão localizado no mediastino médio e possui a função de bombear o sangue tanto para a circulação sistêmica, quanto para a circulação pulmonar. Para realizar esse trabalho, o coração apresenta 4 câmaras: átrio direito, ventrículo direito, átrio esquerdo e ventrículo esquerdo.
Esse órgão apresenta aproximadamente o tamanho de um punho fechado e um formato aproximadamente trapezoidal ou piramidal. Nesse contexto, ele apresenta um ápice (porção mais afinada, voltada anterolateralmente para a esquerda, aproximadamente na altura do 5º espaço intercostal esquerdo), uma base (voltada posterosuperiormente, onde fixam-se os grandes vasos), quatro faces (anterior, inferior, pulmonar direita e pulmonar esquerda) e quatro margens (superior, inferior, esquerda e direita).
A face anterior do coração é ocupada majoritariamente pelo ventrículo direito e está em contato com a parede torácica anterior. Já a face inferior do coração está apoiada sobre o diafragma, sendo formada principalmente pelo ventrículo esquerdo, e, em pequena parte, pelo ventrículo direito. Enquanto isso, as faces pulmonares esquerda (formada principalmente pelo ventrículo esquerdo) e direita (formada principalmente pelo átrio direito) estão voltadas para os respectivos pulmões.
A margem superior é formada pelos átrios e aurículas direitos e esquerdos, bem como pela base do coração, de maneira que a aorta e o tronco pulmonar emergem dessa face. Enquanto isso, a margem inferior é formada principalmente pelo ventrículo direito e parcialmente pelo ventrículo esquerdo, sendo praticamente horizontal. Ademais, a margem esquerda é oblíqua e formada principalmente pelo ventrículo esquerdo, e, em pequena parte, pela aurícula esquerda. Já a margem direita do coração é formada pelo ventrículo direito e estende-se entre as veias cava superior e cava inferior, possuindo orientação aproximadamente vertical.
A parede externa do coração é dividida em 3 camadas, sendo elas, do interior para o exterior, o endocárdio (fina camada de revestimento interno das câmaras cardíacas), o miocárdio (contém o músculo cardíaco, sendo a camada mais espessa) e a lâmina visceral do pericárdio seroso.
As fibras musculares cardíacas estão fixas e apoiadas no esqueleto fibroso do coração, uma estrutura composta de tecido fibroso presente na base do coração. Esse esqueleto fibroso possui 4 anéis fibrosos (cada um deles circundando o óstio de cada valva cardíaca, sendo responsável por estruturar esses óstios e apoiar as valvas) e dois trígonos fibrosos, um direito e outro esquerdo, os quais são conexões de tecido fibroso entre os aneis, estruturando-os.
Ademais, em relação à anatomia da superfície do coração, o sulco coronário demarca a separação entre os átrios e os ventrículos, enquanto os sulcos interventriculares anterior e posterior demarcam a separação entre os ventrículos direito e esquerdo do coração.
No interior do coração, separando as câmaras cardíacas, há as valvas atrioventriculares (separam os átrios de seus respectivos ventrículos ipsilaterais), o septo interatrial (separa os dois átrios) e o septo interventricular (separa os dois ventrículos). O septo interventricular é composto por duas partes: a parte muscular do septo interventricular (mais inferior e espessa, composta principalmente de músculo cardíaco) e a parte membranácea do septo interventricular (ocupa uma pequena parte mais superior do septo interventricular, sendo uma parede fina composta por tecido fibroso). Também, separando os átrios, há o septo interatrial, o qual apresenta a fossa oval, uma estrutura resultante do fechamento do forame oval da circulação fetal.

CÂMARAS CARDÍACAS:
O átrio direito é responsável por admitir o sangue venoso proveniente das veias cava superior e cava inferior e do seio coronário. Em seu interior, sua parede posterior é lisa e é o local onde se abrem as veias que drenam para essa câmara, enquanto sua parede anterior é rugosa, composta pelos músculos pectíneos, sendo essas diferentes texturas da parede separadas pela crista terminal (externamente observada como sulco terminal). Essa câmara, ao admitir o sangue da circulação sistêmica, envia esse sangue para o ventrículo direito por meio do óstio atrioventricular direito, onde está a valva tricúspide. Ademais, anexa a essa câmara, há a aurícula direita, uma bolsa muscular que permite o aumento do volume interno do átrio direito sob necessidade de admissão de maior volume sanguíneo.
O ventrículo direito recebe o sangue do átrio direito por meio do óstio atrioventricular direito e é responsável por enviá-lo ao tronco pulmonar para que seja feita a circulação pulmonar. Nesse contexto, o sangue sai do ventrículo direito por meio de uma região superior da câmara que se afila, o cone arterial, o qual possui, em seu ponto mais superior, o óstio do tronco pulmonar, sendo esse cone de superfície lisa. Já na grande parte da cavidade do ventrículo direito, nas paredes inferior, laterais, anterior e posterior, a superfície interna é rugosa em decorrência das trabéculas cárneas (elevações musculares irregulares), sendo essa superfície rugosa separada do cone arterial pela crista supraventricular. Ademais, no ventrículo direito, entre a parte muscular do septo interventricular e a parede inferior do ventrículo direito, há a trabécula septomarginal, um feixe muscular também denominado banda moderadora, já que apresenta, em seu interior, o ramo direito do feixe de His, sendo essencial para o sistema de condução do coração.
No óstio atrioventricular direito, há a valva tricúspide (ou atrioventricular direita), um folheto fibroso tripartido (ou seja, com 3 válvulas) que fixa-se ao esqueleto fibroso do coração, sendo responsável por impedir, por meio de seu fechamento, o refluxo sanguíneo do ventrículo direito para o átrio direito na sístole. Então, para desempenho desse papel, cada válvula dessa valva está ligada a cordas tendíneas, as quais por sua vez, ligam cada válvula aos seus respectivos músculos papilares (portanto existem 3 desses músculos: papilar anterior, papilar posterior e papilar septal). Os músculos papilares são pequenas projeções musculares que podem ser visualizadas na parede do ventrículo direito, de maneira que, ao ocorrer contração do ventrículo na sístole, esses músculos também se contraem, o que traciona as cordas tendíneas e impede que a valva tricúspide se abra para o átrio direito para a passagem do sangue do ventrículo direito, impedindo, dessa forma, o refluxo de sangue.
No óstio do tronco pulmonar há a valva pulmonar, uma valva tricúspide (com 3 folhetos separados) fixada ao esqueleto fibroso do coração, responsável por impedir o refluxo de sangue do tronco pulmonar para o ventrículo direito durante a diástole. Nessa valva, cada válvula possui formato de concha (com a face convexa voltada para o ventrículo), de maneira que, ao ocorrer a diástole do ventrículo direito, na qual a pressão do sangue dentro do ventrículo é menor que a do sangue do tronco pulmonar, a própria diferença de pressão que impulsionaria o sangue do tronco pulmonar para o ventrículo direito gera uma força sobre as válvulas (principalmente decorrente de seu formato de concha), o que causa o fechamento da valva e impede o refluxo de sangue.
O átrio esquerdo recebe o sangue proveniente das veias pulmonares por meio dos 4 óstios das veias pulmonares. Semelhantemente ao átrio direito, o átrio esquerdo possui a fossa oval no septo interatrial, sendo essa superfície do septo e a grande parte da superfície do átrio direito lisa, com exceção da aurícula esquerda, onde há uma superfície rugosa composta pelos músculos pectíneos. O átrio esquerdo, ao receber o sangue oxigenado das veias pulmonares, possui a função de enviar esse sangue por meio do óstio atrioventricular esquerdo para o ventrículo esquerdo.
O ventrículo esquerdo possui paredes mais espessas que a do ventrículo direito e é responsável por admitir o sangue proveniente do átrio esquerdo e enviá-lo para a circulação sistêmica por meio da artéria aorta. No interior dessa câmara, a parte mais anterosuperior é de superfície lisa e forma um cone denominado vestíbulo da aorta, o qual, em sua extremidade mais superior, apresenta o óstio da aorta. Já as paredes inferior, laterais, anterior e posterior são cobertas pelas trabéculas cárneas, mais finas e numerosas que as do ventrículo direito.
No óstio atrioventricular esquerdo há a valva mitral (ou atrioventricular esquerda), uma estrutura composta por dois folhetos (ou seja, bicúspide, com duas válvulas) fixada ao esqueleto fibroso do coração, responsável por impedir o refluxo de sangue do ventrículo esquerdo para o átrio esquerdo. De forma semelhante à valva tricúspide, as válvulas da valva mitral são ligadas a cordas tendíneas, as quais ligam as válvulas aos seus respectivos músculos papilares (sendo eles apenas dois: músculo papilar anterior e músculo papilar posterior), de maneira que seu mecanismo de funcionamento é idêntico ao da valva tricúspide.
No óstio da aorta há a valva aórtica, a qual está fixada ao esqueleto fibroso do coração. Essa valva é semelhante à valva pulmonar, ou seja, é tricúspide e apresenta as válvulas em formato semilunar/de concha com a face convexa voltada ao ventrículo, sendo responsável por impedir o refluxo de sangue da artéria aorta para o ventrículo esquerdo pelo mesmo mecanismo da valva pulmonar.
Logo acima das valvas pulmonar e aórtica, há, respectivamente, os seios do tronco pulmonar e da aorta, de maneira que nesses locais, durante a diástole, há acúmulo de sangue. A partir disso, esse acúmulo de sangue no seio da aorta é essencial para a irrigação das artérias coronárias.

VASCULARIZAÇÃO DO CORAÇÃO
IRRIGAÇÃO ARTERIAL:

A irrigação arterial do coração é feita a partir de duas principais artérias, as quais darão origem a todos os ramos de irrigação das artérias coronárias. Essas artérias são as artérias coronárias esquerda e direita. Ambas essas artérias são os primeiros ramos da artéria aorta, de maneira que elas se originam de óstios presentes no seio da aorta ascendente.
Essas artérias são as únicas artérias que têm seu enchimento durante a diástole cardíaca. Isso ocorre porque, como os óstios dessas artérias estão presentes no seio da aorta ascendente, ao ocorrer a sístole, há um grande fluxo de sangue pelo lúmen da aorta, fluxo o qual não ocorre de forma ativa no seio da aorta, de maneira que o sangue que lá estava permanece praticamente parado. Contudo, ao ocorrer a diástole, o refluxo de sangue pela diferença de pressão entre a base da aorta e o ventrículo esquerdo promove uma movimentação e um aumento da pressão do sangue presente no seio da aorta, de maneira que isso promove um bombeamento de sangue para as coronárias durante a diástole.
A artéria coronária esquerda é um ramo da aorta que se origina no lado esquerdo do seio da aorta, de maneira que seu trajeto é dado entre o tronco pulmonar e a aurícula, no sulco coronário. Essa artéria ramifica-se no ramo circunflexo e no ramo interventricular anterior. Além disso, por uma variação anatômica, cerca de 40% da população tem seu ramo do nó sinoatrial originado do ramo circunflexo, de maneira que, nesse caso, esse ramo sinoatrial ascende na parte superior do átrio esquerdo e direciona-se para o nó sinoatrial.
O ramo interventricular anterior segue no sulco interventricular anterior do coração até o ápice do coração, de maneira que essa artéria faz a volta na margem inferior do coração e anastomosa-se com o ramo interventricular posterior. Esse ramo é responsável por suprir a irrigação das regiões ventriculares adjacentes ao sulco interventricular anterior, bem como, por meio dos ramos interventriculares septais dessa artéria interventricular anterior, esse ramo irriga os 2/3 anteriores do septo interventricular e os feixes de His. Ademais, em muitas pessoas, esse ramo dá origem ao ramo lateral (ou artéria diagonal), responsável por irrigar parte da região anterior do ventrículo esquerdo.
O ramo circunflexo possui esse nome porque ele contorna a margem esquerda do coração até sua face posterior, seguindo o trajeto do sulco coronário (atrioventricular esquerdo). Essa artéria dá origem ao ramo marginal, artéria que percorre a margem esquerda do coração e é responsável por suprir o ventrículo esquerdo em sua porção marginal esquerda. O ramo circunflexo, na grande maioria das pessoas, percorre o sulco coronário e nele termina antes de atingir o sulco interventricular posterior, entretanto, em cerca de 1/3 das pessoas, essa artéria dá origem ao ramo interventricular posterior.
A artéria coronária esquerda, portanto, tem a função de irrigar essas estruturas: O átrio esquerdo, a maior parte do ventrículo esquerdo, parte do ventrículo direito, a maior parte do SIV (geralmente seus dois terços anteriores, inclusive o feixe AV do complexo estimulante do coração através de seus ramos IV septais perfurantes) e o nó SA (em cerca de 40% das pessoas).
A artéria coronária direita origina-se do lado direito do seio aórtico. Essa artéria percorre o trajeto do sulco coronário em direção à margem direita do coração, de maneira que ela contorna a margem direita do coração (local no qual ela emite o ramo marginal direito) e continua na parte posterior do coração até atingir a cruz do coração, local no qual ela dá origem ao ramo interventricular posterior e ao ramo do nó atrioventricular (responsável por irrigar essa estrutura). Também, essa artéria, na proximidade de sua origem, gera o ramo do nó sinoatrial, um ramo ascendente que se direciona ao nó sinoatrial para irrigá-lo.
O ramo marginal direito é um ramo que transita por toda a margem direita do coração em sentido descendente até o ápice do coração, porém sem alcançá-lo, sendo responsável por irrigar essa região do ventrículo direito.
O ramo interventricular posterior é um ramo descendente que transita no sulco interventricular posterior, de maneira que, ao atingir a margem inferior do coração, anastomosa-se com o ramo interventricular anterior. Essa artéria é responsável por irrigar as regiões ventriculares nas adjacências desse sulco e por emitir ramos septais, os quais irrigam o terço posterior do septo atrioventricular.
A artéria coronária direita, portanto, supre a irrigação das seguintes estruturas: O átrio direito, a maior parte do ventrículo direito, parte do ventrículo esquerdo (a face diafragmática), parte do septo IV (geralmente o terço posterior), o nó SA (em cerca de 60% das pessoas) e o nó AV (em cerca de 80% das pessoas).
Existem diversas variações anatômicas nas artérias coronárias. Dentre essas variações, são estabelecidos dois principais padrões: o padrão dominante direito (padrão no qual o ramo interventricular posterior é originado da artéria coronária direita, fazendo com que haja suprimento sanguíneo compartilhado igualmente entre as duas coronárias) e o padrão dominante esquerdo (padrão no qual o ramo interventricular posterior é originado da artéria coronária esquerda, fazendo com que a artéria coronária esquerda realize um maior suprimento sanguíneo do coração). Ademais, há a presença de codominância, a qual ambas as artérias coronárias emitem um ramo interventricular posterior.
Os ramos das artérias coronárias são considerados artérias terminais funcionais, uma vez que elas são artérias que não têm anastomoses suficientes com outros grandes ramos para manter a viabilidade do tecido do miocárdio em caso de oclusão. Entretanto, em algumas pessoas, pode ocorrer a circulação colateral coronariana, a qual consiste em anastomoses das artérias coronárias com artérias torácicas, bem como a anastomose entre ambas as coronárias e entre os ramos interventriculares anteriores e posteriores, o que permite uma capacidade de compensação parcial do fluxo sanguíneo sob oclusão de ramos dessas artérias.

DRENAGEM VENOSA:
A drenagem venosa do coração vai ser realizada por meio de veias e seus ramos que drenam diretamente para o átrio direito do coração. A principal veia de drenagem cardíaca é o seio coronário. Essa veia é um canal venoso largo originado da fusão entre as veias cardíaca magna e oblíqua do átrio esquerdo (drena o átrio esquerdo) que segue pela parte direita e posterior do sulco coronário até atingir o ventrículo direito, local onde ela vai desembocar com o sangue drenado do miocárdio. O seio coronário tem como tributárias 3 principais veias, a veia cardíaca magna, a veia cardíaca parva e a veia interventricular posterior.
A veia cardíaca magna é composta de duas partes. A primeira parte é a veia interventricular anterior (mais distal), que se origina na proximidade do ápice do coração e ascende pelo sulco interventricular anterior, até atingir o sulco coronário, local no qual ela segue em direção à margem esquerda do coração, de modo a dar origem à segunda parte, a qual contorna a margem esquerda e segue o sulco coronário até atingir o seio coronário. A veia cardíaca magna, portanto, drena a grande maioria do suprimento sanguíneo da artéria coronária esquerda
A veia interventricular posterior origina-se próxima ao ápice do coração e segue pelo sulco interventricular posterior, de modo a ascender até o seio coronário.
A veia cardíaca parva origina-se na margem direita do coração e ascende, de maneira que, na altura do sulco coronário, ela dirige-se à margem direita do coração e contorna-a até atingir o seio coronário. Essa veia, juntamente com a veia interventricular posterior, drena a grande maioria do suprimento sanguíneo da artéria coronária direita.
Algumas veias cardíacas não drenam para o seio coronário. Pequenas veias anteriores do ventrículo direito drenam diretamente para o átrio direito na região anterior dessa câmara, entretanto, em alguns casos, elas drenam para a veia cardíaca parva. As veias cardíacas mínimas são pequenas veias que são originadas nos leitos capilares do miocárdio e transitam por dentro do músculo cardíaco desembocando diretamente nas câmaras cardíacas de sua proximidade, de maneira que, por elas serem avalvulares, elas permitem a condução de sangue das câmaras cardíacas diretamente para o miocárdio, porém em quantidades muito pequenas.

INERVAÇÃO DO CORAÇÃO
COMPLEXO ESTIMULANTE DO CORAÇÃO:

O coração possui um complexo estimulante autônomo, o qual é autossuficiente na geração de estímulos nervosos, os quais possuem a função de promover a contração cardíaca ritmada, já que, para que o coração bombeie adequadamente o sangue, é necessário que haja uma ordenação da contração das câmaras cardíacas, bem como seja mantido um ritmo cardíaco para tornar o fluxo sanguíneo constante. Esse complexo é formado pelas seguintes estruturas: nó sinoatrial, via intermodal, nó atrioventricular, feixe de His, ramos do feixe de His e fibras de Purkinje.
O nó sinoatrial é uma estrutura localizada na região anterior do coração, logo abaixo da aurícula na região subepicárdica do átrio, próxima ao sulco terminal e composta por tecido nodal, um tecido formado por cardiomiócitos modificados capazes de se autoexcitarem de forma ritmada, de maneira que essa estrutura forma o marca-passo cardíaco. Essa autoexcitação é possível por meio do seguinte ciclo: em potencial de repouso, os canais de sódio estão fechados, contudo, há um lento vazamento do sódio extracelular para o interior da célula, o que vai promover um leve aumento constante do potencial de membrana, de maneira que é gerado progressivamente um potencial local nessas células. Esse potencial local, ao atingir -40mV, promove a formação de um potencial de ação pela abertura de canais de cálcio e posteriormente de sódio para o influxo desses íons na célula, de modo a gerar uma despolarização nessa fibra. Após isso, são abertos os canais de potássio regulados por voltagem, de modo a promover um alto efluxo de potássio da fibra e retorná-la ao potencial de repouso, concluindo o ciclo de autoexcitação.
A despolarização das células do nó sinoatrial gera a despolarização de células musculares cardíacas adjacentes, as quais, por sua vez, pela presença de junções comunicantes intercelulares, promovem a condução do impulso pelo fluxo iônico, de maneira que algumas células cardíacas que possuem uma maior velocidade de condução do impulso elétrico (em decorrência da presença de um maior número de junções comunicantes) vão formar as vias de condução internodais e interatriais, num mecanismo de condução do estímulo elétrico dito condução miogênica.
O nó atrioventricular é uma estrutura também composta por tecido nodal, porém com uma autoexcitação descompassada. Diante disso, esse nó vai receber os estímulos provenientes das vias de condução intermodais e será regulado pelo nó sinoatrial, de modo a ter a despolarização de suas células regulada. Além disso, esse nó apresenta a função de promover um retardo na velocidade de condução do impulso elétrico entre o nó sinoatrial e os ventrículos, uma vez que, para que o coração contraia de forma ordenada, é necessário que os ventrículos contraiam posteriormente aos átrios. Então, por meio de um potencial de repouso menos negativo e uma menor quantidade de junções comunicantes entre as vias de condução internodais e o tecido nodal do nó atrioventricular, é mais demorada a despolarização do nó atrioventricular se comparada à das células cardíacas do feixe intermodal, de modo a retardar o fluxo do impulso.
O esqueleto fibroso do coração, além de conferir sustentação a esse órgão, atua como um isolante elétrico, de maneira que ele impede que haja condução elétrica do átrio para o ventrículo do coração, o que é importante para que haja a contração ordenada do coração. Diante disso, nesse esqueleto, há uma pequena abertura, a qual permite a passagem do feixe de His proveniente do nó atrioventricular.
A partir do nó atrioventricular, no septo interventricular, é formado o feixe de His, o qual, após atravessar o esqueleto fibroso, divide-se nos feixes de His esquerdo e direito, os quais estão na região subendocárdica. A partir desses respectivos feixes, no final do septo, surgem as fibras de Purkinje (compostas de células de Purkinje), as quais promovem a condução do impulso elétrico pelo miocárdio lateral do ventrículo, e, com isso, é promovida a contração ventricular.
Bloqueios de vias de condução desse sistema geram uma contração desordenada do coração, de modo a prejudicar o fluxo de ejeção cardíaco.

INERVAÇÃO DO CORAÇÃO PELO SNA:
O sistema nervoso autônomo (SNA) não atua diretamente sobre as fibras do miocárdio, já que apenas o complexo estimulante do coração age sobre essas fibras. Contudo, o SNA pode agir sobre o nó sinoatrial por meio do plexo cardíaco, de modo a regular a frequência cardíaca a partir disso.
O plexo cardíaco é composto por fibras do sistema nervoso simpático e parassimpático, sendo elas eferentes viscerais (regulam o funcionamento do coração) e aferentes viscerais (recebem estímulos de reflexos e de nocicepção e enviam para o encéfalo, com o intuito de regular o organismo).
A fibras eferentes pré-ganglionares do sistema nervoso simpático são originadas do corno lateral da medula torácica, nos segmentos de T1 a T6, fibras as quais penetram no tronco simpático e fazem sinapse com os gânglios cervicais e torácicos altos, os quais emitem fibras pós-ganglionares que, por meio dos nervos esplâncnicos cardiopulmonares, atingem o plexo cardíaco, e, posteriormente, agem sobre os nós sinoatrial e atrioventricular por meio da secreção de noradrenalina. Esse neurotransmissor vai agir sobre os nós, de maneira que ele vai promover um aumento da permeabilidade de sódio e cálcio nas células dessas estruturas, de modo a aumentar tanto o ritmo de despolarização (pelo aumento da velocidade da geração do potencial local) quanto a força da despolarização (pelo maior influxo de Ca, de modo a aumentar a força de contração muscular. Além disso, a noradrenalina também vai agir sobre os vasos coronários, de modo a aumentar o fluxo sanguíneo local por favorecer a dilatação dos vasos.
As fibras pré-ganglionares do sistema nervoso parassimpático são originadas do nervo vago, o qual transita pelo corpo até atingir o plexo cardíaco e realizar a sinapse com os gânglios do plexo cardíaco (localizados na parede atrial e no septo interatrial próximos aos nós sinoatrial e atrioventricular). Esses gânglios parassimpáticos dão origem a fibras pós-ganglionares que agem, por meio da acetilcolina, sobre os receptores muscarínicos das células dos nós, de maneira que elas promovem uma redução do potencial de repouso das células autoexcitáveis por aumento de sua permeabilidade ao potássio, de modo a tornar mais lenta a geração do potencial de ação por demandar um maior fluxo de íons para a geração do potencial de ação em decorrência da hiperpolarização.
Além disso, na formação reticular do bulbo, há o centro vasomotor do bulbo, centro o qual recebe aferências de barorreceptores, quimiorreceptores e proprioceptores presentes em estruturas anexas aos vasos (como os corpos carotídeos), de maneira que essas aferências, por meio do centro vasomotor, geram reflexos que aumentam ou reduzem a frequência cardíaca. Dessa forma, quanto maior for a pressão arterial, menor vai ser a frequência cardíaca. Além disso, quanto maior for a concentração eletrolítica no sangue, maior vai ser a pressão arterial, de maneira que esse aumento eletrolítico aumenta a pressão osmótica, e, com isso, favorece o influxo cardíaco venoso, entretanto, esse aumento de pressão que geraria um efeito bradicardizante estabelece um efeito simultâneo ao do reflexo de Brainbridge, o qual consiste no aumento da frequência cardíaca pelo aumento da pré-carga ventricular direita, de maneira que, em casos de alta frequência cardíaca associada a altas concentrações de eletrólitos, o efeito bradicardizante vence, enquanto, em caso de baixa Fc, o efeito taquicardizante prevalece.
Ademais, os reflexos quimiorreceptores, estimulados pelo pH sanguíneo, podem alterar a frequência cardíaca, de maneira que uma acidez gera uma bradicardia (redução da produção de CO2 pelo coração para tentar alcalinizar o sangue), enquanto uma alcalose gera uma taquicardia (tentativa de aumento de CO2 para acidificar o sangue).

VASOS SANGUÍNEOS SISTÊMICOS

INTRODUÇÃO:
Os vasos sanguíneos sistêmicos presentes na cavidade torácica compreendem a aorta e seus principais ramos originados nessa cavidade, as veias cava superior e cava inferior, os quais estão presentes principalmente no mediastino superior e no mediastino posterior.

AORTA:
A artéria aorta origina-se do óstio da aorta do ventrículo esquerdo do coração, e, logo em sua raiz, há sua pequena porção ascendente, onde ela dá origem às artérias coronárias direita e esquerda. Então, no mediastino superior, é formado o arco da aorta, o qual consiste em um arco que curva a aorta póstero-lateralmente para a esquerda, de maneira que, nessa porção, a aorta dá origem, nessa ordem, ao tronco braquiocefálico (ascende superolateralmente à direita e origina as artérias carótida comum direita e subclávia direita ao nível da articulação esternoclavicular direita), à artéria carótida comum esquerda e à artéria subclávia esquerda (as artérias subclávias, em seu trajeto, tornam-se artérias axilares, e, em seguida, artérias braquiais, irrigando, portanto, os membros superiores. Distal em relação ao arco da aorta, é formada a porção descendente da aorta, a qual é dividida em porção torácica e porção abdominal, de maneira que essa porção caminha de forma paralela e próxima à coluna vertebral no lado esquerdo. Ao final de seu trajeto, a artéria aorta se divide nas artérias ilíacas comuns direita e esquerda, as quais, posteriormente, dividem-se, individualmente, em artérias ilíaca externa (irriga os membros inferiores) e ilíaca interna (irriga a pelve e o períneo).
As artérias carótidas comuns ascendem pelo pescoço e formam, individualmente, o seio carotídeo, local onde cada artéria carótida comum se divide em artérias carótida interna (irriga as estruturas no interior do crânio) e carótida externa. A artéria carótida externa é responsável por irrigar estruturas da cabeça externas ao crânio e estruturas do pescoço mais externas (como pele, músculos e parte da glândula tireoide), e, na porção final do seu trajeto, se torna a artéria temporal superficial, na região temporal.
A artéria carótida externa emite, como um de seus primeiros ramos, a artéria facial, a qual caminha em direção medial pela margem inferoposterior da mandíbula, até que ela se espirala ao redor da margem inferior da mandíbula e passa para a face, onde ascende e emite como ramos as artérias labiais inferior e superior. Na continuidade do trajeto da artéria facial, ela emite outros ramos, até que, ao atingir a base da lateral do nariz, se divide em duas outras artérias: a artéria nasal lateral (se dirige medialmente sobre o nariz e irriga sua superfície) e a artéria angular (continua ascendendo pela margem da inserção do nariz na face, caminhando medialmente em relação à órbita ocular, até atingir a região superior da órbita).

VEIAS CAVA SUPERIOR E CAVA INFERIOR:
A veia cava inferior é formada a partir das veias ilíacas comuns direita e esquerda (responsáveis por drenar o sangue dos membros inferiores, da pelve e do períneo), de maneira que essa veia caminha pela cavidade abdominal até passar pelo óstio da veia cava no diafragma e atingir a cavidade torácica, onde essa veia atinge o átrio direito do coração.
A veia cava superior desemboca no ventrículo direito do coração e é formada pelas veias braquiocefálicas direita e esquerda, cada uma das quais, por sua vez, são formadas pela união das veias subclávia e jugular interna de seus respectivos dimídios. A veia subclávia é originada da veia axilar (responsável por drenar o membro superior), e apresenta como principais tributárias as veias jugular externa e torácica interna. Já a veia jugular interna caminha de forma descendente pelo pescoço, estando adjacente e lateral em relação à artéria carótida comum. Nesse contexto, a veia jugular interna é responsável por drenar o sangue proveniente de toda a cabeça, o que inclui tanto estruturas intracranianas, quanto estruturas externas (como a face), já que ela é formada a partir de grandes veias de drenagem do encéfalo e recebe, como uma de suas principais tributárias, a veia retromandibular.
A veia retromandibular é uma veia formada na região anterior à orelha pela união das veias temporal superficial e maxilar. Essa veia possui trajeto descendente pela margem posterior da mandíbula, de maneira que, em seu trajeto, ela divide-se em uma divisão anterior (drena para a veia jugular interna) e uma divisão posterior (une-se com a veia auricular posterior para formar a veia jugular externa, mais lateral, mais superficial e menos calibrosa que a veia jugular interna). A divisão anterior da veia retromandibular possui como uma de suas tributárias a veia facial (segue paralela à artéria facial, sendo menos espiralada e mais lateral), uma veia responsável por drenar o território irrigado pela artéria facial.
CIRCULAÇÃO FETAL
A circulação fetal têm como principais estruturas o ducto arterioso, o forame oval, as artérias umbilicais, a veia umbilical e o ducto venoso, sendo essas estruturas, em conjunto, responsáveis por ordenar o fluxo de sangue de forma diferente no feto em função da hematose e do aporte de nutrientes ocorrerem na placenta.
O ducto arterioso é uma estrutura vascular fetal que conecta o tronco pulmonar ao início da parte descendente da artéria aorta, de modo a desviar o fluxo de sangue mais oxigenado para outros tecidos que não o pulmão. Essa conexão é importante porque, diferente do ser humano após nascer, o feto realiza a hematose na placenta, e não no pulmão, de maneira que o pulmão apenas exerce a ação de consumo de oxigênio. Além disso, o pulmão exerce uma grande resistência vascular, ou seja, uma restrição no fluxo sanguíneo, de modo a gerar uma alta resistência ao fluxo sanguíneo, o que atua como um impedimento para o fluxo de sangue adequado no resto do corpo. Então, o ducto arterioso desvia a grande maioria do sangue do tronco pulmonar para a aorta descendente. Além disso, esse fluxo de sangue é essencial para que ocorra um fortalecimento do ventrículo direito do coração, uma vez que esse será o principal ventrículo responsável por promover a circulação corpórea do sangue, de modo a prepará-lo para a circulação pulmonar no nascimento.O ducto arterioso contrai-se ao nascimento do indivíduo, uma vez que, se ele permanecesse, o fluxo sanguíneo para os pulmões continuaria reduzido, o que iria gerar uma asfixia do bebê. Como resultado dessa contração, o ducto arterioso fecha-se e degenera, formando um ligamento denominado ligamento arterioso, presente entre a artéria aorta e o tronco pulmonar.
Com função semelhante à do ducto arterioso, o forame oval é uma estrutura presente no septo interatrial do feto, de maneira que ele permite a passagem do sangue oxigenado do átrio direito diretamente para o átrio esquerdo, de modo a redirecionar para a circulação sistêmica o sangue que iria para a circulação pulmonar. Ao nascer, essa estrutura se fecha no coração do indivíduo, dando origem à fossa oval do septo interatrial.
As artérias umbilicais direita e esquerda são originárias das artérias ilíacas internas direita e esquerda, respectivamente, de maneira que essas artérias percorrem o cordão umbilical e transportam o sangue pobre em oxigênio para a placenta, para que ocorra a captação de nutrientes e oxigênio maternos para o feto. Após o nascimento, essas artérias têm seu lúmen ocluído e formam os ligamentos umbilicais mediais.
A veia umbilical transporta o sangue rico em oxigênio e nutrientes proveniente da placenta para o fígado, de maneira que essa veia é tributária da veia porta-hepática, de maneira que esse sangue passa pelo interior do fígado e vai para as veias hepáticas, as quais desembocam na veia cava inferior, permitindo que esse sangue atinja o coração para ser distribuído pelo organismo. Nesse contexto, ao nascer, a veia umbilical é obliterada e torna-se o ligamento redondo do fígado.
O ducto venoso é uma estrutura vascular que conecta a veia umbilical à veia cava inferior, de maneira que essa estrutura é responsável por desviar o fluxo do sangue da veia umbilical diretamente para a veia cava inferior, sem passar pelo interior do fígado, de modo a aumentar a disponibilidade de nutrientes e oxigênio provenientes da placenta para o restante do organismo. Essa estrutura, após o nascimento, torna-se o ligamento venoso do fígado.

RESPIRATÓRIO

VIAS AÉREAS SUPERIORES

INTRODUÇÃO:
As vias aéreas superiores englobam as cavidades nasais, a nasofaringe, a orofaringe e a laringe, sendo ela responsável por admitir o ar ambiente, processá-lo e conduzi-lo para a via aérea inferior.

NARIZ E CAVIDADE NASAL:
O nariz é uma estrutura que permite o fluxo de ar e protege a abertura piriforme, abertura do crânio que faz parte da via aérea. O nariz é composto estruturalmente de um esqueleto cartilaginoso (composto por duas cartilagens laterais, duas cartilagens alares e uma cartilagem septal), o qual fornece a conformação do nariz. Além disso, ele é composto por tecido fibroareolar (tecido móvel).
Diante disso, o septo nasal separa as duas cavidades nasais internamente e é formado pelo osso vômer (mais inferior e posterior), pela lâmina perpendicular do osso etmoide (mais superior e posterior) e pela cartilagem do septo nasal. A partir disso, essa região é amplamente irrigada, já que ela participa do processo de aquecimento do ar e da produção de muco pelo epitélio respiratório que reveste esse septo, sendo essa perfusão realizada pelo plexo de Keisselbach, um plexo arterial formado pela confluência de 5 artérias: artéria palatina maior, ramo septal da artéria labial superior, artérias etmoidais anteriores, artérias etmoidais posteriores e um ramo da artéria esfenopalatina.
A cavidade nasal é delimitada pelos óstios nasais e pelas coanas e é dividida em 3 regiões: vestíbulo nasal, região olfatória e região respiratória.
O vestíbulo nasal é a região mais externa da cavidade nasal, de maneira que ela é revestida por um tecido epitelial estratificado pavimentoso não queratinizado. Ele apresenta continuidade com a pele da parte externa do nariz e apresenta vibrissas, pelos que atuam na filtração do ar ambiente. Além disso, apresentam glândulas sebáceas que contribuem para o aprisionamento do material particulado.
A região olfatória é revestida por uma mucosa olfatória e está presente no teto da cavidade nasal (importante para o fluxo do muco para a região inferior, e, com isso, permitir a olfação), em contato direito com a lâmina crivosa do osso etmoide. Essa região é recoberta pela mucosa olfatória, a qual apresenta um epitélio olfatório. Esse epitélio é um epitélio pseudoestratificado cilíndrico ciliado, porém sem células caliciformes, apresentando também células em escova, terminações neuronais dos neurônios bipolares receptores olfatórios, células sustentaculares (fornecem suporte mecânico e metabólico aos neurônios olfatórios) e células basais (atuam como células tronco). Ademais, na lâmina própria da mucosa, há as glândulas olfatórias (ou de Bowman), as quais secretam uma substância serosa na superfície epitelial para tanto remover o excesso de muco (interfere na olfação) quanto lavar os receptores e permitir novas ligações para outras olfações.
A região respiratória é a mais ampla e compreende toda a cavidade nasal até as coanas. Ela é composta por epitélio respiratório, composto por células ciliadas (promovem o fluxo do muco), células basais (células tronco), células em escova (quimioceptoras), células de Kulchitsky (células neuroendócrinas que regulam a dilatação das vias aéreas e dos capilares) e as células caliciformes (produzem mucinogênio, ou seja, muco). Nessa região, na parede lateral, estão presentes as conchas nasais (estruturas ósseas originadas dos ossos etmoide e esfenoide), abaixo das quais há os meatos nasais. Essas estruturas possuem a função de realizar o turbilhonamento do ar, bem como aumentar a superfície de contato entre a mucosa e o ar circulante, para que a fisiologia do “processamento” (filtração, umedecimento e aquecimento) do ar ocorra de forma mais eficiente. Ademais, por meio dos meatos, os seios paranasais, bem como as glândulas lacrimais conectam-se com a cavidade nasal, sendo responsáveis pela produção de secreção que vai para a cavidade nasal e compõe o muco.
Os seios maxilar e frontal comunicam-se com a cavidade nasal por meio do meato nasal médio, abaixo do qual há o infundíbulo, um canalículo que promove o fluxo de secreção. A glândula lacrimal abre-se no meato nasal inferior, enquanto as células etmoidais abrem-se no meato nasal superior. As secreções desembocadas no meato inferior e médio tendem a fluir anteriormente, enquanto as desembocadas no superior tendem a fluir posteriormente.

CAVIDADE ORAL:
A cavidade oral é dividida em duas partes: a cavidade própria da boca e o vestíbulo da boca. O vestíbulo da boca é o espaço presente entre as gengivas e dentes e os lábios e bochechas, possuindo formato semelhante a uma fenda e contendo apenas os frênulos labiais. Já a cavidade própria da boca é o espaço entre os arcos dentais e a orofaringe.
Os lábios são pregas musculofibrosas que atuam como válvula para a rima da boca, os quais possuem o músculo orbicular da boca para controlar essa movimentação labial. Os lábios são irrigados pelas artérias labiais superiores e inferiores, derivadas da artéria facial. Sua drenagem linfática ocorre para os linfonodos submandibulares e submentuais. As bochechas possuem constituição semelhante aos lábios, sendo composta principalmente pelos músculos bucinadores.
O palato, presente na cavidade mole da boca, é dividido em palato duro e palato mole:
O palato duro, formador dos 2/3 anteriores do palato, possui formato abobadado, sendo composto por uma estrutura óssea (formada pelos processos palatinos maxilares e as lâminas horizontais dos ossos palatinos) subjacente a uma mucosa. Ele apresenta uma fossa incisiva, a qual é uma pequena depressão posterior aos ossos incisivos centrais, posteriormente a qual há a papila incisiva (possui lateralmente as pregas palatinas transversas) seguida da rafe palatina (marcas deixadas pelo processo embriológico de formação da face).
O palato mole, formador do terço posterior do palato, não possui nenhuma estrutura óssea em seu interior, sendo fixado e estruturado a partir da aponeurose palatina (fixada na margem posterior do palato duro), o que o torna flexível. Em seu interior, na parte mais posterior, há os músculos palatinos, os quais possuem como função a elevação do palato na deglutição, com o intuito de obstruir a passagem de alimento da boca para a nasofaringe, direcionando-o para a laringofaringe. Além disso, no final do palato mole, em sua parte posteroinferior, há um processo cônico, a úvula.
O palato é contínuo com a parede da faringe e une-se a ela por meio dos arcos palatofaríngeo e palatoglosso, entre os quais estão presentes as tonsilas palatinas.
A gengiva e o palato duro são revestidos pela mucosa mastigatória, uma mucosa que apresenta epitélio estratificado pavimentoso queratinizado (semelhante ao da pele fina) ou paraqueratinizado (semelhante ao queratinizado, porém as células da camada córnea não perdem seus núcleos). Abaixo da lâmina basal desse epitélio, há a lâmina própria, composta de tecido conjuntivo frouxo, altamente vascularizada e inervada. Abaixo dela, há uma camada reticular, composta de tecido conjuntivo denso, responsável pela adesão da mucosa ao tecido subjacente. Em alguns locais do palato duro, pode ser que sejam encontradas camadas de submucosa.
As bochechas, os lábios e a superfície mucosa alveolar na base da boca, bem como a face inferior da língua e o palato mole são revestidos por mucosa de revestimento, a qual apresenta epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado (não apresenta nem camada lúcida nem camada córnea) ou para queratinizado, possuindo as mesmas células de Merkel, Langerhans e melanócitos da pele. A lâmina própria dessa mucosa é ricamente vascularizada e inervada. Subjacente a essa mucosa, há uma submucosa, a qual apresenta grande número de fibras colágenas e elásticas, além de conter numerosas pequenas glândulas salivares e, ocasionalmente, algumas glândulas sebáceas esparsas (podem ser vistas a olho nu, sendo denominadas manchas de Fordyce).
A língua, presente na cavidade própria da boca, é dividida em raiz (parte de onde ela surge e fixa-se na parte inferior da cavidade), corpo (todo o restante da língua) e ápice (apenas a ponta da língua). Ela é dividida em face dorsal da língua e face inferior da língua, que geralmente descansa sobre o assoalho da boca. O dorso da língua apresenta uma série de estruturas, dentre elas: sulco terminal da língua, forame cego da língua, sulco mediano da língua, papilas folhadas, papilas circunvaladas, papilas filiformes, papilas fungiformes e tonsilas linguais. Já a face inferior da língua une-se ao assoalho da boca pelo frênulo da língua, local no qual há as carúnculas sublinguais, localização do óstio do ducto da glândula sublingual.
O dorso da língua é composto por um tecido muscular estriado esquelético (não é fixa a nenhum osso e possui a maior mobilidade do corpo) e é revestida pela mucosa especializada, uma mucosa que apresenta tecido semelhante ao da mucosa de revestimento, porém apresenta botões gustativos, os quais formam as papilas gustativas, sendo elas as papilas filiformes (apenas desempenham papel de adesão ao alimento), papilas fungiformes (possui efetivamente os botões gustativos), papilas circunvaladas (circundadas por uma invaginação onde desembocam as glândulas de von Ebner, glândulas salivares presentes na língua) e papilas folhadas (apresenta botões gustativos).

FARINGE:

A faringe pode ser dividida em nasofaringe, orofaringe e laringofaringe, de maneira que ela admite o ar proveniente da cavidade nasal e da cavidade bucal, direcionando-o para a laringe, bem como é responsável por conduzir o alimento da cavidade bucal para o esôfago.
A nasofaringe é delimitada pelas coanas e pela úvula. Ela apresenta mucosa de epitélio respiratório como revestimento e as tonsilas faríngeas em sua região posterior e superior. Ademais, nessa região, há o óstio faríngeo da tuba auditiva, um orifício da tuba auditiva, a qual é um canal que liga a nasofaringe ao ouvido médio, sendo responsável por igualar a pressão entre o ouvido médio e a atmosfera.
A orofaringe é delimitada pela úvula e pela base da língua, local o qual também é revestido por mucosa de epitélio respiratório. Delimitando a transição entre a cavidade oral e a faringe, em cada lateral da cavidade, há os arcos palatoglossos.
A faringe apresenta três músculos constritores (superior, médio e inferior) e três músculos longitudinais (palatofaríngeo, estilofaríngeo e salpinofaríngeo, sendo responsáveis por distender e encurtar a faringe), de maneira que esses músculos atuam ativamente na deglutição.

LARINGE:
A laringe é um órgão estruturado a partir de 9 cartilagens (compõem o esqueleto da laringe), possuindo como função o fechamento das vias respiratórias durante a deglutição e a produção da voz, bem como a promoção do fluxo de ar. O esqueleto da laringe é composto pela cartilagem tireóidea, pela cartilagem cricóidea, pela cartilagem epiglótica, por duas cartilagens aritenóideas, por duas cartilagens corniculadas e por duas cartilagens cuneiformes.
A cartilagem tireóidea é formada pela união das duas lâminas da cartilagem tireoidea, as quais, na região superior dessa união, formam a proeminência laríngea, também chamada popularmente de pomo de adão, além de, nas extremidades superior e posterior da união entre as lâminas, haverem, respectivamente, as incisuras tireóidea superior e tireóidea inferior. Entre essa cartilagem e o osso hioide há a membrana tireo-hióidea, a qual liga essas estruturas.
A cartilagem cricóidea apresenta formato de anel de sinete, sendo o aro voltado anteriormente e o sinete (chamado de lâmina da cartilagem cricóidea) voltado posteriormente, de maneira que essa cartilagem circunda totalmente a via aérea, sendo a única a fazer isso. Essa cartilagem é muito resistente e está ligada à cartilagem tireóidea por meio do ligamento cricotireóideo, além de estar ligado ao primeiro anel de cartilagem traqueal por meio do ligamento cricotraqueal.
A cartilagem epiglótica possui formato de coração e está localizada posteriormente à língua e ao osso hioide, estando aderida à parede anterior da laringe. A partir disso, entre a epiglote e o osso hioide há o ligamento hioepiglótico, o qual, junto com o corpo da epiglote, forma uma cavidade denominada valécula.
As cartilagens aritenóideas possuem formato piramidal e articulam-se com a cartilagem cricóidea, sendo esse par de cartilagens essencial para a articulação das cordas vocais. Logo acima do ápice de cada cartilagem aritenóidea, há uma cartilagem corniculada. Ademais, entre cada cartilagem aritenóidea e a cartilagem epiglótica, passando pela cartilagem corniculada, há o ligamento ariepiglótico, no interior de cada qual está localizada, entre a cartilagem corniculada e a cartilagem epiglótica, uma cartilagem cuneiforme.
A parte interna da laringe estende-se desde o ádito da laringe (região de comunicação entre a laringofaringe e a laringe) até a margem inferior da cartilagem cricoidea, de maneira que no interior desse órgão há o vestíbulo da laringe (espaço entre o ádito da laringe e as pregas vestibulares), as pregas vestibulares (proeminências ligamentares da parede da laringe com função protetora), os ventrículos da laringe (pequenos recessos da parede lateral da laringe entre as pregas vestibulares e as pregas vocais, formando cavidades), as pregas vocais (projeções ligamentares da parede da laringe responsáveis por produzir som durante a expiração por meio do controle do tamanho da abertura da rima da glote – espaço entre esses dois ligamentos) e uma via aérea livre entre as pregas vocais e a margem inferior da cartilagem cricoidea. A glote é um conjunto de estruturas da parede da laringe que é responsável pela produção de sons, o que engloba as pregas vocais e os processos vocais.

PULMÃO
O pulmão é um órgão esponjoso e leve, o qual possui a função de oxigenar o sangue venoso e liberar o CO2 resultante da respiração celular. Ele apresenta um ápice (parte arredondada do pulmão que está em contato direto com a cúpula pleural), uma base (face inferior côncava, qual apoia-se no diafragma), dois (no esquerdo) ou três (no direito) lobos separados por fissuras, 3 faces (costal, mediastinal e diafragmática) e 3 margens (anterior, posterior e inferior).
O pulmão direito é composto por 3 lobos, sendo eles o lobo superior, o lobo médio e o lobo inferior, os quais são delimitados pelas fissuras oblíqua (separa o lobo inferior dos lobos superior e médio) e horizontal (separa o lobo superior do lobo médio) do pulmão direito.
O pulmão esquerdo é composto por 2 lobos, sendo eles o lobo superior e o lobo inferior, os quais são separados pela fissura oblíqua do pulmão esquerdo. Ademais, o pulmão esquerdo possui a impressão cardíaca, a qual é uma depressão profunda na face mediastinal do pulmão esquerdo que é gerada pelo desvio do ápice do coração para a esquerda. Logo abaixo dessa incisura, há a língula, presente apenas no pulmão esquerdo.
Ademais, os pulmões possuem seus respectivos hilos, nos quais estão presentes as raízes do pulmão. As raízes do pulmão fixam esse órgão ao mediastino, de maneira que a artéria e as veias pulmonares (superior e inferior), bem como o brônquio principal, os vasos linfáticos intrapulmonares e os plexos pulmonares de nervos entram e saem do pulmão por essa estrutura. A disposição dos brônquios principais, das artérias pulmonares e das veias pulmonares do hilo pulmonar é diferente para cada pulmão, de maneira que, no hilo do pulmão direito, as veias pulmonares direitas são mais anteriores, o brônquio principal direito é mais posterior e a artéria pulmonar direita está entre as veias pulmonares direitas e o brônquio principal direito. Já no hilo do pulmão esquerdo, semelhantemente ao hilo do pulmão direito, as veias pulmonares esquerdas são mais anteriores e o brônquio principal esquerdo é mais posterior, porém, em decorrência da presença do coração, a artéria pulmonar esquerda está localizada superiormente em relação ao brônquio principal esquerdo, não estando entre as veias pulmonares esquerdas e o brônquio principal esquerdo.

VIAS AÉREAS INFERIORES
INTRODUÇÃO:

As vias aéreas inferiores constituem as estruturas de passagem do ar presentes no tórax, e elas são englobadas pela traqueia, pelos brônquios, pelos bronquíolos e pelos alvéolos.
TRAQUEIA:
A traqueia, no mediastino superior, é um ducto de ar que recebe o ar diretamente das vias aéreas superiores e conduz esse ar pelo mediastino superior até os brônquios. Essa estrutura é composta das cartilagens (ou anéis) traqueais (estruturas em formato semilunar que estão posicionadas na região mais anterior da traqueia, possuindo a função de manter a traqueia pérvea), ligamentos anulares (ligamentos fibrosos que conectam as cartilagens traqueais entre si) e a parede membranácea da traqueia (reveste posteriormente a traqueia, sendo uma parede de músculo liso responsável por unir as extremidades posteriores das cartilagens traqueais e permitir maleabilidade da traqueia para a dilatação do esôfago – diretamente posterior à traqueia – para a passagem de alimento), o que torna a parede anterior da traqueia cilíndrica e a parede posterior plana. Em sua região mais inferior, há a carina da traqueia, local onde há a bifurcação da traqueia nos brônquios principais direito e esquerdo.
A traqueia é composta por uma série de 4 camadas, na seguinte ordem de internas para externas:
A mucosa é composta pelo epitélio respiratório associado a uma lâmina própria de tecido conjuntivo frouxo, separados por uma membrana basal (compactação de fibras colágenas na lâmina basal que oferecem resistência ao epitélio, estando mais espessa em indivíduos que praticam o tabagismo). O epitélio respiratório é um epitélio pseudoestratificado cilíndrico ciliado com células caliciformes, de maneira que nesse epitélio estão presentes células ciliadas (responsáveis por promover o fluxo de muco e impurezas para a faringe por meio de seus cílios), células caliciformes (secretam mucinogênio, o qual, após hidratação, torna-se mucina, principal componente do muco) células em escova (quimioceptoras), células de Kulchitsky (ou células de pequenos grânulos, as quais desempenham papel neuroendócrino de regulação reflexa do calibre das vias respiratórias e dos vasos da traqueia) e as células basais (células tronco desse epitélio que são encontradas mais basalmente).
A submucosa é composta por tecido conjuntivo frouxo no qual estão ineridas glândulas exócrina composta acinosa mucosa com meia lua serosa, de maneira que essas glândulas são responsáveis pela secreção de componentes do muco, desembocando na superfície epitelial. Ademais, nessa camada penetra o tecido linfático da lâmina própria.
Na parte anterior e lateral da traqueia, estão presentes os anéis de cartilagem traqueal. Esses anéis são compostos de cartilagem hialina revestida pelo pericôndrio, possuindo a função de conferir certa flexibilidade à traqueia (por sua disposição em semidiscos), bem como impedir o fechamento do lúmen da traqueia. Com a idade essa cartilagem pode ser ossificada, o que gera uma perda de sua mobilidade.
Na parte posterior, em contato indireto com o esôfago, há a membrana fibroelástica/fibromuscular, a qual apresenta a musculatura traqueal (composta por músculo liso), sendo responsável não só, por ter maior flexibilidade, permitir uma fluidez do bolo alimentar pelo esôfago, mas também impedir, por meio da contração muscular, que esse bolo comprima posteriormente a traqueia de tal forma que ela tenha seu lúmen obstruído.
Entre a lâmina própria e a submucosa há uma membrana elástica, composta por um conjunto de fibras elásticas. Além disso, é na lâmina própria e na submucosa que são encontrados os vasos linfáticos da traqueia, de maneira que eles possuem função análoga ao BALT dos bronquíolos.
A camada adventícia é uma camada de tecido conjuntivo presente entre estruturas que não são revestidas por serosas, de maneira que entre o esôfago e a traqueia existe uma camada adventícia, bem como há uma adventícia que reveste a parte mais superior anterior da traqueia. Nessa camada também há vasos linfáticos para a drenagem dessa camada.

BRÔNQUIOS:
Os brônquios são resultantes da divisão da traqueia na carina, de maneira que a traqueia se divide em dois brônquios principais (direito e esquerdo), os quais darão origem à árvore traqueobronquial. Esses brônquios principais dividem-se em 2 ou 3 brônquios lobares (cada um supre um lobo pulmonar, sendo dois na esquerda e 3 na direita pela diferença do número de lobos), os quais, posteriormente, subdividem-se ainda em brônquios segmentares (cada um supre um segmento broncopulmonar, o que nada mais é que uma grande subdivisão dos lobos pulmonares).
Nesse contexto, o brônquio principal direito divide-se em 3 brônquios lobares, superior, médio e inferior, os quais conduzem o ar para os lobos superior, médio e inferior do pulmão direito, respectivamente. O brônquio lobar superior direito divide-se em 3 brônquios segmentares, sendo eles o brônquio segmentar apical, o brônquio segmentar anterior e o brônquio segmentar posterior. Já o brônquio lobar médio divide-se em 2 brônquios segmentares, o brônquio segmentar lateral e o brônquio segmentar medial. Enquanto isso, o brônquio lobar inferior direito divide-se em brônquio segmentar superior, brônquio segmentar basilar lateral, brônquio segmentar basilar medial, brônquio segmentar basilar anterior e brônquio segmentar basilar posterior, ou seja, 5 brônquios segmentares.
O brônquio principal esquerdo divide-se em 2 brônquios lobares, superior e inferior, os quais conduzem o ar para os lobos superior e inferior, respectivamente. O brônquio lobar superior esquerdo divide-se em 4 brônquios segmentares, sendo eles o brônquio segmentar apicoposterior, o brônquio segmentar anterior, o brônquio segmentar lingular superior e o brônquio segmentar lingular posterior. O brônquio lobar inferior esquerdo também divide-se em 4 brônquios segmentares, sendo eles: brônquio segmentar superior, brônquio segmentar basilar anterior, brônquio segmentar basilar posterior e brônquio segmentar basilar lateral.
Os brônquios possuem estrutura em camadas semelhante à da traqueia (com exceção da membrana fibromuscular), apresentando 5 camadas: a mucosa, a muscular (camada contínua de músculo liso disposto de forma espiralada), a submucosa, a camada cartilaginosa (inicia-se em disposição de disco nos brônquios principais e depois torna-se descontínua) e a adventícia (presente entre os brônquios e o parênquima pulmonar ou os vasos sanguíneos do pulmão).

BRONQUÍOLOS:
Esses brônquios, distalmente, ramificam-se em bronquíolos terminais, os quais são as últimas estruturas que apenas conduzem o ar e não realizam hematose. Os bronquíolos e suas estruturas subjacentes não apresentam cartilagem nem glândulas ou células secretórias (apenas em fumantes o epitélio secreta muco pela presença de células caliciformes). Eles são revestidos por um epitélio respiratório simples cúbico ciliado, o qual apresenta as células em escova e as células de clara, as quais possuem a função de secretar os surfactantes (reduzem a tensão superficial do alvéolo, de maneira que essa redução é essencial para que haja uma equalização de pressão entre os alvéolos adjacentes e seja impedido o colapso das vias aéreas) e peptídeos antimicrobianos, apresentam capacidade de regenerar o tecido local, já que são células-tronco e possuem a capacidade de detoxificar o meio. Ademais, essas células de clara secretam a proteína CC16, que pode ser dosada no muco e reflete o funcionamento do epitélio das vias aéreas inferiores (usado para diagnóstico de DPOC). Subjacente a esse epitélio, há apenas uma fina lâmina própria e uma camada de músculo liso relativamente espessa).
Esses bronquíolos terminais ramificam-se em bronquíolos respiratórios, os quais são bronquíolos de parede descontínua que apresentam aberturas para os ductos alveolares dos sacos alveolares. A partir desses ductos alveolares, os quais são vias respiratórias estreitas que permitem o fluxo de ar para os alvéolos, sendo suas paredes formadas pelos próprios alvéolos.

ALVÉOLOS:
Os alvéolos são o espaço aéreo terminal do sistema respiratório, sendo delimitado pelos septos alveolares. Esses septos, além de apresentarem capilares, são compostos por pneumócitos dos tipos I e II e células em escova. Além disso, nele estão presentes as células da poeira (macrófagos pulmonares). Os pneumócitos do tipo I são células extremamente achatadas (pavimentosas e finas) e de relativamente grande área, as quais são unidas entre si por junções de oclusão e adesão intercelulares, as quais impedem o extravasamento de linfa dos capilares para os alvéolos, ao mesmo tempo que permitem a passagem de gases para a hematose. Já os pneumócitos do tipo II são células secretoras, as quais secretam surfactantes por meio dos corpos lamelares citoplasmáticos, além de serem células tronco que podem diferenciarem-se em pneumócitos do tipo I em caso de lesão tecidual.
O conjunto de 3 a 5 bronquíolos terminais originados de um mesmo brônquio e suas estruturas mais distais compõem um lóbulo pulmonar. Já o conjunto de apenas um bronquíolo terminal e suas ramificações compõem um ácino pulmonar.

ABDOME

O abdome é uma parte do tronco, a qual está situada entre o tórax e a pelve. Ele é delimitado superiormente pelo diafragma e inferiormente pelo plano de abertura superior da pelve (plano paralelo à borda superior da sínfise púbica). Lateralmente, as paredes musculoaponeuróticas do abdome realizam o fechamento dessa região, formando uma cavidade em seu interior: a cavidade abdominal. Nesse viés, essa cavidade não possui assoalho, já que ela é contínua com a cavidade pélvica (o conjunto dessas duas cavidades é denominado cavidade abdominopélvica), a qual possui o assoalho pélvico que auxilia na sustentação das estruturas presentes no interior da cavidade abdominopélvica.
Essa região do corpo é responsável por realizar a contenção dos órgãos em seu interior, bem como realizar sua proteção, ao mesmo tempo que assegura flexibilidade para permitir a respiração, a locomoção e a postura.
A cavidade abdominal estende-se superiormente até o 4º espaço intercostal, (correspondente à região inferior da cúpula diafragmática) de maneira que alguns órgãos dessa cavidade estão parcialmente ou totalmente protegidos pela caixa torácica, a exemplo do fígado e do baço.
O abdome pode ser dividido em 9 regiões a partir de quatro planos: dois planos medioclaviculares (direito e esquerdo, que são sagitais), um plano subcostal (passa pela margem inferior da 10ª cartilagem costal de ambos os lados, sendo um plano transverso) e um plano intertubercular (atravessa os tubérculos ilíacos, sendo um plano horizontal). A partir disso, são formadas nove regiões: o hipocôndrio direito (na região superior direita), o epigástrio (na região superior central), o hipocôndrio esquerdo (na região superior esquerda), o flanco direito (na região média direita), o mesogástrio (na região média e central, também chamada de região periumbilical), o flanco esquerdo (na região média esquerda), a fossa ilíaca direita (na região inferior direita), o hipogástrio (na região central e inferior) e a fossa ilíaca esquerda (na região inferior esquerda).
Ademais, por meio do plano transumbilical (horizontal, que passa pela cicatriz umbilical) e do plano sagital mediano, pode-se dividir o abdome em 4 quadrantes: superior direito, superior esquerdo, inferior direito e inferior esquerdo.

PAREDE ANTEROLATERAL DO ABDOME

INTRODUÇÃO:
A parede abdominal é uma estrutura musculoaponeurótica que possui a capacidade de contração, importante para aumentar a pressão intra-abdominal, essencial para auxiliar a expiração e a expulsão de líquidos (como urina), fezes, flatos ou até fetos, e de distensão, essencial para acomodar as vísceras em seu interior, principalmente em sua expansão (por exemplo, após a ingestão de alimentos, deposição de gordura ou até por gravidez). Essa parede é dividida em anterior, lateral esquerda, lateral direita e posterior.
A parede anterolateral do abdome estende-se desde o fim da caixa torácica (acompanhando o rebordo costal e o apêndice xifoide em sua extremidade superior) até a pelve (tendo como limites inferiores os ligamentos inguinais, as cristas ilíacas, a margem superior do púbis e a sínfise púbica) e é composta pelas paredes anterior, lateral direita e lateral esquerda, sendo englobadas essas 3 paredes em uma só perspectiva de estudo porque seus limites são indefinidos e elas possuem estruturas contínuas entre elas.
Essa grande parede é formada por diversas camadas, sendo elas, em sequência de superficial para profunda: Pele, tecido subcutâneo, músculos e suas aponeuroses, fáscia transversal, gordura extraperitoneal e peritônio.

TECIDO SUBCUTÂNEO:
O tecido subcutâneo é um tecido adiposo localizado abaixo da pele, responsável por acumular reservas energéticas na forma de triacilglicerídeos. Na região acima da cicatriz umbilical, essa camada é semelhante ao restante do tecido adiposo de todo o corpo humano. Contudo, abaixo da cicatriz umbilical, na região mais profunda da tela subcutânea, abaixo do panículo adiposo, há um conjunto de fibras elásticas e colágenas, de maneira que são formadas duas camadas no subcutâneo, sendo elas, na ordem de superficial para profunda, a fáscia de Camper (ou panículo adiposo do abdome, semelhante ao tecido subcutâneo supra-umbilical) e a fáscia de Scarpa (uma fina camada de fibras colágenas e elásticas que forma um estrato membranáceo). A fáscia de Scarpa é contínua com a fáscia de Colles do períneo.

MUSCULATURA:
A parede anterolateral do abdome possui 5 pares (dispostos de forma simétrica em ambos os dimídios) de músculos: músculo oblíquo externo do abdome, músculo oblíquo interno do abdome, músculo transverso do abdome, músculo reto abdominal e músculo piramidal, sendo os 3 primeiros planos e transversais, e os dois últimos verticais.
O músculo oblíquo externo do abdome é o mais superficial dos músculos planos da parede anterolateral do abdome. Esse músculo origina-se na região inferior das costelas de V a XII e insere-se na crista ilíaca, de maneira que suas fibras apresentam trajeto inferomedial. Sua margem posterior é livre, enquanto sua margem anterior (coincide aproximadamente com a linha hemiclavicular) é contínua com a aponeurose do músculo oblíquo externo do abdome, uma estrutura fibrosa que se estende até a linha média, sendo fixada superiormente ao rebordo costal e inferiormente à margem superior do púbis, ao ligamento inguinal e à espinha ilíaca anterossuperior. Sua contração é responsável por aumentar a pressão intra-abdominal e realizar a rotação do tronco em direção contralateral à do músculo (ou seja, aproximando a costela ipsilateral ao músculo à crista ilíaca contralateral a ele). Esse músculo é inervado pelos nervos toracoabdominais (de origem T7 a T11) e pelo nervo subcostal).
Logo abaixo do músculo oblíquo externo do abdome, há o músculo oblíquo interno do abdome, o qual é um músculo plano que origina-se na crista ilíaca e na metade lateral do ligamento inguinal, inserindo-se na margem inferior das costelas X a XII, de maneira que suas fibras apresentam trajeto superomedial. Essa estrutura, ao realizar a contração, possui o papel de aumentar a pressão intra-abdominal e realizar a rotação do tronco em direção ipsilateral à do músculo (ou seja, aproximando as costelas contralaterais ao músculo à crista ilíaca ipsilateral a ele). Esse músculo é inervado pelos nervos toracoabdominais (ramos anteriores dos nervos originados entre T6 e T12) e o primeiro nervo lombar. Dado músculo é, em sua margem anterior (coincide com a linha hemiclavicular), contínuo com a aponeurose do músculo oblíquo interno do abdome (liga-se à linha alba, ao rebordo costal e à margem superior do púbis), enquanto, em sua margem posterior, é contínuo com a aponeurose toracolombar.
O mais profundo dos músculos planos é o músculo transverso do abdome. Esse músculo apresenta fibras de orientação transversal que originam-se na região interior das cartilagens costais de VII a XII, na aponeurose toracolombar e na crista ilíaca. Sua contração é responsável por aumentar a pressão intra-abdominal.
O principal dos músculos verticais da parede anterolateral do abdome é o músculo reto do abdome, estando presentes dois deles, dispostos simetricamente em cada dimídio na região mediana dessa parede, estando separados pela linha alba (tecido conjuntivo fibroso afilado que estende-se verticalmente por toda a parede anterior do abdome, possuindo uma falha que origina a cicatriz umbilical). Esse músculo origina-se na sínfise púbica e na crista púbica e insere-se no apêndice xifoide e nas cartilagens costais de V a VII, sendo, portanto, responsável por flexionar o tronco sobre a pelve e aumentar a pressão intra-abdominal. Sua estrutura é composta de 5 ventres musculares separados por 4 intersecções tendíneas.
O músculo reto do abdome é envolto anterior e posteriormente pela bainha do músculo reto do abdome, um tecido conjuntivo fibroso formado a partir da união das aponeuroses dos músculos oblíquo externo, oblíquo interno e transverso do abdome, sendo sua organização supraumbilical diferente da infra-umbilical. Ademais, essa bainha pode ser dividida em parede anterior (reveste a região anterior do músculo reto do abdome) e parede posterior (reveste a face posterior do músculo reto do abdome).
A bainha do músculo reto do abdome, em sua região supra-umbilical e no terço superior da região infra-umbilical, é organizada da seguinte maneira: a aponeurose do músculo oblíquo externo do abdome participa apenas na formação da bainha, enquanto a aponeurose do músculo transverso do abdome faz parte apenas da parede posterior da bainha. Já a aponeurose do músculo oblíquo interno do abdome divide-se em lâmina anterior e lâmina posterior, de maneira que a lâmina anterior funde-se com a aponeurose do músculo oblíquo externo do abdome para formar a parede anterior, enquanto a lâmina posterior funde-se com a aponeurose do músculo transverso do abdome para formar a parede posterior da bainha do músculo reto do abdome.
Todavia, nos dois terços inferiores região infra-umbilical, a bainha do músculo reto do abdome apenas recobre a face anterior do músculo reto do abdome, de maneira que as aponeuroses dos 3 músculos planos fundem-se para produzir essa parede anterior, de maneira que a face posterior do músculo reto do abdome permanece em contato direto com a fáscia transversal. Na transição entre a presença ou não de parede posterior da bainha do músculo reto do abdome, há a linha arqueada, que demarca esse local de transição.
Ademais, a bainha do músculo reto do abdome, na linha mediana, onde ocorre o encontro das aponeuroses de ambos os dimídios do corpo, possui uma fusão das paredes anterior e posterior, separando os músculos retos do abdome e formando a linha alba. Também, a margem lateral da bainha do músculo reto do abdome, a qual demarca a margem lateral do músculo reto do abdome, é denominada linha semilunar.
O músculo piramidal é um pequeno músculo vertical e triangular localizado na região anterior da porção mais inferior do músculo reto do abdome, estando fixado à face anterior do púbis e do ligamento púbico anterior, sendo responsável apenas por tensionar a linha alba.
Abaixo dos músculos e suas aponeuroses, há a fáscia transversal, uma fina camada de tecido conjuntivo que reveste posteriormente o músculo transverso do abdome e sua aponeurose. Essa fáscia é responsável por separar a gordura extraperitoneal (imediatamente profunda a essa fáscia) dos músculos da parede anterolateral do abdome, bem como atua como revestimento estrutural dessa parede junto aos músculos.

VASCULARIZAÇÃO E INERVAÇÃO:
Entre os músculos oblíquo interno e transverso do abdome, há o plano neurovascular da parede anterolateral do abdome, o qual contém os vasos responsáveis pela irrigação e os nervos responsáveis por inervar a parede anterolateral do abdome.
A irrigação arterial da parede anterolateral do abdome se dá principalmente pelas artérias epigástrica superior e epigástrica inferior (responsáveis por irrigar a parte mais medial e profunda da parede) e por artérias superficiais (responsáveis por irrigar a parte mais lateral e superficial da parede).
A artéria epigástrica superior origina-se da artéria torácica interna ao entrar parede abdominal, de maneira que ela penetra na parte posterior da bainha do músculo reto do abdome, por onde ela caminha de forma descendente e vertical até a região umbilical, local de anastomose com a artéria epigástrica inferior. Essa artéria é responsável por irrigar a parte supra-umbilical do músculo reto do abdome, bem como a pele e o tecido subcutâneo do epigástrio e da região supra-umbilical do mesogástrio.
Já a artéria epigástrica inferior origina-se da artéria ilíaca externa em localização imediatamente superior ao ligamento inguinal, de maneira que essa artéria segue em direção superior e perfura a fáscia transversal, adentrando na bainha do músculo reto do abdome na região abaixo da linha arqueada. Após isso, essa artéria continua ascendendo e penetra na região inferior do músculo reto do abdome, seguindo até aproximadamente a cicatriz umbilical, onde ela anastomosa-se com a artéria epigástrica superior. Nesse contexto, essa artéria realiza a irrigação da região inferior do músculo reto do abdome.
Dentre as artérias superficiais, estão a 10ª e 11ª artérias intercostais e a artéria subcostal (originam-se na aorta torácica e irrigam a pele e o subcutâneo do hipocôndrio e do flanco de seu respectivo dimídio), as artérias lombar e circunflexa ilíaca superficial (originam-se, respectivamente, da artéria aorta abdominal e da artéria femoral, sendo responsáveis por irrigar a fossa ilíaca de seu respectivo dimídio) e a artéria epigástrica superficial (originada na artéria femoral, responsável por irrigar o hipogástrio e o mesogástrio na região infra-umbilical).
A drenagem venosa da parede anterolateral do abdome é feita por um plexo venoso subcutâneo complexo, no qual a drenagem da região superior dessa parede é feita pela veia epigástrica superior (tributária da veia torácica interna, em um fluxo em direção medial) e para a veia torácica lateral (no fluxo lateral), enquanto a região inferior drena para as veias epigástrica superficial e epigástrica inferior, as quais são tributárias, respectivamente, das veias femoral e ilíaca externa. Ademais, em dado plexo, a veia toracoepigástrica pode estar presente, bem como anastomoses entre as veias epigástrica inferior e epigástrica superior, de meira que isso cria uma comunicação entre o sistema cava superior e cava inferior, o que permite que um sistema compense o outro em caso de deficiências de drenagem.
Na região umbilical, as veias superficiais anastomosam-se com as veias paraumbilicais (tributárias da veia porta), bem como estabelecem conexão com o ligamento redondo do fígado (veia umbilical obliterada), o que permite comunicação entre o sistema porta e o plexo venoso superficial da parede anterolateral do abdome.
A inervação da pele e dos músculos dessa parede é realizada pelos nervos toracoabdominais (continuidades abdominais mais distais dos nervos intercostais de T7 a T11, sendo responsáveis por inervar as regiões supra-umbilical e umbilical e a parte superior da região infra-umbilical), ramos cutâneos laterais (provenientes dos segmentos T7 a T9 da medula espinal), nervo subcostal (supre a pele da região infra-umbilical) e nervos ílio-hipogástrico e ílio-inguinal (originados em L1, inervam a região infra-umbilical mais inferior e a região inguinal).

TRÍGONO DE HESSELBACH:
O Trígono de Hesselbach é uma região da parede anterolateral do abdome delimitada pelo ligamento inguinal, pela margem lateral do músculo reto do abdome e pela artéria epigástrica inferior, de maneira que em cada dimídio do corpo há um trígono de Hesselbach na região inguinal. Diante disso, esse trígono, diferente do restante da parede anterolateral do abdome, não possui em sua parede nenhuma aponeurose, apenas a fáscia transversal, o que gera uma área de fragilidade da parede abdominal predispondo a hérnias inguinais.

REGIÃO INGUINAL:
A região inguinal é uma área da parede anterolateral do abdome que estende-se entre a espinha ilíaca anterossuperior e o tubérculo púbico. Nessa região, está presente o ligamento inguinal, um tecido fibroso que conecta a espinha ilíaca anterossuperior e o tubérculo púbico, sendo parte da região mais inferior da aponeurose do músculo oblíquo externo do abdome.
Nessa região, está presente o canal inguinal, um canal de direção inferomedial de aproximadamente 4 cm, paralelo ao e imediatamente acima do ligamento inguinal, que realiza uma comunicação entre a cavidade abdominal e a região externa da pelve (nos homens, a bolsa escrotal, e, nas mulheres, o períneo), de maneira que é por meio desse canal que os testículos, formados na cavidade abdominal durante o período fetal, descem para a bolsa escrotal.
O canal inguinal possui duas paredes (anterior e posterior), um assoalho e um teto, de maneira que a parede anterior é composta pela aponeurose do músculo oblíquo externo do abdome, a parede posterior é formada pela fáscia transversal, o assoalho é formado pelo ligamento inguinal e pela fáscia transversal e o teto é composto pela fáscia transversal (em sua região mais lateral), pelas aponeuroses dos músculos oblíquo interno e transverso do abdome (em sua região mais central) e pelo músculo oblíquo externo do abdome (em sua região mais medial).
Ademais, esse canal possui dois orifícios, sendo eles o anel inguinal profundo e o anel inguinal superficial. O anel inguinal profundo é o orifício de entrada do canal inguinal, sendo formado a partir de uma invaginação da fáscia transversal. Já o anel inguinal superficial é o orifício de saída do conteúdo do canal inguinal, sendo uma abertura presente na aponeurose do músculo oblíquo externo do abdome. As margens do anel inguinal superficial formam dois pilares a partir da aponeurose do músculo oblíquo externo do abdome, sendo eles o pilar lateral (fixa-se ao tubérculo púbico) e o pilar medial (ligado à crista púbica).
No interior do canal inguinal, passam diversas estruturas, dentre elas o funículo espermático (presente apenas em homens), o ligamento redondo do útero (presente apenas em mulheres), o nervo ilioinguinal, o ramo genital do nervo genitofemoral, vasos sanguíneos e vasos linfáticos.

ORGANIZAÇÃO DA CAVIDADE ABDOMINAL

INTRODUÇÃO:
O interior do abdome abriga diferentes estruturas, principalmente os órgãos do sistema digestório (como estômago e intestinos). Diante disso, esse interior pode ser segregado em duas partes: a cavidade abdominal (ou peritoneal) e a região fora da cavidade abdominal (extraperitoneal, retroperitoneal e subperitoneal), de maneira que os diferentes órgãos do interior do abdome podem estar presentes em um e/ou outro espaço.

PERITÔNIO E CAVIDADE PERITONEAL:
A cavidade abdominal possui uma túnica serosa, fina e transparente, que reveste toda a sua parede, bem como os órgãos presentes nela, sendo essa serosa denominada peritônio, estrutura a qual confere nome a essa cavidade. Essa serosa possui como função secretar uma fina camada de líquido, de modo a evitar atrito entre as estruturas que se movimentam em seu interior. Nesse contexto, entre os órgãos revestidos pelo peritônio e a parede da cavidade peritoneal, há apenas essa pequena quantidade de líquido, o que gera um espaço virtual.
A partir disso, o peritônio pode ser dividido em peritônio parietal e peritônio visceral. O peritônio parietal corresponde ao segmento dessa serosa que reveste toda a face interna da parede da cavidade abdominal, tendo, dessa forma, a mesma vascularização e inervação (nesse caso, somática) da parede imediatamente externa a ele. Já o peritônio visceral é o segmento do peritônio que reveste a parte mais externa dos órgãos localizados na cavidade abdominal, de maneira que ele recebe mesma irrigação e inervação (nesse caso, visceral) do respectivo órgão o qual ele reveste. Diante disso, esses segmentos do peritônio são contínuos entre si a partir de reflexões que ocorrem nos locais de conexão entre os órgãos intraperitoneais e a parede abdominal.
Então, os órgãos que se projetam para o interior da cavidade abdominal são ditos órgãos intraperitoneais, contudo, eles não estão no interior da cavidade peritoneal, já que no interior dessa cavidade há apenas uma pequena quantidade de líquido que lubrifica a serosa, de maneira que eles apenas se projetam para o interior dessa cavidade.
No interior da cavidade abdominal, o peritônio apresenta diversas formações, as quais desempenham funções singulares específicas para o funcionamento adequado de cada um dos órgãos. Dentre essas formações, estão os mesos, os omentos e os ligamentos peritoneais.
Os mesos são lâminas duplas de peritônio formadas pela invaginação de órgãos intraperitoneais do sistema digestório, estando contidos, entre essas duas camadas, vasos sanguíneos e linfáticos e nervos, por vascularizar e inervar o órgão invaginado, permitindo, assim, uma comunicação entre o órgão e o restante do organismo humano. Nesse viés, os mesos possuem diferentes nomes de acordo com a respectiva estrutura que se projeta e cria essa formação peritoneal, de maneira que o mesentério é o meso referente ao intestino delgado, o mesocolo refere-se ao cólon e o mesoapêndice refere-se ao apêndice vermiforme.
Os omentos são pregas de dupla camada de peritônio com tecido adiposo em seu interior que partem do estômago ou do duodeno e seguem em direção a outros órgãos, estando presentes dois omentos: o omento maior e o omento menor. O omento maior é uma prega de 4 camadas que origina-se na curvatura maior do estômago e na parte proximal do duodeno e insere-se na face anterior do colo transverso e no mesocolo transverso. Já o omento menor possui apenas 2 camadas e liga a curvatura menor do estômago e a parte proximal do duodeno ao fígado.
Os ligamentos peritoneais são camadas duplas de peritônio que unem, por meio da cavidade peritoneal, órgãos intraperitoneais entre si ou um órgão intraperitoneal à parede abdominal, sendo responsáveis por fixarem os órgãos em seu determinado local. Diante disso, cada ligamento recebe um nome referente às estruturas às quais ele estabelece conexão, estando presentes, por exemplo, os ligamentos hepatogástrico (entre o fígado e o estômago), hepatoduodenal (entre o fígado e o duodeno), gastrofrênico (entre o estômago e o diafragma), gastroesplênico, gastrocólico, entre outros.
Ademais, os órgãos intraperitoneais possuem áreas nuas, as quais são áreas não cobertas por peritônio, essenciais para entrada e saída de estruturas neurovasculares.
Também, existem as pregas peritoneais, que são relevos presentes no peritônio gerados pela passagem de estruturas subjacentes a ele, como vasos sanguíneos, ductos ou ligamentos derivados de vasos obliterados. Além disso, há os recessos peritoneais, que são bolsas de cavidade peritoneal formadas entre estruturas.

VASOS SISTÊMICOS INTRA-ABDOMINAIS

VASCULARIZAÇÃO ARTERIAL:
A artéria aorta descendente abdominal, contínua, com a artéria aorta descendente torácica ao passar pelo hiato aórtico do diafragma, é o principal vaso arterial sistêmico para irrigação das estruturas no interior do abdome, já que ela é origem de múltiplas artérias essenciais para condução do sangue arterial para diversos órgãos. Dentre os principais ramos da artéria aorta abdominal, destacam-se, na ordem de superior para inferior, o tronco celíaco, a artéria mesentérica superior e a artéria mesentérica inferior.
O tronco celíaco é o primeiro grande ramo da artéria aorta abdominal, de maneira que ele é originado logo abaixo do hiato aórtico e segue em direção anteroinferior por um curto trajeto, trifurcando em artéria hepática comum, artéria esplênica e artéria gástrica esquerda.
A artéria hepática comum segue pelo retroperitônio em direção lateral direita, até atingir posição próxima ao ligamento hepatoduodenal, onde bifurca-se nas artérias hepática própria e gastroduodenal. A artéria hepática própria, em seu trajeto ascendente ao hilo hepático, emite a artéria gástrica direita (segue em direção da curvatura menor do estômago), e, próxima ao hilo hepático, bifurca-se em artérias hepáticas direita (emite a artéria cística que irriga a vesícula biliar) e esquerda, as quais penetram o hilo hepático para irrigar, respectivamente, os lobos direito e esquerdo do fígado. Já a artéria gastroduodenal desce pelo retroperitônio posteriormente à junção gastroduodenal e bifurca-se em artéria gastromental direita (segue pelo omento maior até atingir a curvatura maior do estômago) e artéria pancreatico-duodenal superior (divide-se nos ramos anterior e posterior, os quais irrigam a cabeça do pâncreas e a parte proximal do duodeno).
A artéria esplênica caminha pelo retroperitônio em direção lateral esquerda, seguindo ao longo da margem superior do pâncreas, trajeto pelo qual ela emite a artéria gastromental esquerda (segue pelo interior do omento maior até a curvatura maior do estômago), até atingir o hilo esplênico, sendo responsável, portanto, por irrigar o baço.
A artéria gástrica esquerda ascende pelo retroperitônio até o hiato esofágico do diafragma, onde emite um ramo para irrigação do esôfago e curva-se inferiormente em direção à curvatura menor do estômago para irrigar essa região.
A artéria mesentérica superior é o segundo ramo de superior para inferior dentre os principais da aorta abdominal. Essa artéria, logo ao ser originada, emite como ramo a artéria pancreatico-duodenal inferior (divide-se em ramos anterior e posterior, sendo responsáveis por irrigar a cabeça do pâncreas e a parte distal do duodeno). Após isso, ela segue trajeto descendente e penetra no mesentério, onde dá origem às artérias jejunais e ileais, as quais irrigam o jejuno e o íleo. Ademais, essa artéria também é responsável por irrigar o ceco, o cólon ascendente e o cólon transverso por meio, respectivamente, das artérias ileocólica , cólica direita e cólica média.
A artéria mesentérica inferior origina-se abaixo das artérias renais, pouco antes da artéria aorta abdominal bifurcar nas artérias ilíacas comuns. Essa artéria é responsável por irrigar o cólon descendente, o cólon sigmoide e parte do reto por meio, respectivamente, da artéria cólica esquerda, das artérias sigmoideas e da artéria retal superior.

VASCULARIZAÇÃO VENOSA:
O abdome possui um sistema duplo de drenagem venosa, sendo eles o sistema porta-hepático e o sistema cava inferior.
O sistema cava inferior é composto principalmente pela veia cava inferior, de maneira que ela é responsável por drenar todo o sangue proveniente das veias da região infra-umbilical da parede abdominal.
O sistema porta-hepático possui como principal vaso a veia porta-hepática (uma veia porta, ou seja, uma veia que, após ser formada e receber sangue de veias formadas a partir de capilares, dá origem a capilares ao invés de realizar o retorno venoso direto para o coração). Essa veia é formada, em região posterior ao colo do pâncreas, pela união de duas outras grandes veias: a veia mesentérica superior e a veia esplênica. Após ser formada, ela ascende em direção ao pedículo hepático e penetra no fígado. Também, nesse trajeto, a veia porta-hepática apresenta como tributárias as veias gástricas direita e esquerda.
A veia mesentérica superior é uma veia ascendente que parte do mesentério e vai de encontro com a veia esplênica para formar a veia porta. Ela possui como tributárias as veias jejunais e ileais, as veias cólica direita e cólica média, a veia pancreatico-duodenal inferior e a veia ileocólica, além da veia gastromental direita, de maneira que ela é responsável por drenar parte do estômago, parte do pâncreas, a parte mais distal do duodeno e as alças intestinais desde o jejuno até o colo transverso.
A veia esplênica é formada no interior do baço e caminha pela margem superior do pâncreas, de maneira que ela é responsável por drenar o sangue do baço, de parte do pâncreas e da parte proximal do duodeno, bem como parte do estômago, já que apresenta como tributárias as veias pancreatico-duodenal superior, gastromental esquerda e gástricas curtas. Além disso, essa veia possui como tributária a veia mesentérica inferior.
A veia mesentérica inferior é uma veia ascendente que origina-se a partir da fusão das veias cólica esquerda, sigmoideas e retal superior, sendo, portanto, responsável por drenar o sangue do cólon descendente, do cólon sigmoide e do terço superior do reto. Essa veia ascende até ir de encontro com a veia esplênica, estrutura na qual ela deságua, porém, podem ocorrer variações anatômicas, nas quais a veia mesentérica inferior pode desaguar na veia mesentérica superior ou no ponto de encontro entre as veias esplênica e mesentérica superior no local de formação da veia porta-hepática.
Diante disso, o sistema porta-hepático é responsável por drenar o sangue de todas as estruturas do tubo digestório entre o estômago e o terço superior do reto, bem como realiza drenagem do pâncreas e do baço, o que é essencial para o desempenho do fígado de sua função metabólica no organismo.
Após a entrada da veia porta-hepática no fígado, ela ramifica-se e dá origem a diversos capilares, de maneira que, após isso, são formadas as veias hepáticas direita, intermédia e esquerda. Essas veias saem pela região superior do fígado e desembocam na veia cava inferior, para que o sangue rico em nutrientes advindo do sistema digestório seja distribuído para o resto do organismo pelo coração.
As anastomoses porto-sistêmicas são pontos de anastomose entre veias que drenam primariamente para o sistema porta e veias tributárias principalmente do sistema cava inferior. Essas anastomoses ocorrem principalmente na tela submucosa da parte inferior do esôfago (local onde há anastomoses entre as veias esofágicas – drenam para o sistema veia cava superior – e as veias do estômago – drenam para o sistema porta-hepático), na tela submucosa do reto (anastomose entre a veia retal superior – drena para o sistema porta-hepático – e as veias retais média e inferior – drenam para o sistema cava inferior) e na região umbilical (as veias paraumbilicais – drenam para o sistema porta – anastomosam-se com as veias superficiais da parede anterolateral do abdome – drenam para os sistemas cava superior e inferior), de maneira que, sob aumento da pressão no sistema porta-hepático por impedimento ao fluxo sanguíneo nesse sistema, o sangue pode fluir por meio dessas anastomoses e passar direto para a circulação sistêmica, o que gera sobrecarga dessas veias, gerando seu ingurgitamento (no esôfago, as varizes esofágicas, no reto, as hemorroidas, e na região periumbilical, a circulação colateral em cabeça de medusa).

SISTEMA DIGESTÓRIO
TUBO DIGESTÓRIO

O tubo digestório do corpo humano é uma estrutura composta por diversos órgãos, os quais possuem como principal função digerir e absorver os nutrientes provenientes da alimentação.
A cavidade oral e a orofaringe são as primeiras estruturas do tubo digestório, de maneira que elas já foram abordadas na seção de via respiratória, já que essas estruturas são compartilhadas para ambas as vias.
ESÔFAGO:
O esôfago é um tubo fibromuscular que conecta a faringe ao estômago (por meio da junção faringoesofágica, na altura da cartilagem cricóidea), passando pelo pescoço, pelo tórax, pelo hiato esofágico do diafragma e por uma pequena parte do abdômen.
A parte cervical do esôfago (terço superior) corresponde ao terço que passa pela região cervical e pela parte superior da cavidade torácica, sendo denominado terço superior voluntário, já que ela apresenta musculatura estriada esquelética, atuando principalmente na deglutição. O terço médio apresenta uma mistura entre musculatura lisa e esquelética, enquanto o inferior apenas apresenta musculatura esquelética.
Quando o esôfago está vazio, seu lúmen assemelha-se a uma fenda, enquanto, quando há passagem do bolo alimentar, ele dilata-se e tende a assumir um formato cilíndrico, passagem do qual promove peristaltismo dos 2/3 inferiores do esôfago. Independentemente do preenchimento do lúmen esofágico, ele apresenta 3 constrições geradas pela passagem de estruturas adjacentes a ele: constrição cervical (presente na junção faringoesofágica), constrição broncoaórtica e constrição diafragmática.
Essa estrutura não é revestida por pleura, sendo aderida às estruturas adjacentes (como a traqueia) por meio de tecido conjuntivo frouxo (camada adventícia), com exceção da parte abdominal que é revestida pelo peritônio.
Ela é irrigada pelas artérias e veias tireóideas inferiores na parte cervical, por artérias esofágicas que são ramos diretos da aorta descendente torácica em sua parte torácica e pela artéria gástrica esquerda do tronco celíaco. Além disso, é drenado pelas veias esofágicas que desembocam no sistema ázigo (na parte torácica) e pela veia gástrica esquerda que desemboca no sistema porta (na parte abdominal).
A histologia do esôfago apresenta 4 camadas (de interna para externa, respectivamente):

  • A camada mucosa apresenta um epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado, com uma lâmina própria subjacente que apresenta glândulas mucosas apenas na parte abdominal do esôfago e é rico em células e agregados linfoides. A parte mais externa dessa mucosa é a muscular da mucosa, uma camada descontínua e relativamente espessa de musculatura lisa organizada longitudinalmente, a qual auxilia na deglutição.
  • Abaixo da mucosa, há a submucosa, a qual é constituída de um tecido conjuntivo denso não modelado altamente vascularizado e com tecidos linfáticos difusos e nodulares, além de apresentar, em sua profundidade, o plexo submucoso (plexo de Meissner).
  • Subjacente a isso, há a camada muscular própria, dividida em camada circular interna e longitudinal externa, as quais, em conjunto, formam uma distribuição em espiral das fibras musculares. Entre essas camadas há o plexo mioentérico (plexo de Auerbach).
  • Na parte mais externa, há a camada adventícia no esôfago acima do diafragma e o peritônio visceral abaixo do diafragma.
    O esôfago termina na junção esofagicogástrica, a qual está na altura do apêndice xifóide.

ESTÔMAGO:
O estômago é uma parte expandida do tubo digestório que possui como grande função armazenar alimento ingerido, além de secretar substâncias e realizar movimentos que contribuem para a digestão mecânica e química do alimento. Sua posição varia de acordo com o biotipo da pessoa e de acordo com o movimento das estruturas do corpo (como o diafragma).
Ele é dividido em 4 regiões: o cárdia (corresponde à parte que circunda o óstio cárdico, onde há o esfíncter cárdia), o fundo gástrico (região mais superior que forma uma abóbada, limitada inferiormente pelo plano horizontal do óstio cárdico, podendo ser dilatado principalmente por gases), o corpo gástrico (maior parte, presente entre o antro pilórico e o fundo) e a parte pilórica/antro pilórico (região afunilada da saída do estômago, na qual o antro pilórico afunila o alimento para o canal pilórico, local onde está o piloro, esfíncter que regula a abertura do óstio pilórico).
Além disso, o estômago apresenta duas curvaturas, a curvatura menor e a curvatura maior. Na curvatura menor, há a incisura angular, local de junção entre o corpo gástrico e a parte pilórica do estômago. Ademais, entre o fundo do estômago e o cárdia, há a incisura cárdica. Essas curvas conferem o formato de J para o estômago da maior parte das pessoas.
Quando contraída, a musculatura gástrica forma as pregas gástricas longitudinais, as quais são mais acentuadas na região inferior do estômago, e, durante a deglutição, formam o canal gástrico, o qual é temporário e desenvolve-se entre as pregas na curvatura menor, sendo formado porque nessa região não há a camada circular interna da muscular própria do estômago.
O estômago é irrigado pelas artérias gástricas direita e esquerda (as quais anastomosam-se e irrigam a curvatura menor) e pelas artérias gastromentais direita e esquerda (irrigam a curvatura maior), além das artérias gástricas curtas e posteriores (irrigam o fundo e a parte superior do estômago), sendo todas originadas do tronco celíaco.
Essa estrutura é drenada pelas veias correspondentes às artérias, de maneira que ela é drenada pelas veias gástricas direita e esquerda (drenam para a veia porta), pelas veias gástricas curtas e veia gastromentais esquerdas (drenam para a veia esplênica), pela veia gastromental direita (drena para a veia mesentérica superior) e pela veia pré-pilórica (drena para a veia gástrica direita).
Os vasos linfáticos gástricos drenam para os linfonodos gástricos e gastromentais, os quais desembocam nos linfonodos celíacos. Além disso, ele é inervado pelo plexo celíaco, o qual age sobre o sistema nervoso entérico (plexo mioentérico e submucoso).
Histologicamente, o estômago apresenta constituição em camadas semelhante ao esôfago abdominal, porém elas variam de acordo com as regiões histológicas do estômago, que são a região cárdica (próximo ao cárdia e seu óstio), a região pilórica (região do piloro e a parte do antro mais próxima do piloro) e a região fúndica (maior parte, localizada entre a região cárdica e pilórica).
Ele é revestido internamente, em todas as suas regiões, pela mucosa gástrica, a qual apresenta um epitélio simples colunar de células mucosas como revestimento (produzem muco insolúvel, o qual tem alta concentração de bicarbonato, o que protege a mucosa contra o HCl). Subjacente a ele, há a lâmina própria, a qual é escassa e presente apenas entre as fovéolas gástricas, sendo composta por tecido conjuntivo frouxo rico em fibras reticulares e células do sistema imune. Em sua região mais externa, há a muscular da mucosa, a qual é composta por uma camada fina e contínua, composta de uma camada longitudinal externa e uma camada circular interna, além de poder apresentar uma terceira camada circular, tendo a principal função de movimentação de secreções.
A muscular própria apresenta 3 camadas, uma camada longitudinal externa, uma circular média e uma oblíqua interna, sendo que a longitudinal pode estar ausente nas partes anteriores e posteriores e a circular é pouco desenvolvida na região periesofágica. Entre as camadas, há o plexo mioentérico.
A submucosa e a serosa gástrica são iguais às esofágicas.
As pregas gástricas, juntamente com as áreas mamilares, são regiões que aumentam a superfície de contato da parede estomacal com o alimento, além de permitirem a distensão estomacal.
As regiões histológicas são delimitadas de acordo com os tipos de glândulas presentes na mucosa gástrica.
A região fúndica apresenta as glândulas fúndicas, as quais são tubulares simples ramificadas, possuindo a fovéola (abertura externa), o istmo (ducto presente abaixo da fovéola, local de acúmulo de células tronco que repõem as células do epitélio da mucosa que possuem meia vida baixa), colo da glândula (local de ramificação da glândula), o segmento estreito (entre o colo e o fundo) e o fundo da glândula. Essas glândulas possuem a função de produzir e secretar o HCl, o muco (forma a barreira fisiológica da mucosa, impedindo a agressão da mucosa pelo HCl), a pepsina (secretada na forma de pepsinogênio e ativada pelo HCl), o fator intrínseco (importante para absorção de cobalamina) e alguns hormônios (como a gastrina).
Essas glândulas são compostas pelas seguintes células: células mucosas do colo (presentes no colo da glândula e produzem o muco solúvel), células parietais (secretam pepsinogênio), células parietais (presentes principalmente no colo das glândulas, secretam, por meio de bombas de prótons e Cl, o HCl, além de secretar o fator intrínseco), células enteroendócrinas (também denominadas de neuroendócrinas, presentes em todos os níveis das glândulas fúndicas e atuam como quimiorreceptores, gerando uma liberação hormonal com base no conteúdo do lúmen estomacal).
As glândulas cárdicas, presentes na região cárdica, são glândulas tubulares que podem apresentar ramificações, tendo como principal função produzir muco, sendo semelhantes às glândulas mucosas cárdicas do esôfago
As glândulas pilóricas, presentes na região do piloro, são glândulas tubulares espiraladas e ramificadas, possuindo função de secreção de muco.
As células de revestimento das mucosas da superfície são renovadas a cada 3 a 5 dias pelas células tronco do istmo das glândulas fúndicas, enquanto as células das glândulas possuem longa meia vida.

INTESTINO DELGADO:
O intestino delgado é composto pelo duodeno, pelo jejuno e pelo íleo, sendo o principal local de absorção de nutrientes.
O duodeno é a primeira parte do intestino delgado, começando no piloro e terminando na flexão duodenojejunal, possuindo uma parte superior, uma parte descendente, uma parte inferior e uma parte ascendente, nessa ordem. A parte superior (ou ampola duodenal) ascende a partir do piloro, sendo coberta por peritônio apenas anteriormente e apresentando o ligamento hepatoduodenal em sua região proximal. A parte descendente curva-se ao redor da cabeça do pâncreas no retroperitôneo e recebe secreções do ducto colédoco (libera bile) e do ducto pancreático principal, os quais unem-se na ampola hepatopancreática e desembocam na papila maior do duodeno, localizada em sua parte posteromedial. A parte inferior caminha juntamente com a artéria e a veia mesentéricas superiores na região retroperitoneal. A parte ascendente passa do retroperitônio para a cavidade peritoneal e une-se ao jejuno e possui o músculo suspensor do duodeno, o qual aumenta o diâmetro da flexura duodenojejunal, de modo a promover um mais fácil fluxo do alimento. Ele é suprido pelas artérias gastroduodenal e pandreaticoduodenal superior (derivados do tronco celíaco) e a artéria pancreática inferior (originada da mesentérica superior), além de ser drenado pelas veias duodenais para a veia porta.
O jejuno (inicia na flexura duodenojejunal, ou ângulo de Treitz) e o íleo (termina na junção ileocecal) são a maior parte do intestino delgado, sendo o íleo maior que o jejuno. Essas estruturas são fixadas pelo mesentério (prega do peritônio em formato de leque) à parede posterior do abdome, possuindo cerca de 20 cm de largura e acompanhando todo o jejuno e o íleo. Entre as duas camadas de mesentério estão todos os vasos e nervos que estabelecem conexão com o jejuno e o íleo.
A artéria mesentérica superior irriga, por meio das artérias jejunais e ileais, o jejuno e o íleo. Ela origina-se da aorta abdominal e envia vários ramos para o intestino, os quais anastomosam-se nos arcos arteriais e emitem os vasos retos. O jejuno e o íleo são drenados pela veia mesentérica superior, que se une à veia esplênica para formar a veia porta.
Nas vilosidades intestinais, há os vasos linfáticos lactíferos, os quais são especializados na absorção e drenagem de gorduras da alimentação para o sangue. O jejuno e o íleo são inervados pelo plexo mesentérico superior.
Histologicamente, o intestino delgado é revestido pelos enterócitos, células que possuem microvilosidades e são especializadas na absorção de nutrientes.
Ele apresenta em todas as suas regiões pregas circulares (transversais e permanentes, que apresentam um eixo central de submucosa), vilosidades (projeções digitiformes, semelhantes a folhas, estruturadas a partir da lâmina própria da mucosa e recobrem toda a parede intestinal) e microvilosidades (projeções celulares de enterócitos, vistas ao microscópio como bordas estriadas) que promovem uma maior superfície de contato e absorção entre intestino e alimento. As vilosidades apresentam, em seu interior, ductos galactóforos, os quais são ductos linfáticos responsáveis por absorver nutrientes intestinais. A muscular da mucosa presente nas vilosidades possui a função de encurtar e alongar as vilosidades, o que promove o fluxo de linfa nesses ductos.
As glândulas intestinais (ou criptas de Lieberkuhn) são tubulares simples que se estendem por toda a lâmina própria e a muscular da mucosa e secretam muco. Na lâmina própria da mucosa intestinal há uma grande quantidade de nódulos de tecido linfático, os quais constituem as placas de Peyer da GALT.
O epitélio da mucosa intestinal é composto por cinco diferentes tipos de células: enterócitos (absorvem nutrientes e possuem as microvilosidades formadas pela trama terminal de actina celular), células caliciformes (secretam muco), células de Paneth (mantém a imunidade de mucosa secretando antimicrobianos, sendo importantes para a regulação da flora intestinal), células enteroendócrinas e células M (especializadas no transporte de microrganismos do lúmen intestinal para as placas de Peyer, possuindo micropregas em sua porção mais externa, as quais possuem muitos glicocálices que ligam-se aos antígenos e aderem-se a eles para o transporte).
As células desse epitélio estabelecem entre si numerosas zônulas de adesão e oclusão, de maneira que isso condiciona uma absorção seletiva de substâncias no intestino, sendo essa absorção mediada pelos enterócitos, os quais realizam o transporte ativo dos compostos digeridos para o tecido intestinal, e, posteriormente, para o sangue. Ademais, é possível realizar também o transporte por dragagem do solvente (a célula torna-se hipotônica por promover efluxo ativo de sódio, o que promove a absorção de sódio e água por ela). As paredes laterais dos enterócitos apresentam pregas laterais, as quais distendem-se aumentando o volume celular durante uma absorção intestinal. Ademais, esses enterócitos também secretam enzimas para a degradação final dos nutrientes provenientes da alimentação
As células intermediárias, encontradas na metade inferior da glândula intestinal, são células tronco que se diferenciam em enterócitos e células caliciformes para sua reposição.
A IgA secretória é liberada na superfície mucosa do intestino e atua para a imunidade da mucosa.
A submucosa do intestino delgado é composta de tecido conjuntivo frouxo, e apresenta, no duodeno, as glândulas de Brunner (glândulas submucosas do duodeno), as quais são tubulosas ramificadas e possuem a função de secretar muco, proteínas alcalinas e bicarbonato para alcalinizar o quilo proveniente do estômago.
A muscular própria e a serosa apresentam constituição semelhante à do esôfago abdominal.

INTESTINO GROSSO:
O intestino grosso é o local de absorção de água dos resíduos não digeríveis, convertendo-os em fezes, que são armazenadas temporariamente e, posteriormente, excretadas. O intestino grosso é composto pelo ceco, pelo apêndice vermiforme, pelo cólon ascendente, pelo cólon transverso, pelo cólon descendente, pelo colón sigmoide, pelo reto e pelo ânus.
O intestino grosso é visivelmente diferente do delgado pois apresenta apêndices omentais do colo (pequenas projeções adiposas), tênias do colo (faixas longitudinais distintas, sendo algumas responsáveis por fixação do intestino), saculações (dilatações entre as pregas semilunares) e maior calibre.
O ceco é a primeira parte do intestino grosso, sendo revestido completamente por peritônio e não apresentando mesentério, porém apresenta pregas do peritônio para sua fixação. A parte terminal do íleo comunica-se com ele, de maneira que ela realiza uma invaginação sobre o ceco, o que gera o óstio ileal e os lábios ileocólicos superior e inferior, que, conjuntamente formam o frênulo do óstio ileal, que atua como uma válvula unidirecional, de maneira que, sob contração tônica, os lábios fecham-se e formam a papila ileal, que impede o retorno do conteúdo do ceco para o íleo. Do ceco origina-se posteromeidalmente inferiormente à junção ileocecal, o apêndice vermiforme, o qual apresenta massa de tecido linfoide e o mesoapêndice (um meso curto em formato triangular). A irrigação do ceco é feita pela artéria ileocólica (derivada da mesentérica superior), a qual emite a artéria apendicular para irrigação do apêndice. A drenagem do ceco ocorre por meio da veia ileocecal tributária da mesentérica superior.
O colo ascendente ascende pela parte lateral direita do corpo até o fígado, onde dobra-se à esquerda na flexura direita do colo (flexura hepática), possuindo o sulco paracólico direito (sulco vertical profundo). Essa estrutura apresenta mesentério e é irrigada pelas artérias ileocólica e cólica direita (derivadas da mesentérica superior), as quais anastomosam-se formando o arco justacólico, e, posteriormente, irrigando o cólon. Sua drenagem é feita para as veias cólica direita e ileocólica (tributárias da veia mesentérica superior).
O colo transverso inicia-se na flexura direita e termina na flexura esquerda do colo (flexura esplênica). Ela fixa-se ao diafragma por meio do ligamento frenocólico e apresenta o mesocolo transverso (mesentério). O colo transverso é irrigado pela artéria cólica média (ramo da mesentérica superior), porém pode anastomosar-se com as artérias cólicas direita e esquerda, formando o arco justacólico. Essa estrutura é drenada pela veia mesentérica superior.
O colo descendente desce pelo lado esquerdo do corpo, possuindo o sulco paracólico esquerdo.
O colo sigmoide possui uma alça em formato de S e une o colo descendente ao ânus. Ele possui um longo mesentério (mesocólon sigmóide), o que confere a ele grande liberdade de movimento.
Tanto o colo sigmoide quanto o colo descendente são irrigadas pelas artérias cólica esquerda e sigmóidea (ramos da artéria mesentérica inferior) e drenados pela veia mesentérica inferior.
O reto e o ânus são contínuos com o cólon sigmóide.
Histologicamente, esse órgão apresenta bastante semelhança com o intestino delgado.
A mucosa do intestino grosso apresenta epitélio quase igual ao do intestino delgado, porém, apresenta células absortivas colunares (não produz enzimas digestivas e é especializada em absorção de líquido) ao invés das mesentéricas, além de não apresentarem células de Paneth. A lâmina própria possui maior desenvolvimento, de maneira que apresenta uma camada de colágeno entre a lâmina basal epitelial e os capilares absortivos (atua na regulação do transporte de água e eletrólitos do meio intercelular para os vasos), a bainha de fibroblastos pericriptais (fibroblastos bem desenvolvidos que estão presentes nas adjacências das células-tronco das glândulas intestinais, de maneira que diferenciam-se em células de característica morfológica semelhante a macrófagos), o GALT (contínuo com o íleo e sendo mais desenvolvido no intestino grosso, para que haja maior defesa contra a flora de microrganismos local) e os vasos linfáticos (presentes em muito menor quantidade).
A muscular própria assemelha-se a do delgado, porém apresenta proeminentes faixas longitudinais da camada muscular longitudinal externa, denominadas tênias do cólon, que também penetram na camada circular interna, permitindo contração independente no cólon, o que forma as saculações. No reto, no ânus e no apêndice, a camada longitudinal externa é mais espessa.
A submucosa e a serosa são semelhantes à do intestino delgado.

ÓRGÃOS ASSOCIADOS AO TUBO DIGESTÓRIO

FÍGADO:
O fígado é a maior glândula do corpo e o segundo maior órgão (apenas menor que a pele), sendo o principal órgão do metabolismo do indivíduo (principalmente do metabolismo dos nutrientes provenientes da alimentação), bem como o principal órgão hematopoiético do 2º ao 7º mês de gestação. Além desse papel, ele armazena glicogênio e secreta a bile.
Esse órgão está localizado profundamente ao hipocôndrio direito (lobo direito) e ao epigástrio (lobo esquerdo), estando, portanto, no quadrante superior direito do abdome, sendo posicionado logo abaixo do lado direito do diafragma e sendo protegido pelas costelas. Ademais, sob a inspiração, ele movimenta-se para baixo em decorrência da contração do diafragma, sendo um mecanismo importante para a palpação desse órgão.
Em sua parte externa, o fígado possui uma série de ligamentos, os quais fixam esse órgão em seu adequado posicionamento. São eles os ligamentos falciforme, redondo (remanescente da veia umbilical, o qual liga o fígado à cicatriz umbilical), coronário (ligamento mais importante, sendo o principal responsável pela fixação do fígado em sua posição ao ligá-lo ao diafragma, sendo dividido em lâmina anterior/superior e posterior/inferior, além de ser contínuo com o ligamento falciforme), triangulares direito e esquerdo (formados no local de encontro entre as lâminas do ligamento coronário) e venoso (remanescente do ducto venoso fetal, estando presente entre a veia porta e a veia cava inferior) do fígado.
Além disso, a veia cava inferior atua como estrutura de sustentação e posicionamento do fígado, já que, como há as veias hepáticas que drenam o sangue do fígado para essa veia, as quais possuem abundantes ramificações por todo o órgão, essas veias atuam como mecanismo de sustentação do órgão, fixando-o à veia cava.
Também, o fígado apresenta duas faces, sendo elas a face diafragmática e a face visceral:
A face diafragmática é a face anterossuperior do fígado e apresenta formato convexo (de cúpula), estando em íntima relação com a concavidade da face inferior do diafragma. Entre o fígado e o diafragma há os recessos subfrênicos, os quais são extensões da cavidade peritoneal, de maneira que nesses locais o fígado é revestido pelo peritônio visceral e o diafragma pelo peritônio parietal, sendo eles os recessos direito e esquerdo, separados pelo ligamento falciforme. Contudo, na parte mais posterior da região superior e por quase toda a parte posterior do fígado, há a área nua, a qual consiste numa região do fígado que não é revestida por peritónio, sendo ela delimitada pelos ligamentos coronário e triangulares direito e esquerdo.
A face visceral do fígado é a face posteroinferior e estabelece contato com os demais órgãos e também é recoberta por peritônio, com exceção da área nua ali localizada. Nessa região a área nua apresenta o sulco da veia cava, local onde há a passagem da veia cava inferior pela parte posterior do fígado. Ademais, na face visceral recoberta por peritônio, há o pedículo hepático (ou porta/hilo hepático, local de entrada de vasos sanguíneos, saída de vasos linfáticos, entrada do plexo nervoso hepático e saída do ducto biliar, sendo uma região não revestida por peritônio) e a vesícula biliar (também não recoberta por peritônio). Também, nesse local, há o H hepático, o qual é formado pelas fissuras sagitais direita (sulco formado no alinhamento entre o sulco da veia cava e a fossa da vesícula biliar) e esquerda (também chamada de fissura umbilical formada pela fissura do ligamento redondo e pela fissura do ligamento venoso) e pelo pedículo do fígado.
Além disso, na face visceral, há o recesso hepatorrenal (bolsa de Morison), a qual está situada entre a parte direita dessa face e o rim e a glândula suprarrenal direitos.
Esse órgão é dividido anatomicamente em lobos, sendo dois lobos anatômicos e dois lobos acessórios, sendo eles delimitados por diversas estruturas (como fissuras, reflexões de peritônio, vasos e ductos biliares). Os lobos anatômicos são separados anteriormente pelo ligamento falciforme e posteriormente pela fissura sagital esquerda, sendo eles o lobo hepático direito (grande) e o lobo hepático esquerdo (pequeno). Já os lobos acessórios, presentes apenas na parte posterior, são delimitados pelo H do fígado, sendo eles o lobo quadrado (inferior) e o lobo caudado (superior). Essa divisão leva em consideração apenas o formato externo do fígado, não apresentando uma relação direta com a arquitetura interna do fígado, sendo esses lobos, portanto, ditos lobos superficiais ou falsos.
Sob o ponto de vista funcional, mesmo que o parênquima pareça contínuo e não haja marcações, o fígado é dividido em duas partes independentes, sendo elas a parte direita e a parte esquerda (semelhantes aos lobos anatômicos, sendo a parte direita um pouco maior que o lobo anatômico direito). Nessa divisão, cada parte recebe um ramo da artéria hepática, um ramo da veia porta, drena para uma veia hepática e possui um ducto biliar, sendo, portanto, feita a partir da tríade portal (conjunto de artéria hepática, veia porta e ducto hepático comum).
O lobo caudado, do ponto de vista funcional, é diferente das partes direita e esquerda, já que ele é vascularizado por vasos de ambas as partes e drena por meio de uma a duas pequenas veias diretamente para a cava inferior.
Por sua vez, o fígado ainda pode ser subdividido em 8 segmentos hepáticos. Os segmentos II, III e IV fazem parte da parte esquerda do fígado e recebem individualmente ramos terciários esquerdos (ramos dos ramos esquerdos secundários) da tríade portal, enquanto os segmentos V, VI, VII e VIII recebem ramos terciários direitos da tríade portal. Já o segmento I é correspondente ao lobo acessório caudado, o que o torna diferente do restante. Esses segmentos são importantes pois eles são individualmente cirurgicamente ressecáveis, o que é essencial, por exemplo, no caso de um tumor do órgão.
A vascularização do fígado possui irrigação dupla e drenagem única. Sua irrigação é feita pela artéria hepática própria (ramo da hepática comum, a qual é derivada do tronco celíaco, proveniente da aorta abdominal) e pela veia porta-hepática (recebe sangue venoso proveniente da veia mesentérica superior e esplênica, sendo esse sangue proveniente de todo o TGI abdominal do esôfago abdominal até o terço proximal do reto), de maneira que a veia porta-hepática possui a função de carrear os nutrientes provenientes da alimentação para o fígado para que sejam processados e distribuídos ao corpo (já que se isso não ocorresse esses nutrientes não processados seriam tóxicos ao organismo), enquanto a artéria hepática própria possui a função de transportar oxigênio (já que a veia porta é pobre em O2) e nutrientes numa situação de jejum (na situação pós-prandial o fígado é diretamente nutrido pela veia porta) para suprir as necessidades do parênquima hepático. Ao chegarem no interior do fígado, a artéria hepática própria e a veia porta dividem-se em ramos direito e esquerdo, os quais subdividem-se novamente para irrigarem os segmentos hepáticos.
Todo o parênquima hepático é drenado para as veias hepáticas direita, intermédia e esquerda (com exceção do lobo caudado, que possui drenagem direta para a veia cava inferior), as quase recebem sangue das veias coletoras, que, por sua vez, drenam as veias centrais do parênquima hepático. As veias hepáticas são tributárias da veia cava inferior, de maneira que esses vasos emergem do fígado não em seu pedículo, mas sim em sua região superior, em proximidade ao sulco da veia cava inferior.
O fígado é inervado pelo plexo hepático, o qual deriva do plexo celíaco (simpático) e do nervo vago (parassimpático), os quais adentram no fígado pelo pedículo hepático.

PÂNCREAS:
O pâncreas é uma glândula mista, sendo composto por uma parte endócrina (ilhotas de Langerhans), secretora de insulina e glucagon, e uma parte exócrina (parênquima de células acinosas pancreáticas), secretoras do suco pancreático, o qual é composto de proteases (tripsina e quimiotripsina), lipases (lipase pancreática, colesterol esterase e fosfolipase A2), amilase pancreática, ribonucleases e desoxirribonucleases.
Esse é um órgão retroperitoneal, estando presente atrás do estômago, entre o duodeno e o baço. Ele é dividido em 4 partes, sendo elas:
A cabeça do pâncreas é a região mais à direita do órgão e corresponde a um local de expansão dessa glândula se comparado ao restante. Ela é circundada pelo C duodenal e apresenta o processo uncinado, uma projeção inferomedial dessa glândula que passa por trás da artéria e da veia mesentéricas superiores, estando logo acima da parte transversa/inferior do duodeno. Posteriormente a essa cabeça, estão presentes a veia cava inferior e a artéria e veia renais direitas, e veia renal esquerda. Presente num sulco posterossuperior dessa região está o ducto colédoco.
O colo do pâncreas é uma região curta situada entre a cabeça e o corpo desse órgão. Ele, além de apresentar posteriormente, a artéria mesentérica superior e a veia mesentérica superior, está adjacente ao piloro do estômago.
O corpo do pâncreas está presente à esquerda do colo e está presente anteriormente à aorta abdominal, à artéria mesentérica superior, à suprarrenal esquerda, ao rim esquerdo e aos vasos renais esquerdos. Sua face anterior é recoberta por peritônio, enquanto o restante de sua estrutura apresenta apenas uma camada adventícia separando-a de estruturas adjacentes (como a aorta).
A cauda do pâncreas é uma região mais afilada e móvel, situada anteriormente ao rim esquerdo e estando próxima do hilo esplênico e da flexura esquerda do cólon.
O ducto pancreático inicia-se na cauda do pâncreas e percorre todo o órgão até chegar à sua cabeça, onde ele se volta inferiormente e, posteriormente, une-se com o ducto colédoco para formar a ampola hepatopancreática (de Vater), a qual é curta e dilatada e abre-se na papila duodenal maior (presente na região posteroinferior da parede da parte descendente do duodeno). Nessa confluência, há 3 esfíncteres: o esfíncter do ducto colédoco, o esfíncter do ducto pancreático e o esfíncter da ampola hepatopancreática (de Oddi) presente na papila duodenal maior, sendo eles responsáveis por regularem o fluxo de secreções para o duodeno. Esse ducto pancreático possui a função de drenar principalmente a secreção exócrina do colo, do corpo e da cauda do pâncreas para o duodeno.
O ducto pancreático acessório é um pequeno ducto pancreático presente apenas na cabeça do pâncreas, sendo responsável principalmente por drenar a secreção da cabeça do pâncreas. Ele é ligado ao ducto pancreático e drena para a papila duodenal menor.
O pâncreas é irrigado principalmente por ramos da artéria esplênica (derivada do tronco celíaco), sendo também irrigado por ramos das artérias gastroduodenal (artérias pancreaticoduodenais superiores anterior e posterior) e mesentérica superior (artérias pancreaticoduodenais inferiores anterior e posterior).
Sua drenagem venosa é feita por meio das veias pancreáticas, as quais drenam para a veia mesentérica superior e, principalmente, para a veia esplênica.
A inervação do pâncreas é feita por meio do nervo vago (parassimpático) e pelo nervo esplâncnico, os quais chegam ao pâncreas por meio do plexo celíaco, e, posteriormente, do plexo mesentérico superior. Esses nervos são responsáveis por inervar tanto a parte endócrina quanto a exócrina do pâncreas, sendo responsável pela regulação de secreções pelo SNC.

VESÍCULA BILIAR E DUCTOS BILIARES:
A bile é transportada por meio dos ductos biliares até seu local de armazenamento e concentração (vesícula biliar) e seu sítio de secreção (papila duodenal maior). Ela é produzida constantemente no fígado e possui a função de emulsificar e favorecer a absorção de gorduras provenientes da alimentação.
Essa bile é secretada pelos hepatócitos e captada pelos canalículos biliares. A partir disso, esses canalículos unem-se para formar os ductos hepáticos direito e esquerdo das respectivas partes do fígado, os quais, logo ao deixar o fígado, unem-se para formar o ducto hepático comum. Esse ducto une-se com o ducto cístico (proveniente da vesícula biliar) e forma o ducto colédoco, o qual drena para a ampola hepatopancreática.
O ducto colédoco desce posteriormente à parte superior do duodeno/ampola duodenal, situando-se em um sulco na face posterior da cabeça do pâncreas, até unir-se ao ducto pancreático e formar a ampola hepatoduodenal. Nessa união, há o esfíncter do ducto colédoco, o qual é um músculo que contrai durante o jejum, de maneira que ele apresenta a função de impedir a liberação desnecessária de bile no duodeno. Esse ducto é irrigado pela artéria cística (irriga a parte proximal do ducto), pela artéria hepática direita (irriga a parte média do ducto) e pelas artérias pancreaticoduodenal superior posterior e artéria gastroduodenal (irrigam a parte retroduodenal do ducto). Sua drenagem é feita para a veia pancreaticoduodenal superior posterior na sua parte distal e diretamente para o fígado na sua parte proximal.
A vesícula biliar recebe a bile que reflui do ducto colédoco no momento no qual o esfíncter do ducto colédoco está fechado, de maneira que isso permite o armazenamento da bile nessa pequena bolsa. Ela está situada na junção das partes esquerda e direita do fígado (sendo fixa a esse órgão por um tecido conjuntivo da cápsula fibrosa do fígado) e está situada na região posteroinferior do fígado e logo superiormente ao duodeno. Essa estrutura é recoberta inferiormente por peritônio e apresenta 3 regiões: fundo, corpo e colo.
O fundo da vesícula biliar é a extremidade larga e arredondada dessa estrutura, estando direcionada para a parte anterior do abdome, estando na altura do 9º espaço intercostal.
O corpo da vesícula biliar é sua parte principal, estando entre o fundo e o colo, sendo a parte que mantém a adesão do órgão ao fígado.
O colo da vesícula biliar é uma região estreita e afilada, voltada para a porta do fígado. Ele apresenta uma prega espiral formada por sua túnica mucosa, a qual auxilia na manutenção do ducto cístico aberto, sendo importante para o enchimento da vesícula a partir do refluxo da bile e para, além de permitir o esvaziamento desse órgão pelo efluxo da bile, bem como impede o esvaziamento súbito desse órgão sob aumento da pressão intra-abdominal (como na manobra de Valsalva).
A vesícula biliar e o ducto cístico são irrigados pela artéria cística (originada da artéria hepática direita na região do trígono cisto-hepático) e drenados pela veia cística (drena o colo da vesícula e o ducto cístico para a veia porta) e por pequenas veias que levam esse sangue aos sinusoides hepáticos (drena o corpo e o fundo da vesícula biliar).
A vesícula biliar e o ducto cístico são inervados pelo nervo vago (parassimpático) e pelo plexo celíaco (simpático e aferências dolorosas), de maneira que a estimulação simpática gera contração da vesícula biliar e relaxamento dos esfíncteres na ampola hepatopancreática, enquanto o sistema simpático inibe esse processo. Nesse processo de condução de aferência simpática de dor, o nervo frênico direito é responsável pelo transporte desse estímulo.
O trígono de Calot é uma área triangular delimitada pelo ducto hepático comum, pelo ducto cístico e pela borda do fígado, sendo uma área de grande interesse cirúrgico.

SISTEMA URINÁRIO

RIM
INTRODUÇÃO:

Os rins são órgãos em formato de feijão localizados profundamente aos flancos do abdome, na parte posterior da cavidade abdominal entre T12 e L3, sendo eles retroperitoneais, responsáveis pelo consumo de cerca de 25% do débito cardíaco. O rim direito é mais inferior em relação ao esquerdo, cerca de 3 cm, uma vez que ele está posicionado logo inferiormente ao lobo hepático direito. Apresentando várias funções como: produção da urina, equilíbrio hidroeletrolítico e ácido-básico, eliminação de toxinas, reabsorção de substâncias, produção de vitaminas D, regulação da pressão arterial e produção de eritropoetina.

RELAÇÕES ANATÔMICAS:

O rim direito apresenta relação anatômica superior com a margem inferior do lobo direito hepático e com a glândula adrenal direita; relação anatômica anterior com a flexura cólica direita, com o segmento descendente do duodeno e alças intestinais; relação anatômica posterior com o músculo diafragma, psoas maior e quadrado lombar e com a 12ª costela direita; e relação anatômica medial com a veia cava inferior e cabeça do pâncreas. O rim esquerdo apresenta relação anatômica superior com a margem inferior do baço e com a glândula adrenal esquerda; relação anatômica anterior com o estômago, pâncreas (corpo e cauda), flexura cólica esquerda; relação anatômica posterior com os músculos diafragma, psoas maior e quadrado lombar, 11ª e 12ª costela esquerda; e relação anatômica medial com a aorta abdominal.
O rim apresenta duas faces e duas margens: as faces anterior e posterior e as faces medial e lateral. A face anterior possui formato arredondado, enquanto a face posterior possui formato achatado. A margem medial é o local onde está o hilo renal, enquanto a margem lateral é uma curvatura livre presente no rim. Além disso, o rim apresenta 2 polos: o polo superior (onde localiza-se a glândula suprarrenal) e o polo inferior.
Cada rim é recoberto por uma cápsula fibrosa, composta de duas camadas histológicas: uma camada externa, na qual estão presentes fibroblastos e fibras colágenas, e uma camada interna, que contém miofibroblastos, de maneira que essa cápsula é importante para que haja uma contenção do rim em seu volume normal (além de proteger contra traumatismos), já que esse órgão, por produzir a urina, pode aumentar seu volume numa condição de hidronefrose (incapacidade de urinar que gera acúmulo de urina). É essa cápsula a responsável pela dor renal, já que ela apenas dói sob distensão.
Externamente à cápsula, há a gordura perirrenal (cápsula adiposa, reveste apenas os rins) e a gordura pararrenal (principalmente localizada posteriormente, revestindo rins e adrenais), sendo ambas separadas pela fáscia renal (reveste a adrenal e os rins). Essas gorduras, juntamente com a fáscia renal e fibras colágenas são responsáveis por fixar os rins em sua posição, de maneira que por se tratar de uma gordura de sustentação e não de metabolização uma ausência/fragilidade em casos de desnutrição dessas estruturas pode causar uma ptose renal (causa de torção de ureteres que culmina em hidronefrose), vale destacar que a glândula adrenal nesse caso se mantêm em sua posição por estar fixada no diafragma. Além disso, esses tecidos ricos em gordura são importantes para que haja um suprimento energético adequado para os rins, já que há uma maior demanda nutricional desse órgão por ele realizar um amplo gasto energético para reabsorção de compostos, de maneira que uma ausência/redução dessa gordura pode gerar isquemia de diversos locais dos rins.
O hilo renal recebe a artéria renal, ramo direto da aorta emitido entre a Artéria mesentérica superior e a inferior, com a artéria renal esquerda sendo superior a direita, e emite a veia renal, além de possuir a pelve renal. Diante disso, essas estruturas estão dispostas de maneira que a veia renal é a mais anterior, a pelve renal é a mais posterior e a artéria renal é intermédia. Essas estruturas estão presentes também na região interna subsequente ao hilo, o seio renal (preenchido por gordura contínua com a gordura perirrenal).
Internamente, num corte coronal, é possível observar o parênquima renal, o qual é composto por duas regiões: o córtex e a medula. O córtex é a parte mais externa, enquanto a medula, composta pelas pirâmides e pelas colunas renais, é a parte mais interna. Além disso, é possível observar os raios medulares, estruturas raiadas que se originam na medula renal e se continuam para o córtex.

NÉFRON:
No parênquima renal, está presente o néfron, a unidade funcional básica do rim, o qual é formado pelo corpúsculo renal, pelos túbulos contorcidos proximal e distal, pela alça de Henle e pelo ducto coletor.
O corpúsculo renal é composto pelo glomérulo (conjunto de capilares fenestrados), uma membrana basal glomerular e a cápsula de Bowman (a qual apresenta o poro vascular, local onde há entrada e saída de vasos), que circunda os capilares glomerulares. É nesse local que ocorre a filtração glomerular, de maneira que a cápsula de Bowman (composta por uma camada visceral que envolve o glomérulo e outra parietal que direciona o ultrafiltrado), em sua camada visceral, apresenta os podócitos, os quais são células epiteliais que emitem prolongamentos (pedicelos) que atravessam a membrana basal e estão em íntima relação com o glomérulo, estando presentes, entre esses pedicelos, as fendas de filtração (possuem diafragmas para regular permeabilidade e seletividade do glomérulo). A partir disso, a membrana basal, juntamente com os podócitos, são responsáveis por filtrar o sangue no ultrafiltrado glomerular.
Nas partes nas quais o glomérulo não é revestido pela cápsula, entre os próprios glomérulos, há o mesângio, onde estão as células mesangiais (envolvidas pela membrana basal glomerular), células responsáveis por fazer fagocitose e endocitose (mantém o filtrado glomerular sem resíduos), suporte estrutural, secreção de citocinas e modulação da distensão glomerular pela sua contração (sua contração aumenta a área de secção transversal dos capilares, porém isso não influencia na taxa de filtração glomerular).
Após o corpúsculo renal, há o túbulo contorcido proximal (mais tortuoso), sendo o principal responsável pela reabsorção do ultrafiltrado, já que ele apresenta um epitélio com células cuboides especializadas em reabsorção, como borda em escova (microvilosidades), complexo juncional desenvolvido e estrias basais.
Depois dele, há a alça de Henle, a qual é dividida em 4 partes: porção descendente espessa (túbulo reto proximal), porção descendente delgada, porção ascendente delgada e porção ascendente espessa (túbulo reto distal). A porção descendente espessa apresenta células cuboides semelhantes às do túbulo contorcido proximal, porém com menor número de especializações. Enquanto isso, o ramo ascendente espesso possui células cuboides semelhantes, porém com menor número de microvilosidades, sendo responsáveis principalmente pela reabsorção de íons. Já as partes delgadas são compostas por um epitélio de 4 tipos diferentes, sendo eles:

  • O epitélio do tipo I é encontrado nos ramos descendente e ascendente delgados da alça de Henle dos néfrons de alça curta. Consiste em um epitélio simples e fino. As células quase não fazem interdigitações com as células vizinhas e apresentam poucas organelas.
  • O epitélio do tipo II é encontrado no ramo descendente delgado dos néfrons de alça longa no labirinto cortical. As células desse epitélio são mais altas e contêm abundantes organelas e numerosas microvilosidades pequenas e rombas. A extensão da interdigitação lateral com as células vizinhas varia de acordo com a espécie do animal.
  • O epitélio do tipo III é encontrado no ramo descendente delgado na medula interna. É um epitélio mais delgado, cujas células apresentam estrutura mais simples e menor quantidade de microvilosidades que as células epiteliais do tipo II. Não há interdigitações laterais.
  • O epitélio do tipo IV é encontrado na curva dos néfrons de alça longa e por todo o ramo ascendente delgado. Trata-se de um epitélio baixo e plano, sem microvilosidades, cujas células apresentam poucas organelas.
    Então, o túbulo contorcido distal da continuidade para a alça de Henle, de maneira que no local de transição entre essas duas partes, há a mácula densa, um conjunto de células que são mais estreitas e altas que as outras dos túbulos renais, de maneira que elas, juntamente com as células mesangiais e as células justaglomerulares (células musculares lisas modificadas para secreção) formam o aparelho justaglomerular, responsável por secretar renina. Esse túbulo contorcido possui um terço do comprimento do proximal e possui células semelhantes às da parte ascendente espessa da alça de Henle.
    O ducto coletor é um grande ducto que recebe o produto da filtração ocorrida nos túbulos e na alça de Henle de vários néfrons. Esses ductos apresentam epitélio simples que varia entre células pavimentosas e cúbicas em sua região mais proximal (no córtex), e, progressivamente, torna-se um epitélio com células cuboides e cilíndricas. Diante disso, existem dois tipos de células nos ductos coletores, sendo elas as células claras/principais (as mais presentes, possuindo um cílio primário e microvilosidades, sendo alvo de ação da aldosterona, já que atuam reabsorvendo íons e água) e as células escuras/intercaladas alfa e beta (relacionadas à secreção de H+ ou bicarbonato, respectivamente).
    No restante do parênquima renal, há as células intersticiais, as quais compõem o tecido intersticial, de maneira que, no córtex são identificadas células que se assemelham a fibroblastos e eventuais macrófagos, enquanto, na medula, são vistas células que se assemelham a miofibroblastos (contribuem para promover o fluxo de urina nas estruturas tubulares da medula).
    O túbulo conector é uma pequena região de transição entre o túbulo contorcido distal e o ducto coletor, possuindo, portanto, um epitélio de transição entre essas regiões do néfron.

IRRIGAÇÃO E DRENAGEM SANGUÍNEA:
A artéria renal, é um ramo da aorta abdominal, que emerge entre a Artéria mesentérica superior e a inferior, ao atingir o seio renal, divide-se em artérias segmentares (subdivide o rim em 5 segmentos vasculares), as quais adentram efetivamente no parênquima renal. Os ramos segmentares se dividem em quatro anteriores que são do mais superior ao inferior: Artéria do segmento superior do rim, Artéria do segmento ântero-superior do rim, Ramo comum que se subdivide em artéria do segmento ântero-inferior do rim e artéria do segmento inferior do rim; além de um ramo posterior a Artéria do segmento posterior do rim. A partir disso, cada uma dessas artérias segmentares se divide em artérias interlobares (caminham juntamente à lateral da pirâmide renal), as quais, ao atingirem a junção corticomedular (entre a pirâmide e o córtex), curvam-se e formam a artéria arqueada/arciforme. Essa artéria arqueada emite ramos denominados artérias interlobulares (presentes nos raios medulares do córtex e ascendem até a cápsula), que dão origem a arteríolas aferentes. Vale destacar, que a segmentação renal é explicada na embriogênese humana, na qual o rim é uma estrutura lobulada, na qual cada lóbulo é representado por um segmento vascular.
Essas arteríolas aferentes formam o glomérulo renal, o qual emite, posteriormente, a arteríola eferente, que se direciona para os túbulos contorcidos e para a alça de Henle do néfron que foi originado pelo glomérulo, formando tanto os capilares peritubulares (responsáveis por captar e secretar substâncias do néfron), quanto a vasa recta/vasos retos. Após isso, esses vasos juntam-se e formam a veia interlobular, que segue um trajeto adjacente à artéria homônima, até originar a veia arqueada entre a junção corticomedular e a lateral da pirâmide renal, local onde ela vai descender como veia interlobar, até atingir o seio renal e se unir com outras veias interlobares para formar a veia renal. As veias renais drenam na Veia Cava Inferior, com isso a veia renal esquerda é maior em comprimento do que a veia renal direita, sendo o oposto das artérias. Além disso, a veia gonadal esquerda, em homens veia testicular e em mulheres veia ovariana, drena na veia renal esquerda, enquanto a veia gonadal direita drena diretamente na veia cava inferior.
PARÊNQUIMA RENAL:
O córtex renal é composto por duas principais regiões, sendo elas o raio medular e o labirinto cortical, de maneira que em cada uma dessas regiões há estruturas específicas do néfron e dos vasos. No raio medular do córtex, há apenas estruturas retas, sendo elas partes da alça de Henle, ductos coletores, e vasos retos e interlobulares. Já nos labirintos corticais, há estruturas que não são retas, como os corpúsculos renais, os túbulos contorcidos e os outros vasos.
A medula renal é composta pelas colunas renais (mesmo tecido do córtex com as mesmas características e estruturas, porém orientadas lateralmente para as pirâmides) e as 15 pirâmides renais (possuem base, ápice e papila). As pirâmides renais apresentam apenas por ductos retos (alças de Henle e ductos coletores), vasos retos e capilares (além de células intersticiais).
As pirâmides renais, possuem como ápice a papila renal que drena a urina produzida pelo rim, via forames papilares para a pelve renal, possuem os raios medulares e são divididas em uma zona externa e uma zona interna, em todas as quase estão presentes os ductos coletores e os vasos. A zona externa é subdividida em faixa/estria externa (as alças de Henle apresentam apenas partes espessas) e interna (as alças de Henle apresentam tanto partes espessas quanto finas). Já na zona interna, há apenas as partes finas da alça de Henle.
A partir dessa organização, é possível identificar 3 tipos de néfrons de acordo com a posição de seu corpúsculo renal e o tamanho de sua alça de Henle, sendo eles:

  • Néfrons corticais/subcapsulares (seus corpúsculos renais localizam-se na parte mais externa do córtex e suas alças de Henle se estendem apenas até a medula externa);
  • Néfrons justamedulares (seus corpúsculos estão próximos da junção corticomedular, portanto, possuem grandes alças de Henle, sendo responsáveis por gerar uma maior concentração da urina);
  • Néfrons intermediários/mesocorticais (intermediários entre os outros dois).
    O lobo renal corresponde a uma pirâmide renal, seu córtex externo e metade de cada coluna renal adjacente. Já o lóbulo renal constitui um raio medular, os corpúsculos renais que geram néfrons que drenam para ele e as estruturas acessórias a essas (como vasos).

DRENAGEM DA URINA:
Os ductos coletores drenam conjuntamente para o ducto papilar próximo ao ápice renal. Após isso, esse ducto papilar drena na papila renal numa estrutura denominada lâmina cribiforme, onde há vários óstios, forames papilares, para a saída da urina pronta dos ductos papilares. Essa urina que goteja dos óstio das papilas drena para o cálice menor, de maneira que dois a três cálices menores unem-se em cálices maiores, sendo que eles, distalmente, unem-se todos para formarem a pelve renal e drenar a urina, a partir da junção pieloureteral para os ureteres.
URETERES
INTRODUÇÃO:

Os ureteres são órgãos retroperitoneais e fibromusculares de condução da urina que se originam do estreitamento da pelve renal na junção pieloureteral e se dirigem posteriormente via retroperitoneal até a parte posterior da bexiga urinária. Apresentam entre 25 a 30 cm de comprimento e 3 a 4 mm de diâmetro.

DIVISÕES ANATÔMICAS:
São divididos em três porções: Abdominal do rim até a pelve; Pélvica a partir da bifurcação com a Artéria ilíaca comum até a bexiga; Intramural parte que atravessa a parede da bexiga urinária.
Os ureteres apresentam três pontos de constrições:

  • Constrição superior: Junção pieloureteral ou ureteropélvica, local onde o ureter é formado derivando-se da pelve renal.
  • Constrição média: Local de cruzamento com os vasos ilíacos comuns e/ou ilíacos externos, na região inicial da pelve.
  • Constrição inferior: Porção posterior da bexiga urinária no ponto de drenagem do ureter na parede muscular da bexiga.
    Nessa última constrição encontra-se o óstio do ureter que é a abertura do ureter na bexiga urinária, o qual não é um esfíncter anatómico verdadeiro, mas sim uma estrutura funcional que atua como valva, de forma a ajudar a prevenir o refluxo da bexiga para os ureteres, visto que quando a bexiga se enche de urina a pressão intravesical aumenta comprimindo a porção intramural do ureter, o que fecha o óstio e evita o refluxo da urina.

BEXIGA URINÁRIA
INTRODUÇÃO:

A bexiga urinária é um órgão muscular oco com função de armazenar a urina antes de sua eliminação. Está situada no adulto pelve menor e quando vazia fica inteiramente dentro da pelve, mas quando cheia se expande até a cavidade abdominal. Na criança até 6 anos ela encontra-se totalmente na cavidade abdominal e começa a migrar para a pelve maior terminando sua migração para a pelve menor após a puberdade.

RELAÇÕES ANATÔMICAS:
Apresenta relação anatômica anterior com a sínfise púbica e com o Espaço retropúbico (espaço de Retzius); posterior em homens com o reto, vesículas seminais e ductos deferentes e em mulheres com o útero e vagina; laterais com a os músculos obturadores internos, assoalhos pélvicos e ligamentos umbilicais laterais; superior com peritônio quando vazia e com as alças intestinais quando cheias; Inferior nos homens com a próstata e em mulheres com a pelve.

DIVISÕES DA BEXIGA URINÁRIA:
Apresenta a seguinte divisão:

  • Ápice: é a extremidade anterior da bexiga sendo posterior imediato a sínfise púbica.
  • Fundo: é a extremidade posterior da bexiga urinária com relação com o reto em homens e vagina e útero em mulheres.
  • Corpo: é a região entre o ápice e fundo e onde se encontram os óstios dos ureteres direito e esquerdo, que chegam posteriormente.
  • Colo: é a região inferior da bexiga urinária por onde sai o óstio interno da uretra.
    A constituição interna da bexiga urinária é feita pela parede muscular composta pelo músculo detrusor e triângulo vesical no assoalho da bexiga, o qual é uma área triangular na base da bexiga composta pelos dois óstios ureterais (direito e esquerdo) e o óstio interno da uretra, no centro da região encontra-se uma elevação que é a úvula da bexiga urinária. Destaca-se que o óstio interno da uretra é controlado pelo esfíncter interno da uretra estrutura involuntária que durante a ejaculação masculina se contrai para impedir a ejaculação retrógrada e a presença de espermatozoides na urina.

VASCULARIZAÇÃO:
A Irrigação arterial da Bexiga urinária ocorre por ramos do tronco anterior da Artéria ilíaca interna as Artérias vesicais superiores e pelas artérias vesicais inferiores, além disso nas mulheres a artéria obturatória, vaginal ou retal média pode fornecer ramos adicionais a bexiga. Na circulação fetal a artéria umbilical é responsável por parte da vascularização da bexiga e sua porção patente no adulto também pode auxiliar na vascularização. A drenagem venosa ocorre pelo plexo venoso vesical, o qual drena para as veias ilíacas inferiores que vão formar a veia cava inferior.

INERVAÇÃO:
A inervação da bexiga urinária envolve tanto o sistema nervoso autônomo simpático quanto o parassimpático. A inervação parassimpática promove a contração do músculo detrusor e o relaxamento do esfíncter interno da uretra, facilitando a micção, com origem nos nervos esplâncnicos pélvicos (S2-S4). A inervação simpática, por outro lado, promove o relaxamento do músculo detrusor e a contração do esfíncter interno da uretra, facilitando o armazenamento de urina, apresentando como origem do plexo vesical os nervos pélvicos (T11-L2/L3).

PELVE E PERÍNEO

INTRODUÇÃO:
A pelve é a região mais baixa do tronco, formada por um conjunto de ossos que inclui os ossos do quadril, o sacro e o cóccix. Essa estrutura óssea em forma de anel protege órgãos importantes, como os do sistema reprodutor, o sistema urinário e a parte final do trato digestivo (reto e canal anal).

PAREDES DA PELVE:
A cavidade pélvica tem um formato arredondado, mas, para facilitar a explicação, costuma-se dividi-la em paredes laterais, posterior e inferior. A parte inferior é chamada de assoalho da pelve. Essas paredes são cobertas por músculos.
Músculo obturador interno: Ele cobre o forame obturado e suas fibras se direcionam ao forame isquiático menor. Nesse ponto, o músculo forma um tendão que atravessa o forame e chega à região glútea.
Músculo piriforme: Origina-se das vértebras sacrais (2ª, 3ª e 4ª) e suas fibras passam pelo forame isquiático maior para alcançar a região glútea.
Músculo coccígeo: Vai da espinha isquiática até as bordas laterais da parte mais baixa do sacro e da parte superior do cóccix.

DIAFRAGMA DA PELVE:
O assoalho da pelve é formado por músculos que compõem o diafragma pélvico, responsável por fechar a abertura inferior da pelve. Ele inclui o músculo coccígeo e o músculo levantador do ânus, que é dividido em três partes: pubococcígeo, puborretal e iliococcígeo.
Pubococcígeo: É a parte mais importante, conectando-se ao cóccix, canal anal, uretra e, na mulher, à vagina (formando o músculo pubovaginal). No homem, algumas fibras se ligam à próstata (músculo puboprostático).
Iliococcígeo: Fica na parte posterior e se estende do arco tendíneo ao cóccix e ao ligamento anococcígeo.
Puborretal: Forma uma alça ao redor do canal anal, ajudando no controle da abertura anal.

AÇÕES E INERVAÇÃO:
O diafragma pélvico tem a função de sustentar os órgãos localizados na pelve e ajudar a suportar aumentos na pressão dentro do abdômen. Ele também colabora com o funcionamento do diafragma torácico, que é responsável pela respiração. Algumas partes do músculo levantador do ânus possuem funções específicas importantes.
Músculo puboprostático (no homem) e músculo pubovaginal (na mulher): Ficam logo abaixo da bexiga e ajudam no controle da urina.
Músculo puborretal: Mantém uma curvatura na junção entre o reto e o ânus. Durante a defecação, ele relaxa para permitir que essa curvatura se alinhe, facilitando a passagem das fezes.
Os músculos levantador do ânus e coccígeo recebem inervação dos ramos dos nervos sacrais (3º e 4º). Além disso, um ramo perineal do nervo pudendo inerva a parte anterior do músculo levantador do ânus.

PERITÔNIO PÉLVICO:
As diferenças nos órgãos pélvicos entre homens e mulheres fazem com que o comportamento do peritônio (membrana que reveste a cavidade abdominal e pélvica) seja diferente em cada sexo.
No homem, o peritônio cobre a parede abdominal anterior e lateral da pelve, estendendo-se para a parte superior da bexiga e sua base. Em seguida, ele se reflete sobre o reto, cobrindo suas partes anterior e lateral. No entanto, apenas a parte média do reto tem revestimento peritoneal na frente, enquanto a parte inferior não é coberta. A área onde o peritônio passa da bexiga para o reto forma a escavação retovesical, que é o ponto mais baixo da cavidade peritoneal masculina.
Na mulher, devido à presença do útero e seus anexos, o peritônio se comporta de forma diferente. Ele reflete-se da parede anterior do reto para a parte superior da vagina e, em seguida, cobre o útero. Entre o útero e o reto, forma-se a escavação retouterina, equivalente à escavação retovesical no homem. O peritônio também cobre as faces superior e posterior do útero antes de se refletir na bexiga, criando outra cavidade chamada escavação vesicouterina, localizada entre o útero e a bexiga.
O peritônio que reveste o útero se estende lateralmente, formando duas pregas chamadas de ligamento largo do útero, que conecta o útero às paredes laterais da pelve. Esse ligamento é semelhante ao mesentério do intestino delgado (jejuno-íleo). Ele contém vasos uterinos, além de estruturas de sustentação como o ligamento redondo do útero e o ligamento suspensor do ovário. A tuba uterina está localizada na borda superior do ligamento largo.
O ligamento largo é dividido em três partes:

  • Mesovário: Liga a lâmina posterior do ligamento largo à margem do ovário.
  • Mesossalpinge: Fica entre a tuba uterina e o mesovário.
  • Mesométrio: Está abaixo do mesovário.
    Por fim, há uma prega chamada ligamento suspensor do ovário, que passa pela extremidade superior do ovário (próxima à parede pélvica) e se conecta aos vasos ilíacos externos. Esse ligamento contém os vasos e nervos que irrigam os ovários.

CONTEÚDO DA PELVE:
Os órgãos presentes na pelve variam entre homens e mulheres. No homem, a pelve contém estruturas do sistema urinário, como a bexiga, os ureteres e a uretra prostática, que é a parte inicial da uretra masculina e está envolvida pela próstata. Além disso, inclui órgãos do sistema reprodutor, como a próstata, os ductos deferentes e as vesículas seminais, além do reto, que faz parte do sistema digestório. Já na mulher, a pelve abriga órgãos do sistema urinário, como a bexiga, os ureteres e a uretra; do sistema reprodutor, como a vagina, o útero, as tubas uterinas e os ovários; e do sistema digestório, como o reto. Embora ambos os sexos compartilhem alguns órgãos, como a bexiga, os ureteres e o reto, as diferenças estão nos órgãos relacionados à reprodução.

BEXIGA:
A bexiga é um órgão oco e muscular que armazena a urina, fazendo parte do sistema urinário. Seu formato, tamanho e posição mudam conforme a quantidade de urina que contém. Quando está vazia, fica localizada na pelve, apoiada sobre o osso púbis e o assoalho pélvico. À medida que se enche, ela se expande para a cavidade abdominal e pode chegar até a altura do umbigo.
Estrutura: A bexiga vazia de um adulto possui quatro faces: uma superior, duas inferolaterais e uma posterior (chamada fundo da bexiga). Na parte anterior, as faces superior e inferolaterais se encontram no ápice da bexiga, que está conectado ao ligamento umbilical mediano (remanescente do úraco obliterado). Esse ligamento forma a prega umbilical mediana e vai até o umbigo. A parte inferior da bexiga é chamada colo, onde está localizado o meato interno da uretra. Entre o ápice (na frente) e o fundo (atrás) encontra-se o corpo da bexiga.
Parte interna: Quando a bexiga está vazia, sua mucosa apresenta pregas que desaparecem conforme ela se enche. No interior, há uma área chamada trígono vesical, delimitada pelos óstios dos ureteres (na parte superior e posterior) e pelo óstio interno da uretra (na parte inferior e anterior). Entre os dois óstios dos ureteres há uma elevação chamada prega interuretérica. No vértice do trígono, próximo ao óstio interno da uretra, pode haver uma pequena elevação chamada úvula, mais visível em homens idosos.
Irrigação e inervação: A irrigação da bexiga é feita principalmente pelas artérias vesicais superiores e inferiores. As artérias vesicais superiores geralmente se originam da parte não obliterada da artéria umbilical, enquanto as inferiores vêm de ramos da artéria ilíaca interna. As veias formam um plexo venoso ao redor do colo da bexiga, que se conecta ao plexo venoso da próstata nos homens. Esse sangue é drenado pelas veias vesicais inferiores para a veia ilíaca interna.

URETERES:
Os ureteres masculinos na região pélvica seguem trajetos muito parecidos. Cada ureter entra na pelve e desce ao longo da parede lateral, sendo coberto pelo peritônio. No início, ele passa à frente da artéria ilíaca interna e, em seguida, cruza a artéria umbilical, além dos vasos e nervos obturatórios. Quando chega ao nível da espinha isquiática, o ureter se direciona para frente e para o centro, passando pela prega retovesical e pelo ligamento lateral da bexiga, até alcançar a parte posterior e lateral da bexiga. Nessa região, o ducto deferente cruza o ureter.

URETRA:
É um tubo formado por tecido muscular e fibroso que transporta a urina da bexiga para fora do corpo. Ela é relativamente longa, começando no colo da bexiga, passando pela próstata, pelo diafragma pélvico, pelo diafragma urogenital, pela raiz e pelo corpo do pênis, até se abrir no óstio externo da uretra, localizado na glande do pênis.
A uretra é dividida em quatro partes: intramural, prostática, membranácea e esponjosa.

  • A parte intramural está localizada no colo da bexiga.
  • A parte prostática atravessa a próstata, indo de sua base até o ápice. Essa é a parte mais larga e flexível da uretra. Em uma visão transversal, ela tem formato semilunar devido a uma elevação chamada crista uretral, que corre longitudinalmente. Ao lado dessa crista, existem sulcos chamados seios prostáticos, onde se abrem os ductos das glândulas prostáticas.
  • A uretra membranosa, também chamada de porção intermediária, é a parte mais curta e estreita da uretra masculina, com cerca de 1 a 2 cm de comprimento. Ela se localiza entre o ápice da próstata e o bulbo da uretra.
  • A uretra esponjosa, também conhecida como uretra peniana, é a parte mais longa da uretra masculina, medindo cerca de 15 cm. Ela percorre o interior do corpo esponjoso do pênis.
    No meio da crista uretral há uma pequena elevação chamada colículo seminal, que possui três aberturas: duas laterais para os ductos ejaculatórios e uma abertura central que leva ao utrículo prostático, um pequeno divertículo sem saída.

RETO:
A região mais larga do reto, chamada ampola do reto, fica logo acima do diafragma pélvico. Diferente do cólon sigmoide, que tem a função de armazenar as fezes, o reto geralmente permanece vazio, com suas paredes anterior e posterior encostadas uma na outra. Ele só se enche de fezes pouco antes do processo de defecação.

CANAL ANAL:
O canal anal é a parte final do intestino grosso, que começa na região superior do diafragma pélvico, chamada de anel anorretal, e termina no ânus. Ele desempenha um papel essencial na eliminação de resíduos do corpo e possui uma estrutura anatômica específica que garante seu funcionamento adequado.
Para controlar a passagem das fezes, o canal anal conta com um sistema de esfíncteres formado pelo músculo puborretal e dois esfíncteres: o externo e o interno. O esfíncter externo é composto por musculatura estriada esquelética que envolve todo o canal anal. Ele está sob controle voluntário, permitindo que a pessoa controle conscientemente a abertura e o fechamento do ânus. Sua inervação é feita pelos nervos retais inferiores, que são ramos do nervo pudendo, responsáveis pela inervação somática. Já o esfíncter interno é formado por musculatura lisa e circunda os dois terços superiores do canal anal. Diferente do externo, ele funciona de forma involuntária e recebe inervação parassimpática dos nervos esplâncnicos pélvicos.
A irrigação sanguínea do reto e do canal anal é garantida principalmente pelas artérias retais superior, média e inferior. A artéria retal superior, que é um ramo da artéria mesentérica inferior, fornece a maior parte do sangue para essas estruturas. As artérias retais médias, originadas da artéria ilíaca interna, contribuem para irrigar a parte inferior do reto e a parte superior do canal anal. Já a artéria retal inferior, que vem da artéria pudenda interna, atravessa a fossa isquioanal e irriga a parte inferior do canal anal, além dos músculos e da pele ao redor. Além dessas principais fontes de irrigação, pequenos ramos da artéria sacral mediana também ajudam a fornecer sangue para a parte posterior do reto.

PERÍNEO:
O períneo é a área localizada abaixo do diafragma pélvico, com formato de losango e os mesmos limites da abertura inferior da pelve. Essa região pode ser dividida em duas partes por uma linha imaginária traçada na altura dos túberes isquiáticos (osso da pelve que pode ser sentido ao sentar). A parte da frente é chamada de trígono urogenital, pois é atravessada por estruturas dos sistemas urinário e genital. Já a parte de trás é conhecida como trígono anal, onde passa o canal anal.

TRÍGONO UROGENITAL MASCULINO:
No homem, o trígono urogenital é atravessado apenas pela uretra e é formado por várias camadas delimitadas por fáscias, que criam compartimentos específicos. Entre a fáscia superficial e a membrana do períneo, encontra-se o espaço superficial do períneo, que é totalmente fechado. Esse espaço abriga três músculos principais: o transverso superficial do períneo, o isquiocavernoso e o bulboesponjoso.
O músculo transverso superficial do períneo é pouco desenvolvido. Ele se origina na parte interna do ramo do ísquio, próximo ao túber isquiático, e se insere no corpo do períneo. Sua função é auxiliar o músculo transverso profundo, embora sua ação seja pouco significativa. Esse músculo é inervado pelo ramo perineal do nervo pudendo. Já o músculo isquiocavernoso tem origem na face interna do ramo do ísquio e envolve o ramo do pênis, inserindo-se no corpo cavernoso na junção dos ramos do pênis. Ele fixa os ramos do pênis à pelve e também auxilia na ejaculação. Assim como o transverso superficial, é inervado pelo ramo perineal do nervo pudendo. Por sua vez, o músculo bulboesponjoso se origina em parte no corpo do períneo e na rafe mediana ao redor da parte inferior do bulbo do pênis, que ele envolve. Sua contração expulsa as últimas gotas de urina ou sêmen da uretra e também pode ajudar a manter a ereção, assim como o isquiocavernoso.
Acima da membrana do períneo está localizado o espaço profundo do períneo, que é fechado nas laterais e na parte posterior, mas aberto na parte superior, permitindo sua conexão com a pelve. Esse espaço contém dois músculos importantes: o transverso profundo do períneo e o esfíncter da uretra. O transverso profundo ajuda a sustentar as estruturas pélvicas, enquanto o esfíncter da uretra controla a passagem de urina pela uretra.

TRÍGONO UROGENITAL FEMININO:
O trígono urogenital na mulher é diferente do do homem porque, além da uretra, também inclui a parte inferior da vagina e os órgãos genitais externos. Essa diferença reflete as particularidades anatômicas femininas.
Os músculos presentes no espaço superficial do períneo na mulher são os mesmos encontrados no homem, desempenhando funções semelhantes. Já o espaço profundo do períneo é menos definido na mulher, pois é praticamente dividido em duas partes pela presença da vagina e da uretra. Os músculos transverso profundo do períneo e o esfíncter da uretra são menos desenvolvidos em comparação aos masculinos e, em alguns casos, são descritos como um único músculo devido à sua menor separação.

TRÍGONO ANAL:
O trígono anal é a parte posterior do períneo, que possui formato de losango. Ele é quase completamente dividido em duas metades simétricas pelas estruturas centrais: o corpo do períneo, o canal anal e o ligamento anococcígeo. Essas estruturas se estendem desde o diafragma pélvico até a pele. As duas áreas laterais formadas por essa divisão são chamadas de fossas isquioanais.
A fossa isquioanal é um espaço com formato triangular (quando visto em corte frontal), localizado entre a pele da região anal, na parte inferior, e o diafragma pélvico, na parte superior. Esse espaço é preenchido por tecido gorduroso, que desempenha um papel importante na proteção e no suporte das estruturas ao redor.

ARTÉRIAS DA PELVE:
A principal artéria que irriga a pelve é a artéria ilíaca interna, que é um dos dois ramos terminais da artéria ilíaca comum. O outro ramo é a artéria ilíaca externa. A divisão entre esses dois ramos ocorre na altura da articulação sacroilíaca.
A artéria ilíaca interna é atravessada na frente pelo ureter, enquanto a veia ilíaca interna está localizada atrás dela. Seus ramos são classificados em dois tipos: parietais, que irrigam as paredes da pelve, e viscerais, que irrigam os órgãos pélvicos. É importante notar que há muitas variações na origem e no trajeto desses ramos.

RAMOS PARIETAIS:
A artéria iliolombar sobe lateralmente na fossa ilíaca e se divide em dois ramos: o ramo ilíaco, que irriga o músculo ilíaco e o osso ílio, e o ramo lombar, que sobe para irrigar os músculos psoas maior e quadrado lombar. Esse ramo também emite uma ramificação espinal para o canal vertebral.
As artérias sacrais laterais fornecem ramos espinais para o canal sacral e irrigam o sacro e os tecidos próximos.
A artéria obturatória segue anteriormente pela parede lateral da pelve e se conecta com a artéria epigástrica inferior (um ramo da artéria ilíaca externa). Ela atravessa o canal obturatório junto com o nervo e a veia obturatórios. Essa artéria passa pelo ureter próximo à sua origem e irriga os músculos obturadores, a parte medial da coxa, além de fornecer ramos para o acetábulo e a cabeça do fêmur. Em cerca de 20% dos casos, ela pode se originar diretamente da artéria epigástrica inferior, passando próxima ao anel femoral, onde pode ser lesionada durante cirurgias de hérnia femoral.
A artéria glútea superior segue posteriormente, passando entre o tronco lombossacral e o primeiro nervo sacral. Ela sai da pelve pelo forame isquiático maior, acima do músculo piriforme, e irriga os músculos glúteos.
A artéria glútea inferior também tem trajeto posterior, passando entre o primeiro e segundo ou entre o segundo e terceiro nervos sacrais. Ela sai da pelve pelo forame isquiático maior, abaixo do músculo piriforme, acompanhando o nervo isquiático. Essa artéria emite um ramo satélite para o nervo isquiático e irriga parte do diafragma pélvico, os músculos glúteos e a pele da região glútea.
A artéria pudenda interna é um dos ramos mais importantes da artéria ilíaca interna. Ela sai da pelve pelo forame isquiático maior, cruza a espinha isquiática e entra no períneo pelo forame isquiático menor. Em seguida, percorre o canal pudendo na parede lateral da fossa isquioanal junto com as veias pudendas internas e o nervo pudendo. Antes de alcançar a sínfise púbica, divide-se nos ramos terminais: a artéria profunda do pênis (ou clitóris) e a artéria dorsal do pênis (ou clitóris). Além disso, emite outros ramos importantes:

  • Artéria retal inferior, que irriga os músculos e a pele ao redor do canal anal;
  • Artéria profunda do pênis (ou clitóris), que nutre o corpo cavernoso;
  • Artéria dorsal do pênis (ou clitóris), que irriga a glande e o prepúcio no homem ou as estruturas correspondentes no clitóris na mulher.

RAMOS VISCERAIS:
A artéria umbilical, ramo da artéria ilíaca interna, atrofia-se após o nascimento, formando os ligamentos umbilicais, mas sua parte inicial permanece ativa, originando a artéria vesical superior, que irriga a parte superior da bexiga, e a artéria do ducto deferente, que irriga as vesículas seminais, o ureter e o testículo.
A artéria vesical inferior irriga a parte inferior da bexiga e, no homem, também a próstata, as vesículas seminais e o ducto deferente. Na mulher, ela geralmente surge da artéria uterina.
A artéria uterina, equivalente à artéria do ducto deferente no homem, cruza o ureter e sobe pelo ligamento largo do útero. Ela fornece ramos para o útero, vagina, tubas uterinas e ovários.
A artéria retal média irriga o reto em ambos os sexos e, no homem, também a próstata e as vesículas seminais. Ela se conecta às artérias retal superior e retal inferior para garantir uma irrigação eficiente.

SISTEMA GENITAL MASCULINO
O sistema genital masculino é composto por órgãos internos e externos que atuam na reprodução e na excreção urinária em sua porção compartilhada com o trato urinário. Sua anatomia é complexa e envolve estruturas especializadas na produção, armazenamento e transporte dos gametas, além de glândulas acessórias que contribuem para a formação do sêmen.
BOLSA ESCROTAL:
INTRODUÇÃO:

É uma bolsa de pele e músculo liso localizada abaixo do pênis e fora da cavidade pélvica. Com função de proteção dos testículos de traumas e regulação térmica, visto que os testículos para realizarem uma espermatogênese efetiva necessitam de estar 2-3ºC abaixo da temperatura corporal.

COMPOSIÇÃO:
A pele da estrutura é fina e pigmentada composta por glândulas sebáceas e sudoríparas, o músculo liso da parede escrotal é o músculo de Dartos responsável pela contração em resposta à temperatura e o reflexo cremastérico.
Na bolsa escrotal está presente a rafe escrotal uma espécie de linha que separa os dois testículos e tem origem embriológica dos lábios vaginais.

VASCULARIZAÇÃO E INERVAÇÃO:
A vascularização arterial ocorre pelas artérias escrotais: ramos das artérias pudendas externas e internas; a drenagem venosa ocorre pelas veias escrotais que drenam para as pudendas; a drenagem linfática diferente do que se imagina é pré-abdominal e não inguinal. A inervação é feita pelos nervos genitofemoral, ilioinguinal e ramos dos nervos.

CRIPTORQUIDIA:
O testículo quando se encontra fora da bolsa escrotal encontra-se em condição de criptorquidia, a qual pode ser unilateral ou bilateral e que precisa ser revestida em alguns meses após o nascimento, a fim de se evitar infertilidade.
TESTÍCULO:
INTRODUÇÃO:

São órgãos pares localizados fora do corpo na bolsa escrotal que são suspensos pelo cordão espermático. Apresenta a função de espermatogênese que precisa ser feita com temperatura inferior à corporal, além de função endócrina de secreção de testosterona pelas células de Leydig sob estímulo do hormônio luteinizante . Apresenta duas faces uma anterior que é lisa e uma posterior que tem a presença do epidídimo

ESTRUTURA:
É revestido pela pele bolsa escrotal; seguido logo em seguida pelo músculo de dartos; Fáscia espermática externa; músculo cremastérico, o qual é um prolongamento do músculo oblíquo do abdômen, devido a descida do testículo da cavidade abdominal para o escroto na embriogênese; Seguido pela fácies espermática interna que é um prolongamento do músculo reto abdominal; Lâmina parietal da túnica vaginal e lâmina visceral da túnica vaginal.
Túnica albugínea: Cápsula fibrosa rósea densa que reveste o testículo, enviando septos para o interior, dividindo-o em lóbulos testiculares que são compartimentos formados pelos septos da túnica albugínea, contendo os túbulos seminíferos.
Túbulos seminíferos: Local da espermatogênese, composto por células de Sertoli (Suporte e nutrição das células germinativas) e pelas células germinativas (Espermatogônias, espermatócitos I e II, espermátides e espermatozoides).
Os espermatozoides dos túbulos seminíferos convergem para a rede testicular, pequena rede de canais no mediastino do testículo, na qual os espermatozoides são transportados até a cabeça epidídimo por 12 a 15 ductos eferentes.

VASCULARIZAÇÃO:
A vascularização arterial ocorre por meio da Artéria Testicular (Gonodal) , ramo direto da aorta abdominal que penetra no cordão espermático. A drenagem venosa ocorre pelo plexo pampiniforme presente no cordão espermático um emaranhado de veias que ajudam a regular a temperatura testicular, esses plexos derivam nas veias gonadais sendo que a veia testicular direita drena diretamente na veia cava inferior, e a veia testicular esquerda drena para a veia renal esquerda. Essa diferença de drenagem explica o motivo do testículo esquerdo ser localizado superiormente ao direito dentro da Bolsa escrotal.

INERVAÇÃO:
A inervação testicular é predominantemente autonômica simpática derivando principalmente do plexo aórtico, o qual acompanha a aorta abdominal e as fibras testiculares acompanham o trajeto da artéria testicular no funículo espermático.

EPIDÍDIMO
INTRODUÇÃO E RELAÇÃO ANATÔMICA:

Estrutura de formato lumbricoide localizada na face posterior do testículo. Com função de maturação espermática e armazenamento dos espermatozoides maduros até a ejaculação.

DIVISÃO ANATÔMICA:
Sua estrutura é dividida em três partes:

  • Cabeça do epidídimo: Localizada no terço superior do testículo, onde os espermatozoides chegam dos ductos eferentes e são maturados adquirindo capacidade de motilidade e fertilização do óvulo.
  • Corpo do epidídimo: Armazenamento de espermatozoides.

– Cauda do epidídimo: Localizada no terço inferior do testículo serve como local de armazenamento dos espermatozoides antes da ejaculação.

VASCULARIZAÇÃO E INERVAÇÃO:
Sua vascularização arterial ocorre por ramos das artérias testiculares; sua drenagem venosa ocorre pelo plexo pampiniforme; e sua inervação é pelo plexo testicular.

DUCTO DEFERENTE
INTRODUÇÃO E RELAÇÕES ANATÔMICAS:

Estrutura canalicular muscular posterior que começa na cauda do epidídimo, ascende pelo funículo espermáticos, passa pelo canal inguinal, e termina entrando posteriormente, a partir de sua Ampola (dilatação na altura da glândula seminal) na próstata, que se une ao ducto da vesícula seminal para formar o ducto ejaculatório.
Apresenta como função o transporte dos espermatozoides do epidídimo para a uretra durante a ejaculação.

VASCULARIZAÇÃO E INERVAÇÃO:
A sua vascularização ocorre pelas artérias do ducto deferentes que são ramificações das artérias vesicais inferiores; a drenagem venosa ocorre por veias de mesmo nome; e a inervação simpática ocorre pelo plexo hipogástrico inferior.

FUNÍCULO ESPERMÁTICO
INTRODUÇÃO:

O funículo espermático é uma estrutura que se estende do anel inguinal profundo, na cavidade abdominal, até o testículo, passando pelo canal inguinal. Sendo revestido por camadas de tecido conjuntivo e muscular que são extensões das camadas da parede abdominal, apresentando a mesma origem embriológica do ligamento redondo do útero na mulher.

ESTRUTURAS:
Apresenta as seguintes estruturas:

  • Ducto deferente.
  • Artéria Testicular.
  • Plexo pampiniforme que converge e forma as veias testiculares.
  • Vasos linfáticos.
  • Ramo genital do nervo genitofemoral que inerva o músculo cremastérico.
  • Músculo cremastérico.

GLÂNDULAS SEMINAIS
INTRODUÇÃO E RELAÇÕES ANATÔMICAS:

Estrutura glandulares tuboalveolares entre a região posterior da bexiga urinária e a face interior do reto, que apresenta contato íntimo com a próstata, devido a união dos seus ductos seminais com o ducto deferente para formar o ducto ejaculatório.
Como função produzem 60-70% do volume do sêmen, o líquido seminal, o qual é rico em frutose (energia para os espermatozóides), prostaglandinas (auxiliam na motilidade espermática) e proteínas.

VASCULARIZAÇÃO E INERVAÇÃO:
A vascularização ocorre pelas artérias vesicais inferiores e a inervação pelo plexo hipogástrico inferior
PROSTÁTA
INTRODUÇÃO:

É a maior glândula do sistema reprodutor masculina, apresentando composição fibromuscular dividida em lobos (anterior, posterior, lateral e medial). Encontra-se imediatamente inferior a bexiga urinária, anterior ao reto e superior ao diafragma pélvico. E envolve a uretra prostática.
Apresenta o ducto ejaculatório que é resultante do encontro do ducto seminal com o ducto deferente que desemboca na uretra prostática.
Apresenta como função a produção do líquido prostático que é uma secreção alcalina rica em enzimas (ex: PSA – Antígeno prostático específico) que corresponde a 20-30% do volume do sêmem e que tem como principal função neutralizar a acidez vaginal e liquefaz o sêmem.

DIVISÕES ANATÔMICAS:
Zona periférica: Local mais comum de hiperplasia e câncer.
Zona central: circunda os ductos ejaculatórios.
Zona de Transição: Local de Hiperplasia benigna da próstata (HBP).

ASPECTO TOPOGRÁFICO CLÍNICO:
Apresenta-se anterior ao reto, o que explica a importância do toque retal para sua avaliação clínica, sendo a região posterior da próstata tocada e avaliada a sua consistência e volume.

VASCULARIZAÇÃO E INERVAÇÃO:
A irrigação arterial ocorre pelas artérias prostáticas que são ramos das artérias vesicais inferiores e pudendas internas. E sua drenagem ocorre pelo plexo hipogástrico inferior. Sua inervação é essencialmente autonômica com contribuições simpáticas e parassimpáticas que regulam suas funções glandulares e musculares, com o plexo hipogástrico inferior sendo o principal centro de distribuição dessa inervação.

GLÂNDULA BULBOURETRAL
INTRODUÇÃO E RELAÇÕES ANATÔMICAS:

As glândulas bulbouretrais apresentam formato e tamanho aproximado a um grão de ervilha, sendo pequenas glândulas tubo alveolares pareadas em posição inferior à próstata, posteriores e bilaterais à uretra membranosa, local onde desemboca sua secreção.
Secretam muco alcalino que lubrifica a uretra e neutraliza resíduos ácidos antes da ejaculação, formando o líquido pré-ejaculatório e cerca de 10% do Sêmem.

VASCULARIZAÇÃO E INERVAÇÃO:
São vascularizadas pelas artérias bulbouretrais ramos das artérias vesicais inferiores; drenagem venosa feita por veias de mesmo nome. A inervação é feita pelo plexo hipogástrico inferior.

URETRA MASCULINA
INTRODUÇÃO:

A uretra masculina é um órgão de condução e transporte, tanto da urina, quanto do sêmem durante a ejaculação, para o meio externo. Ela estende-se da bexiga até o meato uretral na glande.

DIVISÕES ANATÔMICAS:
Uretra prostática: Atravessa a próstata, com aproximadamente 3 a 4 centímetros, os ductos ejaculatórios e prostáticos desembocam nela. Sua irrigação arterial, diferentemente das outras partes da uretra, é feita pelos ramos prostáticos da artéria vesical inferior e ramos da artéria retal média, e drenagem venosa pelas veias prostáticas.
Uretra membranácea: é a parte mais curta e estreita da uretra com aproximadamente 1 a 2 cm, atravessando o diafragma pélvico. É circundada pelo esfíncter externo da uretra (voluntário), que controla a micção, sendo a parte menos distensível da uretra. É irrigada pela artéria pudenda interna e drenada pela veia de mesmo nome.
Uretra Peniana (Esponjosa): Atravessa todo o corpo esponjoso do pênis até o meato uretral, apresentando cerca de 15 a 20 cm. Sendo revestida por epitélio pseudoestratificado colunar e contém as glândulas uretrais que secretam muco para lubrificação. Sua irrigação é feita pela artéria pudenda interna e drenada pela veia de mesmo nome.
A uretra masculina possui dois esfíncteres principais, os quais controlam o fluxo de urina e sêmem e impedem a ejaculação retrógrada

  • Esfíncter interno da Uretra: Localizado na junção da bexiga com a uretra prostática sendo um esfíncter composto por músculo liso involuntário, o qual mantém a continência urinária em repouso e durante a ejaculação, além de relaxar durante a micção para permitir a passagem da urina. Sendo inervado pelo sistema nervoso autônomo simpático.

– Esfíncter externo da Uretra: localizado ao redor da uretra membranosa no diafragma urogenital sendo um esfíncter voluntário composto por músculo estriado esquelético do períneo. Proporcionando o controle voluntário da micção e também contribuindo para a continência urinária durante a ejaculação. Sua inervação é pelo nervo pudendo (somático).

PÊNIS
INTRODUÇÃO:

O pênis é o órgão genital externo masculino, responsável pela micção e copulação.

DIVISÕES ANATÔMICAS:
Bulbo/ Raiz do pênis: é fixa ao osso púbico e ao assoalho pélvico com a função de fixação e suporte dos corpos cavernosos do pênis, fixados abaixo da sínfise púbica nos ramos isquiopúbicos.
Corpo do pênis: é a parte livre e pendular do pênis composta pelos dois corpos cavernosos, corpo esponjoso e a uretra peniana, de maneira a ser o responsável pela ereção e condução da urina e do sêmem.
Glande do pênis: Localizada na extremidade distal do pênis, apresentando terminações nervosas sensoriais, as quais contribuem para a sensibilização sexual. Apresenta o Meato Uretral (abertura da uretra ao meio externo); prepúcio (dobra de pele que recobre a glande); frêmito do prepúcio da glande do pênis (permite a exposição da glande do pênis para a copulação). Além de ser dividida em coroa da glande do pênis e colo da glande do pênis, o qual é anterior a coroa se localizando entre a coroa e o corpo do pênis.

MECANISMO DE EREÇÃO DO PÊNIS:
Vale destacar que para que ocorra a copulação o pênis precisa enrigecer-se, fenômeno que ocorre por meio do aumento do fluxo de sangue, para entender esse mecanismo é necessário entender a estrutura interna do pênis, a qual é dividida em:

  • Corpos cavernosos do pênis: são duas estruturas posicionadas dorsalmente no corpo do pênis e superiores ao corpo esponjoso. Apresentam como função encherem-se de sangue durante a ereção, permitindo a rigidez do pênis para a copulação. Para isso, cada corpo cavernoso conta com uma artéria peniana em localização medial para suprimento sanguíneo, as quais são ramos da artéria pudenda interna. Superiormente a artéria peniana encontra-se uma veia dorsal do pênis responsável pela drenagem sanguínea,
  • Corpo esponjoso do pênis: Estrutura que envolve a uretra peniana e forma a glande do pênis, sendo o corpo mais inferior dos três. Protegendo a uretra contra traumas.
  • Destaca-se que os corpos cavernosos e o corpo esponjoso são revestidos pela túnica albugínea, a qual possibilita a rigidez durante a ereção por meio da compressão venosa, diminuindo a saída de sangue do pênis.
    A inervação do pênis é somática e autonômica, a principal inervação somática ocorre pelo nervo pudendo fornecendo inervação sensitiva à pele do pênis, glande e prepúcio; além de ser responsável pelo reflexo bulbocavernoso. A inervação parassimpática tem origem nos segmentos S2-S4 da medula espinhal e é feita pelos nervos cavernosos, ramos do plexo hipogástrico inferior, o qual apresenta função de induzir a ereção ao relaxar a musculatura lisa dos corpos cavernosos, de forma a possibilitar o influxo sanguíneo. A inervação simpática com origem nos segmentos T10-L2 da medula espinhal apresenta como função o controle da ejaculação ao contrair a musculatura lisa dos ductos e glândulas do sistema reprodutor masculino.
    O mecanismo de ereção é um processo neurovascular, o qual envolve a estimulação sexual com ativação da inervação parassimpática; relaxamento da musculatura lisa dos corpos cavernosos; compressão das veias impedindo a saída de sangue pela túnica albugínea; e rigidez por meio do influxo sanguíneo aos corpos cavernosos, promovendo , assim, a ereção.

CAMINHO DO ESPERMATOZOIDE E FORMAÇÃO DO SÊMEN
No testículo, os espermatozoides são produzidos nos túbulos seminíferos, sendo derivados das espermatogônias, após o processo de espermatogênese. Ao saírem dos túbulos seminíferos os espermatozoides entram na rede testicular no mediastino do testículo e são transportados até o epidídimo através dos ductos eferentes.
No epidídimo, os espermatozoides são maturados na cabeça do epidídimo, adquirindo motilidade e capacidade de fertilização do óvulo, e armazenados no corpo e cauda do epidídimo até a ejaculação.
Durante o processo de ejaculação os espermatozoides entram no ducto deferente, parte do funículo espermático, até chegarem a ampola do ducto deferente que se une ao ducto seminal da vesícula seminal, formando o ducto ejaculatório. A vesícula seminal libera o líquido seminal para compor 70% do sêmem, líquido esse rico em frutose e prostaglandinas. Ao passar pelo ducto ejaculatório na próstata o fluido prostático rico em enzimas e substâncias alcalinas é adicionado, juntamente com a secreção alcalina da glândula bulbouretral que também forma o líquido ejaculatório. Com a formação completa do sêmem ele passa por todo uretra até ser expelido pelo meato uretral, localizado na glande do pênis, com origem no corpo cavernoso.

SISTEMA GENITAL FEMININO

O sistema genital feminino é formado por um conjunto de órgãos cuja principal função é a reprodução. A reprodução é o processo pelo qual novos indivíduos são gerados e o material genético é transmitido entre gerações, garantindo a perpetuação da espécie humana.

FUNÇÕES:
O sistema genital feminino desempenha as seguintes funções principais:

  • Produção dos óvulos (gametas femininos).
  • Secreção dos hormônios sexuais femininos (estrógenos e progesterona), essenciais para o desenvolvimento das características sexuais femininas e manutenção da gravidez.
  • Recepção dos espermatozoides durante a relação sexual.
  • Provisão do ambiente adequado para fertilização, implantação do embrião e desenvolvimento fetal.
  • Promoção das condições necessárias para o parto.

– Nutrição do recém-nascido por meio da produção e secreção de leite pelas glândulas mamárias.

CONSTITUIÇÃO:
Órgãos internos: Localizados na pelve menor (pelve verdadeira), são eles: Ovários (um par); Tubas uterinas (um par); Útero; Vagina.
Órgãos externos (Vulva): Situados anteriormente ao arco púbico, compreendem: Monte do púbis; Lábios maiores e menores; Clitóris; Vestíbulo da vagina; Glândulas vestibulares maiores (glândulas de Bartholin) e menores (glândulas parauretrais ou de Skene).

ANATOMIA DA PELVE FEMININA:
Pelve maior (falsa): Região superior delimitada pelas cristas ilíacas, não abriga órgãos genitais internos.
Pelve menor (verdadeira): Espaço entre as aberturas superior e inferior da pelve. Contém a cavidade pélvica e o períneo, separados pelo diafragma pélvico.

ESTRUTURAS EXTERNAS DA VULVA:
Monte do púbis: Área adiposa coberta por pelos pubianos, que protege as estruturas vulvares subjacentes.
Lábios maiores: Pregas cutâneas adiposas cobertas por pelos pubianos, que se estendem inferiormente ao monte púbico.
Lábios menores: Pregas mucosas vascularizadas que delimitam lateralmente o vestíbulo vaginal.
Vestíbulo da vagina: Espaço delimitado pelos lábios menores. Possui duas aberturas principais:

  • Óstio externo da uretra feminina (anterior).
  • Óstio vaginal (posterior).
    Nas laterais encontram-se as aberturas das glândulas vestibulares maiores (glândulas de Bartholin), responsáveis pela lubrificação local durante a excitação sexual.
    Hímen: Membrana mucosa incompleta que circunda parcialmente o óstio vaginal, podendo apresentar diferentes formatos (anular, septado, cribriforme etc.).
    Clitóris: Órgão erétil feminino localizado anteriormente ao vestíbulo vaginal. É homólogo ao pênis masculino, porém não possui passagem uretral.
    Partes do clitóris:
  • Corpo: formado por dois corpos cavernosos.
  • Glande: extremidade sensível formada pela fusão anterior dos bulbos vestibulares.
  • Prepúcio: dobra mucosa que cobre parcialmente a glande.
  • Frênulo: ponto de união dos lábios menores abaixo da glande.

GLÂNDULAS MAMÁRIAS:
LOCALIZÇÃO:

Localizam-se anteriormente ao tórax, entre a segunda e sexta costelas, sobre os músculos peitoral maior, menor e serrátil anterior. São fixadas à parede torácica pelo ligamento suspensor da mama.
Cada mama é composta por lobos glandulares que produzem leite. Este leite é conduzido até a papila mamária através dos ductos lactíferos, abrindo-se nos seios lactíferos próximos ao mamilo. A aréola é uma região pigmentada ao redor do mamilo contendo pequenas elevações denominadas glândulas areolares.

VASCULARIZAÇÃO:
Irrigação arterial: é feita principalmente por:

  • Artérias torácicas internas (medialmente).
  • Artérias torácicas laterais e toracoacromiais (lateralmente).
    Drenagem venosa: A drenagem ocorre através das veias mamárias mediais torácicas internas, desembocando na veia jugular interna.

PELVE ÓSSEA E PERÍNEO FEMININO:
A pelve óssea é formada pelos ossos ílio, ísquio e púbis. Junto ao sacro forma o cíngulo pélvico.
Diafragma pélvico ou assoalho pélvico: Formado principalmente pelo músculo levantador do ânus, sustentando os órgãos internos da pelve, que é formado por três músculos:

  • Puborretal: circunda o ânus medialmente.
  • Pubococcígeo: conecta púbis ao cóccix lateralmente ao puborretal.
  • Iliococcígeo: conecta ílio ao cóccix lateralmente aos anteriores.

TRÍGONO UROGENITAL FEMININO
ESTRUTURAS:
Monte do púbis, clitóris, prepúcio do clitóris, lábios maiores e menores, vestíbulo da vagina.
Corpo do períneo: na linha de demarcação entre um túber isquiático e outro. O rompimento leva à flacidez, principalmente na recuperação do pós parto.
Outros músculos importantes são o compressor da uretra, uretrovaginal e transverso profundo do períneo, auxiliando no controle urinário e sustentação das estruturas pélvicas.

OVÁRIOS
INTRODUÇÃO:

São as gônadas femininas responsáveis pela produção dos óvulos e secreção hormonal. Possuem formato semelhante a amêndoas e localizam-se na parede lateral posterior da pelve menor em mulheres nulíparas.

LIGAMENTOS PRINCIPAIS:
Ligamento largo do útero (prega de peritônio).
Mesossalpinge: quando o ligamento largo passa perto da tuba uterina.
Mesovário: quando o ligamento largo passa perto do ovário. É através dele que passam as artérias e veias ováricas que entram e saem do hilo ovariano.

VASCULARIZAÇÃO:
Suprimento sanguíneo: Artéria ovárica (ramo direto da aorta abdominal). E Ramo ovárico da artéria uterina.
Drenagem venosa: Veias ováricas. Formam o plexo pampiniforme; veia ovárica direita drena para a veia cava inferior; esquerda para a veia renal esquerda.

TUBAS UTERINAS
INTRODUÇÃO:

Transportam os ovócitos para a cavidade uterina. As fímbrias são estruturas que capturam o ovócito.

DIVISÃO ANATÔMICA:

  • Parte uterina;
  • Istmo;
  • Ampola: fecundação

– Infundíbulo.

VASCULARIZAÇÃO:
Suprimento arterial: artérias ovarianas e uterinas: ramos tubários.
Drenagem venosa: Veias ováricas e veias uterinas.

ÚTERO
INTRODUÇÃO:

Órgão muscular destinado à implantação do embrião e desenvolvimento fetal.

DIVISÕES ANATÔMICAS:
Faces:

  • Anterior ou vesical
  • Posterior ou intestinal.
    Margens:
  • Lateral direita.
  • Lateral esquerda.
    Partes do útero:
  • Fundo: superior.
  • Corpo: mais central e maior.
  • Istmo: afunilamento.
  • Colo: Porção supravaginal: acima do envolvimento das paredes vaginais. E a porção vaginal: envolvida pelas paredes anterior e posterior da vagina.
    Aberturas uterinas:
  • Óstios uterinos da tuba uterina: traz o óvulo fecundado.
  • Óstio interno do útero: na região do istmo do útero.
  • Óstio externo do útero: abertura para a região vaginal.
    Camadas do útero:
  • Endométrio: mucosa que reveste a cavidade uterina.
  • Miométrio: camada de músculo liso, mais espessa nas regiões de fundo e corpo.
  • Perimétrio: camada de revestimento mais externa.

LIGAMENTOS UTERINOS:
TIPOS DE LIGAMENTOS:

  • Falsos: dobras peritoneais (ex.: ligamento largo, pregas retouterina, prega uterovesical e prega retovaginal)
  • Verdadeiros: faixas de fibras musculares (ex.: ligamento redondo, ligamento cecotransversal, ligamento útero sacral, etc).
    LIGAMENTO LARGO: contém as tubas uterinas, os ligamentos redondos do útero, artérias uterinas, artérias ovarias, mesovario, mesossalpinge, plexos (uterovaginal, ovariano), etc.

VASCULARIZAÇÃO UTERINA:
SUPRIMENTO ARTERIAL: Duas artérias uterinas e parcialmente por duas artérias ováricas.Artérias uterinas: ramos da divisão anterior da artéria ilíaca interna.

ESCAVAÇÕES UTERINAS:
Escavação vesicouterina: espaço entre a bexiga urinária e o útero.
Escavação reto-uterina: espaço entre o reto e o útero.

VAGINA:
INTRODUÇÃO:

É responsável pela passagem do feto, recebe o pênis durante o coito. também é via de passagem para o fluxo de sangue menstrual.
LOCALIZAÇÃO E RELAÇÕES ANATÔMICAS:
Se estende para cima e para trás do vestíbulo da vagina. localiza-se entre a bexiga e a uretra anteriormente e o reto e o canal anal posteriormente
Relações da vagina:

  • Posteriormente: com a escavação reto-uterina (saco/bolsa de douglas antigamente)
  • Inferiormente: com o óstio externo da uretra e com o corpo perineal.
    Aberturas/comunicações:
  • Óstio externo do útero: comunicação com o colo do útero;
  • Óstio da vagina: comunicação com meio externo.

VASCULARIZAÇÃO:
Suprimento arterial: Artéria vaginal: ramos da parte descendente da artéria uterina (divisão anterior da artéria ilíaca interna). Ramos vaginais se anastomosam e formam os vasos longitudinais medianos que acompanham a vagina nas suas partes anterior e posterior.
Drenagem venosa: Plexo venoso: plexo pampiniforme nas laterais da vagina que drena para as veias vaginais nas veias ilíacas internas.

ATLAS FOTOGRÁFICO

TÓRAX E SISTEMA CARDIORRESPIRATÓRIO

ABDOME E SISTEMA DIGESTÓRIO

PELVE, PERÍNEO E SISTEMA GENITURINÁRIO

REFERÊNCIAS:

DRAKE, Richard L.; VOGL, A. Wayne; MITCHELL, Adam W. M. Gray’s anatomia para estudantes. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2023.
MOORE, Keith L.; DALLEY II, Arthur F.; AGUR, Anne M. R. Anatomia orientada para a clínica. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2024.
PAULSEN, Friedrich; BÖCKERS, Tobias M.; WASCHKE, Jens; WINKLER, Stephan. Sobotta: atlas de anatomia humana. 25. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2023.
SCHÜNKE, Michael; SCHULTE, Erik; SCHUMACHER, Udo et al. PROMETHEUS: Atlas de anatomia. 6. ed. 3 v. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2024.
NETTER, Frank H. Atlas de anatomia humana (Netter’s Atlas of Human Anatomy). 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2022.

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Karina do Valle

Escritor

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